30 de abril de 2021

O futuro do trabalho em comunicação encerra o Aberje Trends 2021

O último dia de edição digital do Aberje Trends 2021 levou em discussão  “O Futuro do Trabalho”

Especialistas fecham a 5ª edição do Aberje Trends com ênfase na importância de se desvendar talentos e desenvolvê-los em sua individualidade

O último dia de edição digital do Aberje Trends 2021 levou em discussão  “O Futuro do Trabalho”, mediado por Cristiana Xavier de Brito, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Basf para América do Sul e contou com a participação de Sérgio Piza, diretor de Gente, Comunicação e TI da Klabin; Diana Dias Rodrigues, diretora de Marketing da TOTVS; David Grinberg, vice-presidente de Comunicação Corporativa do McDonald’s (Arcos Dorados) para a América Latina e Luiz Gustavo Mariano, sócio e membro do Comitê Executivo da Flow Executive Finders.

Ao iniciar sua participação, Diana Dias Rodrigues, da TOTVS, foi enfática ao sinalizar que a tecnologia faz parte da realidade da sociedade. Em sua percepção, nos últimos cinco anos, houve um trabalho de conscientização sobre o uso da tecnologia e como as empresas devem entender a tecnologia como sinônimo de produtividade. “Muito se falou de transformação digital e pouca coisa foi feita. A adoção de tecnologia como ‘pessoa física’ é mais fácil; como ‘pessoa jurídica’ ela ainda engatinha. E aí, de repente com a pandemia, todos foram para o home office tendo a tecnologia como centro para tudo acontecer”, argumenta.

A capacidade de adaptação das empresas e dos profissionais e de aprender e reaprender se tornou fundamental. “É hora de deixarmos para trás o fantasma da improdutividade, muito associado a esse regime de trabalho. Além disso, o home office trouxe um ganho importante: a quebra da barreira territorial, não importa de onde o profissional trabalha, o que importa é o talento. O tom desse futuro do ambiente de trabalho é para a empresa dar liberdade para o profissional e para o talento de como ele quer se relacionar”, analisa.

“As empresas tendem a se adaptar às necessidades dos funcionários, fazendo cada vez mais uso dessa tecnologia que é peça central. Ela vai trazer mais produtividade, escalabilidade e deixar de lado alguns preconceitos relacionados à falta de produtividade por nem todos estarem num mesmo ambiente sob o olhar do dono”, complementa. 

Liderança do futuro

Quem não pára no tempo são os jovens que veem no McDonald’s a ponte para o mercado de trabalho. Na ocasião, David Grinberg contou um pouco como a companhia enxerga a liderança do futuro visto que o McDonald’s é um dos principais geradores do primeiro emprego formal no Brasil e na América Latina, por trabalhar muito próximo dos jovens. 

Cerca de 5% da força de trabalho da empresa tem entre 16 e 24 anos de idade e a sua grande maioria na primeira atividade profissional, são jovens espalhados em mais de mil restaurantes em todo o Brasil. “Nosso papel vai além de oferecer uma oportunidade de trabalho a um jovem; para nós o trabalho vai além das atividades rotineiras. Nós entendemos que temos a responsabilidade de capacitá-los e de desenvolvê-los para a sua vida profissional e, muitas vezes, para a sua vida pessoal. Nós precisamos entender que hoje os jovens têm outras ambições e outro modo de enxergar a sua carreira”, comenta. 

“Somos cientes de que, por ser um gerador do primeiro emprego, essa pessoa não vai ficar conosco por muito tempo, é uma porta de entrada. Cientes disso, implementamos uma série de programas para dar esse empurrãozinho de que eles tanto precisam como programas de empreendedorismo, temas voltados à tecnologia e cursos de gestão financeira para que possam se educar em relação aos seus ganhos. Temos um papel importante na formação do jovem no desenvolvimento social de uma grande camada da população”, acentua Grinberg.

O marketing não vai mudar

Luiz Gustavo Mariano, headhunter na Flow, empresa que atua com seleção de executivos para cadeiras relevantes dos negócios. Em momentos em que há um fator externo que puxa uma transformação da companhia por necessidade ou por oportunidade, quando é preciso trazer pessoas com competências que já estejam mais conectadas àquela estratégia nova da empresa. “O objetivo do marketing sempre foi fazer o negócio crescer, isso não mudou e não deve mudar e a transformação da atuação do profissional de marketing foi vertiginosamente acelerada pela pandemia”.

De acordo com pesquisa recente feita pela empresa, sobre os acontecimentos nas cadeiras e negócios dos principais executivos, Mariano afirma que a maior agenda deles está conectada à reestruturação da estratégia go to marketing. O comportamento do consumidor mudou. 55% dos entrevistados disseram que a principal agenda deles no negócio é a reestruturação dos canais e o modelo de atendimento ao cliente, em segundo lugar ficou a revisão de portfólio de produtos. 

