04 de novembro de 2024

Novas normas e necessidade de transparência marcam quinta reunião do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento ESG

Especialistas debateram os desafios de reportar e a importância da comunicar as práticas ESG conforme novos padrões internacionais

No quinto encontro do Comitê Aberje de Comunicação e Engajamento ESG, realizado de forma online sob coordenação de Maria Tereza Gomes, da Jabuticaba Conteúdo, os membros debateram os desafios e inovações nos relatórios de sustentabilidade, destacando as novas regulamentações e a importância da transparência. Nathalie Vidual, superintendente de Orientação aos Investidores e Finanças Sustentáveis da CVM, participou como convidada especial, compartilhando detalhes da Resolução 193 da entidade, que estabeleceu novos padrões de relatórios para o mercado de capitais.

Gomes iniciou a reunião explorando o contexto histórico da elaboração de relatórios de sustentabilidade e a nova fase de padronização segundo critérios internacionais. Ela explicou como o Brasil passa agora por uma mudança significativa no modo como as empresas devem divulgar seus dados de sustentabilidade e clima – algo essencial para a transparência e comparabilidade entre empresas.

A seguir, Vidual, da CVM, explicou que a Resolução CVM 193 foi criada para dar mais segurança ao mercado ao estabelecer um padrão específico para relatórios de sustentabilidade e risco climático. Ela destacou o papel do sistema financeiro na promoção de práticas sustentáveis e a atuação da CVM para apoiar essa jornada com normas mais rigorosas. Segundo Vidual, os novos requisitos são ainda voluntários, com expectativa de adesão obrigatória em 2026, permitindo que empresas desenvolvam processos e adaptem suas operações para a coleta e divulgação padronizada de dados.

A vice-coordenadora Bruna Ribeiro, da Suzano, trouxe uma perspectiva prática sobre como grandes corporações estão se adaptando a essas mudanças. Ela descreveu como a Suzano está estruturando sua governança de dados e relatórios para atender às novas exigências, que envolvem auditorias mais rigorosas e alinhamento com demonstrações financeiras. Ela ainda destacou o compromisso da Suzano com a transparência por meio de relatórios auditados e de uma plataforma de dados acessível, a Central de Sustentabilidade, um repositório online que reúne indicadores de outros padrões voluntários que o mercado demandou nos últimos anos. Para Ribeiro, o trabalho da área de Comunicação é essencial para assegurar que a empresa esteja em conformidade com as exigências regulatórias e que os dados transmitidos atendam aos requisitos locais e internacionais.

Prazos e adaptação

Um período de adaptação às novas regras é fundamental, segundo Vidual, para que as empresas, especialmente as de menor porte, desenvolvam expertise e aprendam com as melhores práticas do mercado. Ela explicou que o sistema de supervisão da CVM será baseado em uma matriz de risco com um enfoque educacional inicial, buscando a adesão voluntária e uma fase de aprendizado para as empresas. 

Ribeiro reforçou a importância de ver o período voluntário como uma oportunidade para se preparar antes que a obrigatoriedade entre em vigor, observando que empresas de grande porte podem liderar essa jornada, servindo de exemplo e facilitando a adoção dos novos padrões por companhias menores. A resolução, segundo ela, também afetará a cadeia de fornecedores das grandes empresas, pois clientes de capital aberto tenderão a exigir conformidade ESG de seus parceiros comerciais.

Uma representante de uma empresa de consultoria pontuou o papel das consultorias em assessorar clientes nessa transição, por exemplo, criando planos personalizados para atingir os requisitos dentro do prazo. Ela reforçou a importância de dados confiáveis como um elemento crítico para uma adaptação eficaz.

Por fim, Vidual reiterou que a comunicação transparente é essencial para evitar mal-entendidos entre investidores e o mercado. De acordo com ela, comunicadores devem utilizar uma linguagem “serena, moderada”, e fornecer informações “completas, neutras e tecnicamente precisas”. Ela frisou a importância de não sacrificar a precisão técnica em prol de uma linguagem mercadológica, pois isso pode prejudicar a confiança dos investidores e o desenvolvimento sustentável desse novo mercado..

A reunião destacou a complexidade da adaptação às novas normas e a responsabilidade dos comunicadores corporativos em transmitir essas informações com precisão, de modo que investidores e stakeholders possam confiar nos dados de sustentabilidade.

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