16 de março de 2016

Paulo Marinho: “Viramos gestores de riscos reputacionais”

Caio Túlio Costa, Paulo Marinho, Rubens Naves e Marcelo D'Angelo. Crédito: Breno Fortes/CB - @breno_fortes

O tema “Comunicação e os desafios do presente” marcou a segunda mesa do seminário “Dialogar para Liderar”, na tarde desta quarta-feira, 24, no auditório do jornal Correio Braziliense, em Brasília. O pano de fundo da discussão, segundo o mediador, Caio Tulio Costa, é o contexto disruptivo do mundo atual, causado pela aparição de tecnologias capazes de alterar radicalmente o presente e impor o futuro agora. “O presente chegou, só não está uniformemente distribuído”, disse Costa. “Há um rompimento com o passado recente e, assim, a Uber se torna a disrupção do táxi; o whatsapp do celular.”

Costa sugeriu que as apresentações refletissem sobre o papel do comunicador em um ambiente de tamanha turbulência. O painel teve como conferencista Paulo Marinho, Presidente do Conselho Deliberativo da Aberje e Superintendente de Comunicação Corporativa do banco Itaú-Unibanco. Os debatedores foram o advogado Rubens Naves e o jornalista Marcelo D’Angello, Diretor de Comunicação da construtora Camargo Corrêa.

Marinho preconizou a importância da atitude ética e sincera em um mundo complexo, numa época que ele definiu como “era do arroto global”, em que todos precisam se manifestar, em especial no mundo das empresas. “Vivemos uma tal catarse de informações que corremos o risco de interromper o diálogo”, afirmou Marinho. “Precisamos, então, definir quem somos. O comunicador deve se perguntar qual é a sua narrativa.” Ele argumenta que o comunicador deve se colocar como coadjuvante de um processo multivariado de comunicação em que não há mais como se esconder. “Nós, comunicadores, viramos gestores de riscos reputacionais”, disse. “Nesse sentido, temos de alinhar discurso e prática. O jogo entre imagem e reputação tem que ser legítimo. Para liderar, temos que ser transparentes, temos de dar exemplo.”

Rubens Naves contou sua experiência junto à Prefeitura de São Paulo, quando chegou a um consenso com o poder público para aumentar o número de vagas em creches em São Paulo. “Buscamos criar um diálogo interinstitucional, estabelecendo compromissos concretos”, disse. “Buscar integrar os três poderes em decisões comuns é um caminho possível.”

Marcelo D’Angello narrou o processo de negociação entre a Camargo Corrêa e o Poder Judiciário, quando a construtora começou a ser investigada por envolvimento com corrupção. “Depois que dois executivos da empresa foram presos, fizemos vários acordos, num caminho que culminou com o acordo de delação premiada no ano passado”, disse. “Com isso, conseguimos resgatar a reputação da empresa. Passamos a evitar concorrer em licitações públicas para grandes obras e hoje aplicamos políticas de compliance. Os comunicadores, hoje, precisam lidar com compliance de marcas e áreas de reputação. Sim, somos gestores de risco.” De acordo com ele, as redes sociais trouxeram toda a verdade à luz. “Não existe mágica em Comunicação”, afirmou. “A comunicação só pode ser feita com o diálogo, o respeito e a verdade. Até porque, leva-se 50, 90 anos para se construir uma reputação, que hoje pode ser derrubada em um segundo pelas redes sociais. A saída é a responsabilidade. Foi o caminho que escolhemos.”

 

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