29 de setembro de 2022

Último encontro do III Fórum de Comunicação Corporativa trouxe líderes de grandes empresas para debater “CEO Influenciador: riscos e vantagens”

Evento teve como tema geralA Comunicação na construção de pontes para impulsionar os negócios: como se preparar para o conflito, promover o diálogo e trabalhar o consenso

A terceira e última sessão do III Fórum de Comunicação Corporativa Aberje/Valor, realizado no dia 28 de setembro, contou com a participação de renomados executivos de diferentes segmentos do mercado para debater o tema CEO Influenciador: riscos e vantagens. As outras sessões do fórum foram realizadas nos dias 21, com o tema  Como lidar com os conflitos na era da desinformaçãoe 23, com o tema Pluralidade e escuta: o novo diálogo corporativo. As lives na íntegra estão disponíveis no canal do Youtube da Aberje e do Valor Econômico.

No último dia do fórum – que teve como tema geral “A Comunicação na construção de pontes para impulsionar os negócios: como se preparar para o conflito, promover o diálogo e trabalhar o consenso” – participaram: Chieko Aoki, fundadora e presidente da Blue Tree Hotels; Edvaldo Vieira, CEO da Amil; Teresa Vernaglia, CEO da BRK Ambiental, e Luiz Sérgio Vieira, CEO na EY Brasil.

Valores e princípios conservados

O ambiente empresarial nunca esteve isento de debates que estão presentes na sociedade e a comunicação tem importância cada vez maior para estimular o diálogo e ajudar a construir não só a imagem e a reputação das marcas, mas também os ambientes em que o pluralismo possa existir de forma harmoniosa e democrática. Como é possível comunicar os valores da empresa quando boa parte da equipe está em home office? Como garantir a absorção dos valores da companhia e dos seus princípios à distância?

Luiz Sérgio Vieira

Na visão de Luiz Sérgio Vieira, da EY Brasil, cada vez mais as empresas não podem gerenciar apenas o seu resultado, mas tem que prestar resultados e dialogar com todos os seus stakeholders, “que é a criação de valor a longo prazo. Daí a importância de termos as lideranças conectadas”, afirmou. “Quando a gente fala dessa transformação, um dos grandes desafios oriundos da pandemia foi o trabalho no modelo remoto. É preciso fortalecer a comunicação interna e o treinamento das pessoas em torno dos valores e do propósito da empresa. É fundamental manter essa proximidade e a tecnologia criou essa possibilidade”, completou.

Um diálogo construtivo entre a empresa e o colaborador é fundamental para manter a conexão e uma boa relação entre as partes. “A gente pode achar que tecnologia é um fim, mas a tecnologia é só um meio de aproximação, é um facilitador e não um obstáculo ou algo que nos distancia mais. Temos sempre que nos lembrar de colocar as pessoas no centro de tudo o que fazemos. É preciso humanizar as relações, as pessoas são o ativo mais importante que temos”, argumentou Vieira.

Cultura e valores organizacionais são fundamentais para uma organização, segundo Chieko Aoki, da Blue Tree Hotels. “Nós vivemos isso todos os dias e a base de tudo é vivermos em paz, que as pessoas entendam uns aos outros. Temos uma cultura muito forte chamada ‘Alma Blue Tree’, em que é bom fazer o bem”, comentou. “As empresas acabam sendo influenciadas por essas situações que estamos vivendo de conflito e divergências. Por isso trabalhamos isso em cada pessoa da organização. Nossa base é cuidarmos das pessoas e eu faço isso pessoalmente ao visitar os hotéis”, contou.

Chieko Aoki

“Temos que disseminar os valores quando não há crise, quando as coisas estão bem fortalecidas, pois é na crise que se mostra a necessidade de se utilizar aquilo que a gente disseminou o tempo todo”, complementou.

Na ocasião, Edvaldo Vieira, da Amil, frisou que nesse cenário, a comunicação corporativa tem um papel importante para adequar a mensagem ao público. “Temos eventos através dos nossos canais, mas também fazemos alguns eventos presenciais para garantir que tenhamos interação”, contou. “A gente trabalha muito no reforço do positivo, como eventos de premiação e de reconhecimento de pessoas que são exemplos e vivem nossos valores de uma forma tangível. A liderança tem papel fundamental na questão do walk the talk”.

