23 de agosto de 2024

Quarta reunião do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento ESG explora desafios e oportunidades da Comunicação Interna

Alcançar públicos internos distintos requer estratégias diversificadas e envolvimento da liderança

Na quarta reunião do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento ESG, profissionais da área se reuniram para discutir práticas e desafios enfrentados por organizações de diferentes setores em suas estratégias de sustentabilidade e comunicação. A reunião contou com a mediação de Bruna Ribeiro, coordenadora de Sustentabilidade, Transparência e Cultura da Suzano, e com a participação de Lígia Sato, gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Latam; e Fernanda Guedes, gerente de Gente, Comunicação e Sustentabilidade da Ultracargo.

Durante o encontro, os participantes enfatizaram que comunicar o impacto pessoal das iniciativas ESG para os funcionários é ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade, considerando um público interno com diferentes níveis de maturidade e entendimento. Os funcionários reconhecem a importância da agenda ESG, mas também se preocupam com questões salariais e benefícios, sendo essencial correlacionar essas duas agendas.

Logo no início do evento, a mediadora apresentou dados de diversas pesquisas sobre ESG, como a “State of Global Place” (2021), que apontou que 87% dos colaboradores em empresas que comunicam suas iniciativas de forma eficaz sentem-se mais dispostos a colaborar e contribuir com ideias inovadoras. Já o levantamento “Global Investor Survey” indicou que 65% dos funcionários preferem trabalhar em empresas comprometidas com questões socioambientais, enquanto 54% dos profissionais ouvidos afirmam que a visão da empresa em relação à sustentabilidade influencia sua decisão de permanecer na organização. Por fim, um estudo da PwC com 5400 funcionários de empresas de 19 indústrias e 95 países indicou que 38% dos participantes valorizam mais o salário, mas também dão grande importância às políticas ambientais da empresa, enquanto 19% dos entrevistados valorizam as políticas ESG de forma semelhante ou superior ao salário.

Fernanda Guedes, da Ultracargo, iniciou a discussão apresentando o reposicionamento da empresa, que passou de uma operadora de logística portuária para uma fornecedora de soluções logísticas integradas. Ela destacou a importância do engajamento dos colaboradores na transformação do negócio sob a ótica ESG, ressaltando que um dos principais desafios é engajar todos os colaboradores, espalhados por oito localidades com culturas distintas, sendo que 55% dos funcionários da empresa atuam diretamente na operação. A executiva explicou que a liderança tem desempenhado um papel crucial na promoção dessa transformação, utilizando um estudo de materialidade que prioriza os temas mais impactados pelas operações da empresa, que são próximas a comunidades locais. Desde 2020, o trabalho tem sido contínuo, com ações de voluntariado e grupos de afinidade, sempre com a premissa de envolver os colaboradores em todas as etapas do processo.

Lígia Sato, da Latam, trouxe a perspectiva de uma empresa que atua em cinco mercados domésticos na América Latina, com uma estratégia de sustentabilidade estabelecida em 2021, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e focando em mudanças climáticas, economia circular e valor compartilhado. A Latam tem hoje um programa de embaixadores da sustentabilidade, que inclui encontros de formação online e presenciais e incentiva qualquer funcionário a se voluntariar e atuar como embaixador. A comunicação interna desempenha um papel central nesse processo, com um aplicativo que apresenta uma coluna semanal dedicada ao tema, além de depoimentos de funcionários que não pertencem à área de sustentabilidade.

Um dos participantes do encontro, que atualmente atua em uma organização do setor de mineração, comentou os desafios relacionados à governança, especialmente em temas como assédio moral e sexual. Guedes respondeu que a governança é uma área desafiadora, e que a empresa trabalha para mensurar a cultura de integridade, traduzindo os princípios de governança para temáticas compreensíveis para a operação.

Uma executiva de uma agência de Comunicação abordou os desafios climáticos enfrentados pela aviação, questionando como a comunicação pode apoiar essa agenda. Sato, da Latam, explicou que a empresa investe em eficiência operacional e aeronaves mais modernas, além de realizar compensações. Ao mesmo tempo, ela alertou para o perigo do greenwashing. Segundo ela, a solução para esses desafios passa por relações governamentais e advocacy, mas dependem de um marco regulatório que ainda não está consolidado.

Bruna Ribeiro, da Suzano, acrescentou à discussão a importância da aprendizagem transformacional, utilizando metodologias ativas para engajar colaboradores e promover a mudança. Ela ressaltou que os cases apresentados demonstram a aplicação dessas metodologias em diferentes contextos.

Encerrando o encontro, Guedes enfatizou a necessidade de se comunicar de forma criteriosa e consistente. Para ela, a narrativa interna deve ser clara e compreendida por todos os colaboradores, considerando que o grupo é heterogêneo e as temáticas precisam ser adaptadas a diferentes realidades. Sato reforçou a importância de todas as áreas da empresa trabalharem para garantir a reputação da organização, seguindo regras, processos e compliance, especialmente no relacionamento com ONGs e na conscientização dos embaixadores sobre a importância do due diligence.

A reunião destacou a complexidade e a importância de uma comunicação eficaz e engajada no contexto ESG, evidenciando que, para alcançar resultados significativos, é fundamental envolver todos os colaboradores e integrar a sustentabilidade à cultura organizacional.

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