O uso da Inteligência Artificial na Comunicação Corporativa é tema de reunião do Comitê Aberje de Inovação
A inteligência artificial (IA) tem se mostrado cada vez mais presente na comunicação corporativa, sendo utilizada para melhorar a eficiência, a produtividade e os resultados das empresas. Porém, essas novas tecnologias não substituem completamente a interação humana e devem ser vistas como ferramentas complementares.
Isso ficou claro durante a reunião do Comitê Aberje de Inovação em Comunicação Corporativa, realizada no dia 9 de maio, que trouxe o tema “Uso de ferramentas de IA na otimização de entregas da comunicação corporativa, por exemplo, ChatGPT, e o impacto para a função”. O encontro foi mediado pelo coordenador do comitê Lucas Reis e contou com a participação de Felipe Curcio, Head de Comunicação North America da Intel, e de Daniel Guinezi, CEO da Uncover.
Ao iniciar, Lucas Reis enfatizou o fato de que o tema, em evidência nos últimos meses, é uma tendência apontada há anos, desde a década de 1950, quando o matemático e cientista da computação Alan Turing já falava sobre ‘inteligência computacional’. “De uma hora para outra, isso ganhou muita visibilidade e pela primeira vez na história, o setor de comunicação se viu como uma das profissões supostamente ameaçadas pela tecnologia. Tenho defendido que não vejo como ameaça e sim como uma incrível oportunidade de potencializar nosso trabalho”, disse.
Ascensão e ética
Durante o encontro, os convidados destacaram que a ascensão da inteligência artificial é um processo em constante evolução que vem ocorrendo ao longo dos últimos anos, mas que ainda apresenta desafios e limitações. Um dos fatores que contribuíram para essa rápida ascensão nos últimos meses foi o avanço da tecnologia e dos algoritmos, tornando a IA mais acessível e de fácil implementação nas organizações.
Ao falar sobre o assunto, Felipe Curcio comentou que além de polêmico o assunto traz à tona algumas questões éticas. Mas como os profissionais de comunicação podem influenciar nas discussões éticas na programação da IA? “É algo que a gente precisa aprender a lidar para tirar o melhor proveito dela. A tecnologia está pela tecnologia. Cabe a nós, humanos, garantir que as decisões sejam éticas e apropriadas para a realidade em que vivemos”, argumentou.
Aquela visão futurística, estigmatizada por filmes de uma utopia associada à IA, se anula quando se constata a sua existência no dia a dia. Disruptiva e transformadora, a IA já está mudando a maneira como o ser humano interage uns com os outros e com o mundo ao seu redor. “É interessante a gente reconhecer que já convivemos com a IA há muito tempo, que ela está em todas as partes, seja num algoritmo de um site de buscas, seja numa rede social que usamos etc”, comentou Curcio. “O ChatGPT, por exemplo, não é nada novo. Ele é novo na forma como está entregando. Mas o conceito, de chatbot, é algo que já existe há muito tempo”, completou.
E o potencial máximo da IA ainda está longe de ser alcançado. Segundo McKinsey, até 2030, a tecnologia vai evoluir o suficiente para automatizar 50% dos trabalhos existentes. “Assim como as outras tecnologias, a IA gera um processo de transformação na sociedade em que temos que nos adaptar. Precisamos abraçar essas novas tecnologias, como o ChatGPT, de forma consciente e ética; ter uma política clara de comunicação é algo fundamental para que as pessoas saibam o que pode e o que não pode fazer com elas”, complementou.
A importância dos dados
Os dados são fundamentais para o desenvolvimento e funcionamento da inteligência artificial. Na verdade, é a análise de grandes volumes de dados que permite que as máquinas aprendam e sejam capazes de tomar decisões mais precisas e automatizadas.
Para falar sobre a aplicação da IA na área da Comunicação, Daniel Guinezi esclareceu que, nos últimos dez anos, a quantidade de dados disponíveis aumentou exponencialmente e a capacidade de processamento desses dados e de fazer cálculos estatísticos aumentou de forma radical. “Se a gente parar para pensar na essência, a inteligência artificial nada mais é do que a nossa capacidade de fazer contas estatísticas que existem há 200 anos numa escala dos bilhões, ou seja, cálculos de probabilidades feitos em larga escala”, analisou.
Guinezi explicou que o ChatGPT depende do feedback do humano para se aprimorar e melhorar, mas ao mesmo tempo tem uma capacidade de atualização e aprendizado muito maior. “Ele emula a capacidade de raciocínio, uma capacidade de compreensão de ideias. Mas é incapaz de fazer um planejamento, de interpretar algo ou de aprender a partir de experiências, a tecnologia não consegue aprender novas habilidades, apenas aprimora a linguagem”, ponderou.
Quanto às aplicações na área da Comunicação, essa tecnologia ajuda, por exemplo, no processo de criação em escala. “As empresas que vão vencer na era dos modelos de linguagem natural são as que conseguirem treinar os seus próprios modelos de GPTs em suas bases de dados proprietárias”, explicou. “Olhando para a área de Comunicação, podemos treinar o GPT com nossas bases internas e transformá-lo em um especialista na nossa área de atuação. Na minha opinião, as oportunidades proprietárias são as maiores, acoplando modelos de linguagem a modelos quantitativos”, aconselhou.
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