Relacionamento com investidores foi tema da última reunião do ano do Comitê de Engajamento em ESG
O último encontro online do ano do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento em ESG foi realizado no dia 8 de outubro, com o tema “ESG e relacionamento com investidores”. O debate contou com a participação de Tatiana Maia Lins, fundadora da Makemake e Leandro Machado, sócio-cofundador da Cause, além da mediação do coordenador do grupo, Danilo Maeda. O próximo e último encontro será feito de forma presencial no dia 5 de dezembro, na sede da Aberje para reunir os integrantes dos três comitês temáticos em uma confraternização de final de ano.
Maeda abriu a reunião destacando que o próprio acrônimo ESG surge do entendimento financeiro de que a boa gestão dos temas ambientais, sociais e de governança é sinónimo de origem e causadora de melhores resultados financeiros do médio e longo prazo. “Impactos e externalidades do negócio são temas que vão voltar como risco e oportunidade para a própria organização. Só que isso vai acontecer num prazo mais longo e a grande questão é como é que a gente usa a comunicação e os processos de engajamento para trazer para o presente, essas questões que estão no longo prazo, que ainda estão distantes do balanço financeiro e não estão sendo capturadas como risco ou uma oportunidade direta para o negócio?”, argumentou.
Em sua visão, a agenda de sustentabilidade precisa ser tratada de maneira ampla. “Não basta a gente focar apenas nos riscos financeiros ou no que pode impactar o balanço deste ano ou deste trimestre da organização. Agora, como é que podemos usar a comunicação e os processos de engajamento para colocar o futuro na mesa da tomada de decisão? Uma mesa que precisa passar a considerar, ou eventualmente fazer refletir no orçamento deste ano, o que a gente precisa fazer para cuidar das externalidades que vão se transformar em riscos lá daqui a cinco, 10 anos ou num prazo ainda indefinido”, salientou. “O tempo disponível está cada vez menor, então é preciso alavancar esse processo de mudança de comportamento nas organizações e torná-lo mais rápido e entendo que a comunicação tem um papel chave para promover mudanças de comportamento”, arrematou.
A tecnologia e as estruturas de poder
Na oportunidade, Leandro Machado falou um pouco sobre gestão de dados e uso de uma comunicação também baseada em dados para esse processo de engajamento com investidores. “Uma questão que me chama atenção há muito tempo é a importância de entendermos e focalizarmos cada vez mais os stakeholders dialogando com seus interesses por meio de uma comunicação cada vez mais eficiente e eficaz”, salientou.
Em sua análise, as últimas décadas trouxeram uma série de transições, como o impacto da transição tecnológica, que leva a uma transição de estruturas de poder muito forte. “Falo sobre poder e tecnologia porque esse é o contexto que as organizações estão inseridas hoje. Elas precisam lidar com stakeholders individuais muito mais poderosos do que eram 30 anos atrás”, comentou.
Com a sociedade em rede, hiper informada e hiperconectada, houve uma transição de estrutura de poder. “As grandes corporações foram perdendo parte de seu poder ao longo do tempo e os stakeholders individuais foram ganhando. E é isso que leva a discussão de sustentabilidade e ESG para a frente, porque não dá mais para esconder nada”, completou o executivo, citando resultados de pesquisa global da IBM que apontam a gestão de dados e a confiança dos consumidores como os principais desafios das empresas, na visão dos dos CEOs.
Confiança e reputação movem o mercado
“A comunicação transparente melhora a confiança”, iniciou Tatiana Maia Lins, ao comparar resultados da pesquisa realizada pela MakeMake há três anos e agora, em 2023. “Numa escala de 0 a 100, tivemos uma média de 43 pontos quanto à confiança nas narrativas corporativas no Brasil em 2020. Este ano, a média está em 65. Isso é um indicativo de que a comunicação está mais pautada em dados, mas ainda tem espaço para melhorar”, disse.
“O investidor está em todo canto. As empresas já estão usando até o TikTok para se comunicar com eles, então temos que pensar numa comunicação multicanal com investidores que é multicanal. E como que a gente faz essa transformação na comunicação? Porque a comunicação com investidores era até bem pouco tempo, muito formal, muito quadrada, com muitas regras. Então como engajar os stakeholders na agenda ESG, se o cenário de confiança ainda não está bom?”, provocou.
A pesquisa levantou qual pilar da agenda ESG é melhor comunicado pelas empresas. “Os profissionais de comunicação e de RI trouxeram o pilar ambiental como o mais bem comunicado (46%), depois o social e em terceiro, a governança. Para os analistas de investimento especializados em ESG, o ambiental segue como o mais bem comunicado (38%), mas não é na mesma proporção que a gente acha. E para os jornalistas e academia, também há uma pequena diferença, com o ambiental em 44%. Observamos que há diferentes pesos para diferentes públicos. Precisa adequar a nossa comunicação entendendo que os públicos têm demandas diferentes em relação a essa comunicação”, comentou.
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