“Nós, comunicadores, temos que combater a indústria das relações não públicas”, afirma Paulo Nassar em debate sobre ESG
Diretor-presidente da Aberje participa do terceiro painel da Semana ESG promovida pela Insight Comunicação
“Como comunicadores trabalhando dentro de um enfoque ético, nós temos que combater, coibir e punir a indústria das relações não públicas, que gera hoje cerca de 100 bilhões de dólares por ano”, disse o diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA/USP, Paulo Nassar, no dia 9 de agosto durante a Semana de Debates ESG, evento realizado pelo portal Integridade ESG da Insight Comunicação e transmitido ao vivo via Youtube e Linkedin.
Durante o painel intitulado “Empresas ESG: o valor da comunicação corporativa”, Nassar comentou sobre a questão da narrativa dentro do contexto ESG. “É importante entendermos qual é o nosso lugar de fala nessa conversa. Na minha visão, é o território da narrativa, que é um artefato da linguagem e que organiza a experiência de uma instituição ou de um grupo social”, salientou. “Temos desafios enormes, pois estamos falando de uma comunicação que sempre foi central mas que nunca esteve, com exceções, no centro dos poderes da organização”, complementou.
Na ocasião, o professor também falou sobre representação e legitimidade das organizações. “A legitimidade é uma questão central porque passa pela questão da utilidade da organização, se ela gera impostos, tecnologia e se traz benefícios à sociedade. Os temas ESG passam por tudo isso. Se estamos falando em termos de narrativa, o grande desafio para nós, comunicadores, é como comunicar esses aspectos de utilidade, de compatibilidade, de transcendência, de competência, de legalidade e a questão da ética, da técnica e da estética”, ressaltou. “São desafios que só quem é profissional desse campo pode enfrentar com grande competência”, destacou Nassar.
Esse painel faz parte de uma série de oito encontros realizados na semana de 8 a 12 de agosto. Mediado pela jornalista Mariza Louven, o painel contou ainda com a participação do Partner da MSDpar Sustainable Investments, Marco Simões; do superintendente de comunicação da Neoenergia, Marcus de Barros Pinto e da diretora de comunicação e marketing da Falconi, Suzane Veloso.
Na visão de Marco Simões, que também é membro do Conselho Consultivo da Aberje, a sustentabilidade e a comunicação são complementares e não existe mais espaço para greenwashing. “Não existe mais ‘desculpas’; as empresas têm um roteiro a seguir, elas sabem para onde ir e deveriam estar seguindo esse roteiro se quiserem atingir um objetivo que seja verdadeiro e que tenha uma contribuição global”, diz. “Para comunicar o que você tem, primeiro você tem que fazer de uma forma muito forte. A Comunicação precisa estar integrada à questão da sustentabilidade para conseguir ser real e verdadeira”, complementa o executivo.
Para quem quer ter sustentabilidade em um mundo corporativo, não há mais a opção para as organizações, de não estar alinhada aos conceitos e práticas ESG. Esse é o pensamento de Marcus de Barros Pinto, que faz parte do Conselho Deliberativo da Aberje. “Nesse sentido, ganha importância fundamental a comunicação na construção dessa narrativa e da estratégia de comunicação”, reflete. “Nós, profissionais de comunicação, devemos não apenas traduzir em conteúdo aos canais próprios as informações, mas ter conteúdos relevantes onde se demonstre o que a sua empresa faz, pois você só tem audiência se tiver relevância”, acrescenta.
Para Suzane Veloso, ESG hoje é sobre métrica, é sobre medir avanços. “Se não for real, não existe comunicação; se não for real, não é abraçado pelo seu colaborador; se não for real, não tem relevância para a sociedade; se não for real, não dá pra ser mensurado e se não for mensurado não dá para avançar e se não for real não adianta gastar o tempo pois não vai ajudar a sociedade e a sua empresa a crescerem de forma sustentável”.
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