Sociedade brasileira desconhece ESG, diz estudo da LLYC
Empresa apresenta resultados de uma análise da conversação digital sobre ESG para entender como ela tem avançado na sociedade
Em evento presencial, realizado na sede da Aberje em São Paulo, no dia 19 de agosto, aconteceu a apresentação dos resultados do estudo “Dissonâncias do ESG com a sociedade civil”, realizado pela associada LLYC. Em seguida, houve um debate para buscar responder se o sentimento sobre ESG está em sinergia ou não com as demandas da sociedade civil e a necessidade de reorientação de sua narrativa e gestão.
Participaram da apresentação do estudo e do debate Anatricia Borges, diretora de ESG da LLYC Brasil; Sonia Consiglio, especialista em Sustentabilidade, Conselheira de Administração, SDG Pioneer pelo Pacto Global das Nações Unidas e professora da Escola Aberje de Comunicação; Fernanda Bolzan, gerente de Comunicação Corporativa da CBA; Viviane Mansi, diretora de comunicação na Toyota da América Latina e presidente da Fundação Toyota do Brasil; e Renata Nascimento, head de Comunicação da Scania Brasil.
“A gente sabe que quando a imprensa começa a cobrir um tema com profundidade e com constância, algo está acontecendo”. Foi com essas palavras que Sonia Consiglio abriu a sua apresentação Sustentabilidade: uma agenda estratégica inadiável durante o evento.
Em sua visão, o caminho que diferencia um profissional do outro hoje é a capacidade de ler cenários e entender o que está acontecendo ao redor. “A sigla ESG está nas mídias dia sim, dia também, mas não é um termo novo. O que temos que entender é que se trata do novo capitalismo, é um novo modelo de mundo”, frisa a executiva, ao compartilhar diversos recortes de matérias e capas de revistas que salientam e explicam a conexão com o assunto.
Um dos exemplos foi a frase dita pelo ambientalista e político norte-americano Al Gore, já em 2007: “Para evitar a catástrofe, precisamos agir todos em conjunto, independentemente de credo, etnia, ideologia ou nacionalidade”. Sonia destaca ainda outra frase de Al Gore dita no ano passado: “o mundo caminha para a revolução da sustentabilidade, uma mudança na magnitude da revolução industrial, mas na velocidade da revolução digital”.
Na ocasião, Anatricia Borges ressaltou que a pandemia colocou o mundo em um outro contexto. “As empresas passaram a ser exigidas pelo seu papel social, os governos são bastante pressionados e há uma aceleração da revolução digital na sociedade, então quando a gente fala de um estudo como esse, estamos falando de estudo de dados, e estudo de dados é muito complexo; há diversas metodologias”, diz.
O estudo da LLYC analisou, entre 2019 e 2021, 3,3 milhões de menções em redes sociais, blogs e sites, considerando também as menções digitais das 100 maiores empresas brasileiras listadas pela Revista Exame (2021). É o primeiro estudo a utilizar ferramentas de Big Data, IA e machine learning para abordar o assunto.
“Analisamos o ESG a partir de uma ótica do que a sociedade entende sobre ESG, quem está falando sobre isso e quais são as significações dadas. O primeiro dado relevante é que a sociedade brasileira desconhece o ESG; por outro lado, a sociedade já entende o que é responsabilidade social”, afirma Anatricia. “A sociedade começa a questionar sobre o assunto. As mídias são as que mais influenciam e conectam o ESG à sociedade civil e as autoridades falam com pouca legitimidade em ESG”, destaca.
Os portais e cadernos (como Retomada ESG, do Estadão; Práticas ESG Valor; Revista Plurale; Exame; Revista RI e o canal Reset), alguns com grande número de seguidores no Twitter e Linkedin, são os que mais influenciam na democratização e impulsionamento do ESG no Brasil, com conteúdos sobre as principais temáticas relacionadas às causas e propósitos da sociedade civil.
As poucas personalidades públicas do âmbito político que citam o ESG em suas redes sociais, o associam e ressignificam, sem ter conhecimento e nem legitimidade para debater o tema. Assim, geram hipertextualizações distorcidas e desconectadas dos principais pilares do ESG, dificultando ainda mais o diálogo e seu entendimento com a sociedade civil brasileira.
Desafios na comunicação do ESG
“O que o estudo traz é que essa narrativa ainda está muito focada entre as empresas em canais específicos. Precisamos trabalhar a capilaridade desse tema, materializando isso na vida das pessoas. Se a gente quer gerar consciência e diálogo, como aproximar práticas no cotidiano das pessoas?”, analisa Fernanda Bolzan. “De fato é um desafio muito grande porque as empresas querem falar e não dão espaço para a escuta e, ao mesmo tempo, ela busca essa comunicação com termos corporativos e não com uma linguagem que alcance a sociedade de uma forma geral. É a forma como a gente comunica. Nós comunicadores temos um papel fundamental na mudança desse cenário”, acentua.
O resultado da pesquisa foi uma surpresa para Viviane Mansi, como ela mesma diz. “A gente vem refletindo que, para ampliarmos o diálogo, precisamos estar com todos os nossos stakeholders. Temos uma lição de casa enorme para fazer. O tema é muito complexo”, coloca. “É um aprendizado feito dentro de casa e requer de nós novas habilidades, habilidades de uma gestão sistêmica. A gente aprende fazendo”, complementa.
Para Renata Nascimento, o principal desafio está muito ligado à autenticidade e à legitimidade. “Como comunicador, o que eu estou fazendo que é legítimo? Aquele indicador eu não alcancei, mas dei dois passos para alcançá-lo. A nossa primeira lição de casa é perceber que impacto foi alcançado com a evolução dada?”, exemplifica, acrescentando que a questão da educação é importante. “Devemos educar para que determinado material sobre ESG seja entendido por todos”.
“Vejo que a questão da linguagem é fundamental aí. Temos que adequar o conteúdo para quem estamos conversando. Se as pessoas não entendem a questão do ESG, então essa responsabilidade é nossa, enquanto comunicadores”, destaca Sonia Consiglio.
Acesse o estudo na íntegra aqui.
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