“Como hoje o acesso à tecnologia e à dados você também repercute isso no perfil do marketing atual: 65% disseram que a visão mais crítica que sabe utilizar dados e fazer análises de investimento ou relacionar os fatores para poder utilizar os recursos é a mais demandada hoje e que deve se perpetuar versus o criativo, que estava mais associado à construção de campanhas publicitárias”, revela.

Gestor do Futuro

Ao iniciar sua fala sobre O Olhar de Recursos Humanos sobre os Gestores do Futuro, Sérgio Piza, da Klabin, provoca a audiência do Aberje Trends com uma questão: quando é esse futuro? Em sua visão, a melhor forma de respeitar o futuro é perguntar para o presente como o presente pode ajudar o futuro. “Se retornarmos a pouco mais de um ano, como a gente vivia? Havia uma evolução incremental acontecendo, aí veio um fator externo que acelerou o futuro, foi uma movimentação muito rápida e importante, com muita angústia, insegurança, questões de saúde mental, mas também com muitas oportunidades”. 

“As pessoas devem estar no epicentro. É através das pessoas que uma instituição, uma corporação ou uma organização causa impacto na sociedade e constrói o futuro. Se tivermos pessoas no epicentro, geramos uma movimentação organizacional importante. Pensar num ambiente mais saudável e produtivo é saber viver na ambiguidade do mundo, é viver entre as realidades. A comunicação interna nesse contexto ambíguo, multigeracional, com tantos desafios de diversidade, de tecnologia a comunicação é o elo que dá sentido a tudo o que é feito em uma empresa”, conclui Piza.

Algoritmo da Vitória

Um pouco mais cedo do painel, José Salibi Neto, co-fundador da HSM – uma das mais completas plataformas de educação corporativa do país -, fez uma palestra baseada em seu livro Algoritmo da Vitória. Para mediar a conferência, foi convidada Viviane Mansi, diretora de Comunicação e Sustentabilidade da Toyota para América Latina e Caribe e presidente da Fundação Toyota do Brasil.

Tenista de destaque no fim dos anos 1970 e começo dos 1980, José Salibi Neto sentiu o gosto da vitória por várias vezes ao participar de diversos torneios e competições mundo afora. Hoje, Salibi vê a vitória nas quadras como como um algoritmo que o fez vencer também na vida.

Em seu mais recente livro “Algoritmo da Vitória”, o ex-tenista, juntamente com Adriana Salles Gomes, traz uma abrangente pesquisa feita com diversos atletas, de Michael Phelps a Usain Bolt, passando por times como o LA Lakers de Kobe Bryant, o FC Barcelona de Lionel Messi e o New England Patriots de Tom Brady. A partir dos ensinamentos de grandes técnicos, Salibi entendeu o papel que eles atuam no desenvolvimento das aptidões dos atletas – o que pode ser aplicado nas organizações pelo líder em relação ao seu time. O tênis foi a porta de entrada de Salibi no universo dos negócios, e ele mesmo conta isso durante o encontro.

“Tudo o que eu tenho eu devo ao tênis, a esse esporte maravilhoso. Sempre fui apaixonado por tênis, mas eu não podia ter um professor e tive que aprender a jogar sozinho. Aos 10 anos, eu assistia aulas dos outros e prestava atenção nos professores. Quando puder ter um treinador ele virou um Deus para mim, pois não imaginava ter um professor na minha vida e tudo mudou quando ganhei uma bolsa para treinar nos EUA”, relata. Foi ali que tudo começou.

Atualizando o algoritmo

Ao mediar o painel, Viviane Mansi observa: “há uma passagem inspiradora, que fala que o olheiro (scout) identifica e vê quem tem potencial futuro; cabe a nós, líderes olhar para as pessoas e enxergar grandes resultados”, ressalta a executiva.

Salibi completa: “O técnico é o mágico que transforma ‘o sapo em príncipe’, é o formador de talentos, mas é um processo lento pois nem todos os atletas são ‘desenvolvíveis’; na verdade, só com o talento não é possível vencer. É preciso ter condições de transpor obstáculos, respeitar o técnico como o seu líder, tem o aspecto mental e emocional”. 

Quanto à comunicação, Salibi ressalta que o tema apareceu no livro por acaso. “Percebi o quanto a comunicação é importante nas entrevistas que eu fiz com os treinadores. A comunicação aparece para cada um de uma maneira; e no esporte também é assim, como gatilhos mentais de comunicação. Muitos líderes não entendem e falam a mesma coisa, da mesma forma para todo mundo”, analisa. “Não existe um algoritmo único, cada treinador tem o seu jeito de fazer as coisas, a sua maneira de entender as etapas. Nunca pare de se desenvolver e de aprender, atualizando o algoritmo o tempo todo para não parar no tempo”.

 

 

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