Webinar debate comunicação nos mercados regionais, relação com o trabalho e reputação após Covid-19
Encontro que reuniu diretoras de Capítulos Aberje de diferentes regiões ressaltou a atuação da Comunicação das empresas frente aos atuais desafios
Por Aurora Ayres
A capacidade de adaptação do ser humano frente a situações nunca antes vividas como a pandemia da Covid-19, foi uma das virtudes ressaltadas por lideranças de Comunicação convidadas para o webinar Diálogos Supera, promovido no dia 28 de maio pela Supera Comunicação, com apoio da Aberje.
A partir do tema “A comunicação nos mercados regionais: a relação com o trabalho e a reputação após a covid-19”,as diretoras dos Capítulos Regionais da Aberje dos estados do Rio de Janeiro, Bahia e Ceará comentaram algumas particularidades dos mercados regionais e contaram como as empresas em que atuam estão lidando com as transformações e desafios ocasionados pela crise.
Participaram do encontro Hamilton dos Santos, diretor geral da Aberje; Carolina de Paiva, gerente executiva de Comunicação Interna e Marca Empregadora da Tim Brasil e diretora do Capítulo Aberje Rio de Janeiro; Amine Darzé, gerente de Comunicação Externa da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba – empresa da Neoenergia) e diretora do Capítulo Aberje Bahia; Emanuela Franca gerente de Comunicação da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e diretora do Capítulo Aberje Ceará; e José Luis Ovando, sócio-diretor de Estratégia e Novos Negócios da Supera Comunicação.
Ao abrir os trabalhos, Hamilton dos Santos ressaltou que a capacidade de adaptação das empresas acaba compensando eventuais deficiências tecnológicas e financeiras deste período. “Este momento para a Aberje está servindo como um reforço dos nossos propósitos, já que nosso o princípio básico é o associativismo. A colaboração tem mostrado a sua eficiência não apenas sob o ponto de vista da prosperidade que pode trazer para os negócios, mas também mostrando a sua força para enfrentar uma situação difícil de saúde pública”, acentua.
“Será que ele está trabalhando?”
Essa e outras indagações quanto à produtividade e engajamento de seus funcionários permeiam a mente de líderes neste momento, visto que a maioria das empresas implementou, subitamente, o sistema home office como medida de proteção. Na visão das profissionais que participaram do encontro, isso é um mito e, muitas vezes, as pessoas acabam produzindo até mais do que no próprio ambiente corporativo.
Emanuela Franca, gerente de Comunicação da CSP e diretora do Capítulo Aberje Ceará, conta que a adaptação ao home office foi rápida, visto que a prática era pouco adotada pela empresa. “Tudo é muito transformador. Acredito que home office será a principal mudança regional, um formato impulsionado pela pandemia e que vai acabar ficando”, prevê. “O distanciamento acabou proporcionando mais aproximação entre as pessoas. Isso traz uma transformação positiva, até de relacionamento com a comunidade”, revela.
A executiva conta que a companhia já tinha canais estruturados voltados tanto para o público interno quanto para os públicos externos, além da atuação nas redes sociais com o público local e ações físicas nas comunidades. “A comunicação deve ser cada vez mais humana e estar alinhada aos valores estratégicos da empresa. Sem propósitos ela não se sustenta neste momento”, avalia.
Para Amine Darzé, gerente de Comunicação Externa da Coelba e diretora do Capítulo Aberje Bahia, a quebra de paradigmas será grande com muitas mudanças como reuniões que demandavam viagens e que, a partir de agora, podem ser realizadas através de videoconferências. “Percebemos que é possível organizar encontros virtuais com a mesma produtividade. Também percebo que há mais resiliência e compreensão sobre as dificuldades uns dos outros e uma percepção maior do esforço que cada um está fazendo para entregar o que precisa”, comenta.
