22 de junho de 2023

Reunião do Comitê de Comunicação e Engajamento em ESG conversa sobre mensuração alinhada ao negócio

Integrantes discutiram quais são as premissas para estabelecer KPIs e metas de ESG alinhadas ao negócio e valorizadas pelos stakeholders

Estabelecer KPIs e metas de ESG alinhadas ao negócio e valorizados pelos stakeholders é um processo que requer uma abordagem estratégica e envolvimento de várias partes interessadas. Para trocar ideias sobre KPIs, indicadores e metas ESG & Materialidade e estratégias de implementação, os integrantes do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento em ESG, estiveram reunidos no dia 14 de junho de forma online. A reunião contou com a participação de Salete da Hora, diretora de Comunicação e Sustentabilidade na CTG Brasil, de Danilo Maeda, head na Beon Estratégia ESG e coordenador do comitê. Logo no início da reunião, um novo formato foi testado, os integrantes do comitê foram divididos em grupos para trocar ideias, gerar engajamento, conexão e networking entre eles.

A Agenda ESG surgiu como uma abordagem de investimento nas últimas décadas, com o objetivo de considerar critérios ambientais, sociais e de governança corporativa ao avaliar o desempenho e o valor de uma empresa – iniciativa que vem sendo criticada em diversos países. “A onda anti-ESG vem pautada pela ideia de que esta é uma agenda que estaria ‘distraindo’ as organizações do seu principal propósito, o de gerar valor para o acionista”, explicou Danilo Maeda.

Danilo Maeda

Em sua visão, o mercado entende que essa é a coisa certa a fazer e que as práticas de ESG entregam sim valor ao negócio. “A questão agora é como a minha ação específica está entregando valor ao negócio? Muitas vezes é difícil mostrar que determinado KPI que a gente consegue medir o impacto social – numa iniciativa de investimento social privado ou numa ação de engajamento comunitário, por exemplo – de cada uma dessas ações no balanço financeiro no final do trimestre? Qual a conexão entre essas ações?”, analisou o executivo. “Agora percebemos, de fato, a necessidade de melhorar os sistemas de avaliação e medição de desempenho e também de comunicação desse desempenho, para mostrarmos o valor das ações das estratégias das práticas socioambientais para os negócios”, argumentou.

Sustentabilidade e sua complexidade

Ao compartilhar sua experiência de como foi o processo de elaboração da plataforma ESG na CTG Brasil – empresa de geração de energia de origem chinesa – , Salete da Hora destacou que a companhia cresceu muito através de aquisições. “A cada aquisição que a companhia fazia acabava acelerando o nosso aprendizado sobre o tema. No início do projeto, definimos que construiríamos esse trabalho olhando o mercado e como as empresas de energia estavam trabalhando o tema de sustentabilidade”, disse. 

“A partir daí definimos nossos pilares de atuação e estabelecemos a nossa ambição. Em seguida, estabelecemos metas e indicadores para medir o avanço dessas metas e começamos a desenhar planos de ação. Para cada meta há um plano de ação”, explicou. “Também trabalhamos muito internamente a questão de capacitação e cultura, pois entendemos que sustentabilidade é um tema de cultura. Não conseguiremos transformar a empresa se não transformarmos as pessoas”, salientou a executiva.

Para contextualizar o exemplo prático que Salete trouxe para a reunião, Danilo Maeda destacou que a discussão sobre definição de KPIs e de estratégias de implementação dessa agenda é muito relevante, principalmente diante de um  movimento de questionamento da validade da Agenda ESG. “Nos Estados Unidos assim como em outros mercados há um questionamento sobre o uso de critérios ESG como um mecanismo de escolha de investimentos, de alocação de capital”, exemplificou. “Do mesmo jeito que o mercado financeiro foi um grande promotor dessa agenda, alguns setores do mercado financeiro começam a se colocar como detratores desse mesmo movimento”, avaliou.

Salete da Hora

Maeda fez questão de analisar porque essas críticas têm fundamentos. “De fato temos uma agenda que traz temas muito complexos, que são muito distintos entre si e como cada um desses temas entrega valor ao negócio direta ou indiretamente? E como mostrar conexão entre um determinado tema e o valor do negócio a longo prazo? Não são conexões simples de se fazer e muitas vezes é impossível demonstrar essa correlação”, ressaltou. 

Diferente do mundo das finanças – prossegue o executivo – que tem métricas, processos e metodologias bem específicas, padronizadas e aplicáveis a qualquer organização em que é possível definir ou avaliar a saúde financeira de uma empresa usando basicamente os mesmos critérios. “Para a agenda da sustentabilidade essa simplicidade não é possível, pois não temos indicadores únicos aplicáveis para todo mundo”, afirmou.

“Vemos que os riscos desses posicionamentos contrários à Agenda ESG vem ganhando força usando dessas inconsistências ou das nossas necessidades de amadurecimento como argumento para invalidar a agenda toda”, comentou. “Precisamos abraçar essa complexidade para decodificá-la e aí sim emergir com respostas consistentes”, finalizou Maeda.

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