LiderCom discute implementação de protocolo ESG Racial no Brasil
Diretor Executivo do JP Morgan, Gilberto Costa, é um dos líderes da iniciativa, que será lançada oficialmente em setembro
A desigualdade social é um dos grandes desafios da sociedade brasileira e está profundamente relacionada à questão racial. Segundo dados do IBGE de 2016, entre os 10% mais pobres da população brasileira, 78,5% são negros (pretos e pardos) e 20,8% são brancos. Já entre os 10% mais ricos, a situação se inverte: 72,9% são brancos e 24,8% são negros.
Para o diretor-executivo do banco JP Morgan, Gilberto Costa, um dos líderes do Pacto de Promoção da Equidade Racial, que tem mobilizado a atenção da imprensa e da liderança empresarial. Cabe à sociedade como um todo, e não apenas ao Estado, a responsabilidade de endereçar a questão da desigualdade social racial, bem como a formação e qualificação de mais pessoas negras. Durante mais um encontro do LiderCom, realizado no dia 13 de agosto, Giba, como gosta de ser chamado, contou o que é o Pacto, quais são os objetivos e qual é o seu papel nessa iniciativa que envolve uma enorme rede de agentes em prol de que indivíduos, organizações e empresas assumam uma postura protagonista de antirracismo.
Associação do Pacto de Promoção da Equidade Racial
Iniciativa inédita no mundo e de alto potencial de impacto no curto, médio e longo prazos, o Pacto de Promoção da Equidade Racial é uma organização não governamental, que surgiu com o objetivo de mudar a questão racial no Brasil, de forma estrutural e estratégica, ao criar um protocolo ESG racial para o Brasil, com ações que promovam maior igualdade racial, centrada na melhoria da qualidade da educação pública e na formação profissional. Para se desenvolver, busca o engajamento voluntário de grandes empresas brasileiras e multinacionais.
“Para que o tema avançasse nessa agenda, era importante que o grupo fosse mais plural e mais diverso. Quando me apresentaram a iniciativa, o que me chamou a atenção foi o fato de termos pessoas do terceiro setor trabalhando em conjunto com empresários, executivos e investidores”, frisou Giba. “Somos um grupo de apoiadores formados por representantes do movimento negro, investidores institucionais, empresas e organizações da sociedade civil”, completou.
De acordo com o executivo, para poder trabalhar a questão racial no Brasil de forma estratégica, é preciso atuar a partir de quatro pilares: (1) mudança estrutural através das diretrizes do protocolo ESG racial; (2) transformar o tema racial numa questão objetiva e mensurável, por meio do Índice de Equilíbrio Racial (IER), que mede o quanto uma empresa está mais ou menos próxima da equidade racial da região onde atua; (3) adotar políticas afirmativas voltadas para a questão racial, ou seja, a empresa deve investir em educação e cultura na região onde atua; e (4) fazer investimento social de impacto racial. “Ao se comprometer com esses itens, a empresa será anualmente auditada por entidades do movimento negro, para evitar que haja mais propaganda do que ações práticas; as empresas precisam preparar as pessoas para que elas fiquem”, salientou.
Giba argumentou que mudar a questão racial no Brasil no médio e longo prazos, ou seja, no prazo de uma geração, só vai acontecer com investimento em educação pública. “A maioria das comunidades menos favorecidas no nosso país é composta por população negra e onde há menos acesso à educação pública de qualidade, onde é preciso trabalhar os professores para que possam promover uma educação antirracista, onde é preciso trabalhar as escolas e as famílias”, complementou Giba.
A Associação de Promoção da Equidade Racial é uma organização civil sem fins lucrativos, criada para a gestão do Programa ESG de Equidade Racial no Brasil.Seu Conselho é composto por 13 membros, com o mínimo de 50% de mulheres e de representantes do movimento negro, e seu presidente, atualmente, é o professor Hélio Santos.
A entidade será lançada oficialmente em setembro, quando será realizada a primeira assembleia para que as empresas possam se associar sem nenhuma taxa. “A empresa se compromete com o protocolo ESG de equidade racial, mas não é preciso, necessariamente, aderir ao índice ao se associar”.
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