Teresa Vernaglia, da BRK Ambiental, considera que o papel do executivo é cada vez mais demandado de uma proximidade das equipes, em um mundo que se torna cada vez mais complexo. “A BRK tem operações em mais de 100 municípios e seis mil funcionários diretos. Com a pandemia, eu não pude visitar as unidades, como fazia antes, e num momento de tanta incerteza como transmitir os valores da empresa e passar segurança aos funcionários? Isso só reforça a necessidade do executivo e da sua liderança de se fazer presente por meio da principal ferramenta que é a comunicação corporativa que promove o senso de pertencimento, de engajamento e de visão de futuro”, disse. “O nosso papel como profissionais que lideram uma companhia é inspirar, engajar e isso se reflete na forma como a gente se comunica”.

Lives e mais lives

Com o isolamento social, as lives foram o canal mais utilizado pelas companhias, inclusive com a participação dos CEOs e da alta liderança das empresas. Isso mudou a imagem do C-Level com a companhia como um todo?

Para Edvaldo Vieira, independentemente da função, tudo é um aprendizado. “As lives e a pandemia nos trouxe para um outro patamar, a gente ficou muito mais exposto, traz uma proximidade por ter um alcance maior e por outro lado uma responsabilidade muito maior do walk the talk, mas foi muito rico para evoluirmos nessa jornada de comunicação”, disse o executivo. “Com a pandemia, trouxemos outras formas de comunicação, como o café da manhã virtual e presencial; criamos um vídeo que circula quinzenalmente para a empresa inteira, que tem uma mensagem feita em até três minutos. É uma jornada que continua e a comunicação tem nos ajudado muito até a definir qual a mensagem para cada tipo de público e qual a forma de nos comunicarmos com cada um”, salientou.

Edvaldo Vieira

A percepção de Luiz Sérgio é que há uma expectativa, por parte dos stakeholders, para que o CEO da empresa esteja muito mais conectado com todas as partes interessadas. “Na verdade, essas lives e o próprio uso hoje de mídias sociais temos que utilizá-las para nos atualizarmos. Tudo isso gera um desafio muito maior porque você precisa ter líderes que estejam muito mais conectados e fazendo isso com autenticidade, com conteúdo linkado àquilo que se pratica para que seja uma comunicação legítima”, colocou. “A nossa função como líderes é multiplicar a liderança para impactar mais pessoas”, completou.

O CEO e a Agenda ESG

Questões relacionadas à Sustentabilidade, Diversidade & Inclusão ganharam uma importância maior com a pandemia. Para fazer com que essa agenda ESG e os seus valores fiquem claros, é preciso que o CEO seja mais presente nessas questões para que elas avancem?

Para Teresa, não há dúvidas de que o executivo principal de uma companhia tem a responsabilidade de dar o tom da cultura organizacional. “Uma empresa que leva o ESG, de fato, a sério e que tem a agenda da diversidade e inclusão no seu DNA, se o CEO não focar nisso, é difícil acreditar que a companhia esteja vivendo em todas as suas camadas um valor nessa frente. A empresa é um extrato da sociedade e o CEO tem o poder de fazer acontecer mais rápido dentro da organização”.

Teresa Vernaglia

“As empresas refletem a sociedade. Os vieses inconscientes e os preconceitos vêm para a empresa. Penso que o CEO tem um papel importante de ser o rosto da empresa nessa mensagem e de dar o tom de cima e de executar preparando o ambiente para que seja inclusivo”, complementou Edvaldo.

Ao concordar com os colegas, Luiz Sérgio comenta que o ESG não é modismo, nem algo transitório. “Na verdade é criação de valor de longo prazo; é criar valor para a companhia e para a sociedade. Criação de valor de longo prazo é a tarefa, é a agenda do CEO e isso deve estar na estratégia de negócios da empresa”, disse.

Assista ao terceiro encontro do fórum:

 

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