Reunião do Comitê de Inovação aborda “Segurança psicológica e inovação na comunicação”
Quinta sessão do ano reúne comunicadores de segmentos diferentes
Comunicadores estiveram reunidos, de forma online, em mais um encontro do Comitê Aberje de Inovação em Comunicação Corporativa no dia 5 de julho para discutir o tema “Segurança psicológica e inovação na comunicação”, desenvolvido através de um painel moderado por Luiz Eduardo Serafim, coordenador do Comitê e diretor de Marca e Comunicação da 3M do Brasil. O encontro contou com a participação de Ana Paula da Rocha, coordenadora de Marca e Reputação das Empresas Randon; Renata Petrocelli, superintendente de Comunicação da Eletrobras; e Marcio Cavalieri, CEO da RPMA Comunicação.
“A ideia de segurança psicológica fala muito da ideia de ser quem a gente quer e poder ser quem a gente é, inclusive nas organizações. Muitas vezes essa ideia de diversidade ou de segurança psicológica tem conexão com inovação, produtividade ou com resultados da empresa. As empresas fazem isso porque é o certo. Ninguém quer ter grandes resultados mas ter uma equipe adoentada”, iniciou Eduardo Serafim, acrescentando a importância de poder se expressar e ainda participar de um canal de comunicação com a mesma intensidade que um líder, por exemplo.
Na ocasião, cada participante contou em que nível de maturidade de segurança psicológica se encontra a empresa a qual representa e como a área de comunicação está contribuindo para essa transformação e criação de um ambiente psicologicamente seguro.
Renata Petrocelli trouxe duas abordagens relacionadas ao tema. A primeira é que comunicação inovadora é comunicação estratégica “A comunicação só é de fato inovadora se assume um papel estratégico dentro das organizações. E o que significa isso? É sair um pouco dos processos de comunicação e ampliar o olhar entendendo que a comunicação tem um papel de transformador das relações, que é o que mais precisamos hoje”, frisou.
A segunda abordagem trazida por Renata, refere-se ao papel social das empresas e a consciência sobre a importância do desenvolvimento sustentável. “A temática ESG dentro das estratégias das empresas, o aprofundamento de movimentos como capitalismo consciente e liderança evolutiva são evidências de que essa consciência já chegou”, analisou a executiva. “Por outro lado, mesmo nesse cenário, temos o recrudescimento de transtornos como depressão, ansiedade, estresse e uma relação muito clara com o mundo do trabalho”, complementou.
A Síndrome de Burnout, por exemplo, foi incluída oficialmente, no início deste ano, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na lista de doenças relacionadas ao trabalho. Pesquisa da Oracle, realizada em 2020, apontou que 84% dos brasileiros afirmaram acreditar que suas empresas precisam fazer mais por sua saúde mental. Os brasileiros ainda relatam importantes fatores estressores diários no local de trabalho; para 44% existe pressão para atender aos padrões de desempenho e 39% relataram cargas de trabalho imprevisíveis.
“Existe aqui uma contradição: temos metas que nos direcionam para a construção de um mundo melhor, mas muitas vezes ainda lutamos por essas metas que falham em despertar o que cada um de nós tem de melhor, ou seja, a consciência evolui mais rápido do que os nossos processos”, acentuou Renata, acrescentando que é preciso abandonar velhos hábitos para uma nova forma de fazer as coisas. “Isso me leva a primeira abordagem que eu trouxe, que é a comunicação estratégica dentro desse cenário, ela precisa trazer o humano para o centro e cuidar das relações entre as pessoas. Este é o papel mais importante que a comunicação pode ter no dia de hoje: trabalhar a consciência da comunicação para transformar as relações”, completou a executiva.
Na oportunidade, Ana Paula da Rocha trouxe um histórico que as Empresas Randon vem tendo no âmbito da inovação e que tem colocado a pauta da segurança psicológica mais em voga no dia a dia da empresa. “Tínhamos uma inovação muito voltada para produtos e soluções e começamos a discutir a inovação no comportamento das pessoas e nas lideranças e no desenvolvimento das equipes. Nos últimos anos, começamos a ter iniciativas voltadas à aproximação com startups, que nos ajudou a compreender outras formas de trabalho, por exemplo”, disse.
“À medida em que essa pauta foi percorrendo todo o desenvolvimento da liderança e das equipes, começou a se falar mais sobre segurança psicológica, de poder expor o que está errado para poder mudar logo”, ressaltou. “Também trabalhamos na comunicação a questão do ser integral, de poder ter cuidado com o seu autodesenvolvimento técnico mas também emocional”, completou Ana.
Em termos de Comunicação, Ana contou que foi preciso estruturar a área, inovando e iniciando um novo posicionamento de marca. “A inovação passou a fazer parte do dia a dia da empresa, do desenvolvimento com equipes e lideranças. Temos uma empresa voltada para inovação aberta, e nossa área de marca e reputação está junto da diretoria de planejamento estratégico”, disse.
Marcio Cavalieri acredita que as agências de comunicação são um parceiro de transformação. “Ora atuamos como RPs, ora atuamos como advogado, conselheiros, criativos, etc. Existem uma série de nuances que fazem da agência um ambiente desafiador”, colocou, acrescentando que é preciso analisar o quanto o trabalho de cada um gera mudança. “Isso é essencial, ainda mais com essa convivência de gerações nas empresas, que vai de baby boomers à millennials trabalhando juntos. Nossas empresas perdem quando não temos um ambiente seguro”, completou.
“O ambiente de cultura psicológica é um processo em desenvolvimento; acho difícil que isso esteja totalmente construído em algum lugar. Temos trabalhado muito forte a questão do coaching para as lideranças para quem tem alguma dificuldade com isso. Existe realmente uma consciência, mas a distância com a realidade é enorme. Nosso papel como comunicadores é ser o catalisador para que essas coisas comecem a acontecer”, disse Cavalieri.
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