01 de julho de 2024

Painel voltado às mudanças climáticas no Brasil com Secretária Nacional marca encerramento do Aberje Trends

Oferecido em parceria com a Fundação FHC, evento contou com Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima, como keynote speaker
Crédito: Tati Nolla

“Em meio a diversos cenários complexos, com um excesso de tendências, a Aberje representa um espaço seguro para o setor da Comunicação e oferece um fórum qualificado para debates sobre temas relevantes como as mudanças climáticas”, afirmou Malu Weber, vice-presidente de Comunicação da Bayer, encarregada da mediação do painel “O que você precisa saber sobre mudanças climáticas no Brasil”, oferecido em parceria com a Fundação FHC. Com a participação da keynote speaker, Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima; Sergio Fausto, diretor geral da Fundação FHC; e Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, o evento marcou o encerramento do Aberje Trends, realizado em São Paulo na última terça-feira (25).

Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima (crédito: Tati Nolla)

“O tema das mudanças climáticas está em alta hoje. A reputação do governo brasileiro em relação ao clima estava muito abalada e a Secretaria Nacional de Mudança do Clima tinha muita demanda para debater e escutar”, começou Toni. Ela falou sobre os desafios para o país para atingir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, além de definir novos objetivos para 2035. De acordo com a secretária, a matriz energética brasileira, baseada principalmente em energias renováveis, e a agricultura nacional podem ser vantagens competitivas para o país, embora dependam de um padrão hídrico estável – o que representa uma fraqueza. “As cidades e a economia brasileiras são vulneráveis às mudanças climáticas. Nós temos que fazer a transição rapidamente e a inação vai ser muito mais cara do que a ação”, declarou Toni. Embora nem sempre seja possível ter todas as respostas, não é possível ficar em cima do muro, lembrou. “As políticas públicas precisam de comunicação e escuta. Se você não é parte da solução, é parte do problema”, concluiu.

Sergio Fausto, diretor geral da Fundação FHC (crédito: Tati Nolla)

Sergio Fausto comentou que o desafio da Comunicação é convencer o eleitorado de determinadas questões, mas que a mudança climática ainda não está no topo de prioridades da população do Brasil. “Como avançar para colocar esse tema no topo da agenda?”, perguntou aos debatedores.

“O clima ainda não se tornou um tema político e nós estamos colocando as futuras gerações em risco. As mudanças climáticas são como um avião que tem 98% de chance de cair. Quem aqui entraria ou colocaria seus filhos nesse avião? Provavelmente ninguém! Mas é exatamente o que estamos fazendo, estamos colocando essas gerações futuras dentro desse avião que tem 98% de chance de sofrer com os grandes eventos climáticos”, declarou Ana Toni, lembrando que as recentes tragédias no Brasil dão a dimensão do problema. “É preciso colocar o tema na agenda, mas sem pânico”, concluiu.

Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP (crédito: Tati Nolla)

O professor Paulo Nassar começou sua fala com uma citação do poeta Dylan Thomas. “Um pequeno gesto nosso muda o mundo”, declamou. “Nós podemos influenciar a discussão desses temas com pequenos gestos e isso não é uma questão nova para a Aberje: nosso tema para 2024 é ‘Comunicação para a transição’, refletindo a necessidade de mudanças urgentes nessa era de transição – energética, econômica, cultural e social”, afirmou. Nassar então perguntou a Ana Toni se ela se sentia simultaneamente em vários governos – no plural – considerando a frente ampla construída pelo presidente Lula para disputar a eleição presidencial de 2022, que reuniu agentes políticos com atuações e posicionamentos diversos.

“Nós somos um governo de coalizão e o debate é sempre bem-vindo. Isso é uma questão normal e a tensão é positiva, eu percebo e valorizo isso. Se eu não conseguir convencer um colega, eu não vou conseguir convencer o parlamento nem a sociedade”, explicou Toni.

“As empresas ainda têm influência sobre o Congresso?”, questionou Fausto.

“Os lobbies no Congresso ainda estão estruturados para a economia antiga, os temas são debatidos com uma visão estreita, muito localizada, com parlamentares questionando como determinado assunto afeta sua cidade ou sua região. Precisamos comunicar a mudança climática de uma maneira alinhada ao dia a dia das pessoas”, afirmou a secretária. “O mercado de carbono é um grande exemplo, estamos há 15 anos debatendo esse tema e não conseguimos aprovar uma lei até hoje”, continuou. “O tema tem que virar política, porque econômico ele já é! A força das empresas seria fundamental para destravar essa discussão, as companhias que abraçaram a agenda do clima precisam estar presentes no Congresso”, concluiu Toni.

A 8ª edição do Aberje Trends contou com o patrocínio de BASF, Bayer, ENGIE Brasil, Gerdau, Itaú Unibanco, LATAM Airlines, Arcos Dorados, Novo Nordisk e Stellantis; o apoio da CPFL Energia, Prospectiva Public Affairs LAT.AM, P3K Comunicação e Tetra Pak; e media partner de InfoMoney e propmark.

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