Uma vivência interessante na visão da executiva baiana, é relacionada à campanhas externas. Ela conta que tiveram que reconfigurar toda uma campanha educativa praticamente pronta, passando a contar com o trabalho de micro e nano influenciadores que, dentro de suas casas, orientam o público-alvo, sobre eventuais acidentes que podem ocorrer com a rede elétrica. “Está tudo muito diferente e ao mesmo tempo desafiador; é gratificante quando vemos que conseguimos vencer os obstáculos que vão surgindo”, enfatiza.
As percepções das líderes do Nordeste em relação ao mercado são as mesmas de Carolina de Paiva, da Tim Brasil e diretora do Capítulo Aberje Rio de Janeiro. “Também tivemos que nos reinventar muito rapidamente e implementar o home office para 9.600 funcionários, incluindo call centers, pois fechamos 100% das lojas. Só agora algumas cidades estão reabrindo mas com modelos diferentes”, conta. “Nossa vantagem é que nossa comunicação já era 100% digital, então não tivemos que fazer essas transformações nos canais”, complementa.
Ela conta sobre a criação de um canal semanal que reúne um compilado de notícias gerais, não apenas sobre a pandemia. “Trabalhamos fortemente as questões relacionadas ao comportamento, de como suportar essa transição que estamos vivendo, como lidar com as relações pessoais, relações de consumo e de trabalho. Além disso, olhamos o pós-pandemia como, por exemplo, quais serão principais porta-vozes desse processo, o que devemos falar e o que não devemos”.
Quebra de paradigmas no ‘novo normal’
Novos hábitos e comportamentos diferentes foram se incorporando à rotina de milhares de pessoas durante a quarentena. Pesquisas indicam que muitos deles serão mantidos no pós-pandemia, nesse ‘novo normal’, expressão que passou a ser utilizada e que lança novos desafios às organizações. Essa nova postura vai contribuir para a valorização e fortalecimento das imagens das marcas?
Para Hamilton, ainda é cedo para estabelecer com precisão o que será esse ‘novo normal’. “Precisamos levar em consideração a natureza humana, que ainda estabelece os princípios morais que não são alterados de uma hora para outra por nossa vontade ou à razão. Sim, devemos ter muitas mudanças e adaptações, mas temos que ter consciência de que a luta continua”, comenta.
Durante o processo de pandemia, o comunicador esteve no centro das estratégias das empresas. “A fala das três lideranças exemplifica com bastante realismo o que temos observado na maioria das empresas. É o comunicador funcionando como mediador com as outras lideranças e se aproximando mais das outras áreas. Isso é uma tendência”, complementa o executivo.
Emanuele, da CSP do Ceará, revela que a prioridade da companhia é a de sempre estar alinhada à segurança. “Neste momento, nosso foco é seguir dentro dessa normalidade atual. Paralelo a isso, estamos estudando possibilidades de como será esse retorno. As práticas que foram implantadas, nos tornamos mais iguais pois estamos todos na mesma situação, independente do cargo, e as relações estão mais transparentes”, revela.
Um ponto comentado pelas líderes em termos de Comunicação foi a necessidade de se abrir mão da estética para poder levar a informação em tempo hábil às pessoas. “Hoje, vemos imagens independentes feitas por celular de pouca qualidade indo parar na TV; antes havia uma exigência em relação à produção, maquiagem, figurino e qualidade. Agora, a informação passa na frente disso tudo, o fato é mais importante do que a estética”, compara Amine.
“Também tivemos que abrir mão de algumas questões neste momento, como a imagem de um layout para trazer agilidade na informação. Ao mesmo tempo, temos que ter cuidado com essa comunicação para não gerar pânico ou algo parecido nas pessoas”, disse Carolina. “Não estamos vivendo um momento de home-office ou uma transformação no mercado de trabalho; mas um momento de isolamento social, um período complexo de pandemia em que precisamos lidar com uma série de questões ao mesmo tempo”, alerta Carolina.
O webinar está disponível na íntegra no YouTube:
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