LiderCom: “Como a comunicação do setor da saúde está respondendo à crise do Covid-19?”
Tema foi discutido no encontro online do LiderCom, que reuniu profissionais do setor privado e do público
Mais um encontro virtual do LiderCom, grupo de lideranças da Comunicação organizado pela Aberje, reuniu os profissionais para tratar da pandemia do coronavírus. No dia 09 de abril, os participantes convidados debateram sobre “Como a comunicação do setor da saúde está respondendo à crise do Covid-19?”
Para trocar experiências sobre o tema que vem impactando a vida de tantos profissionais da área da Saúde, foram convidados Anna Carolina Costa, analista de Comunicação Sênior do Hospital São Lucas – PUCR; Regina Moura, diretora de Comunicação Digital e Corporativa da Roche Brasil; Thaís Arruda, superintendente de Comunicação da SulAmérica Seguros e Vanderlei França, coordenador de Comunicação do Centro de Contingência do Coronavírus da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo e a jornalista Malu Weber, que foi a moderadora do debate.
Além da questão de como cuidar dos enfermeiros, técnicos, médicos e de todos que estão na linha de frente nos hospitais na luta contra a pandemia, os participantes discutiram a importância de a Comunicação, que envolve o setor de Saúde, estar embasada em estratégias e harmonização de ações para o enfrentamento dessa crise.
Pandemia e desinformação são os dois grandes desafios a serem enfrentados. Assim define o momento atual, o jornalista Vanderlei França, da Secretaria de Saúde de São Paulo. Ele conta que está “na rua” desde o dia 25 de março, quando surgiu o primeiro caso da Covid-19 em São Paulo, atuando junto a mais de 100 hospitais, além de outros grandes serviços de saúde que fazem parte do Centro de Contingência de Combate à Pandemia, liderado pelo médico infectologista Davi Uip.
França comentou sobre a pandemia da Covid-19 em relação a da H1N1, também de grandes proporções e complexa. “Não havia mídias sociais para sabermos a amplitude do que ocorreu na época ou se a Covid-19 está muito amplificada por conta das mídias sociais”, analisa, complementando que a propagação das fake news é o outro grande desafio.
De acordo com o executivo, a central de comunicação criada pelo Governo do Estado de São Paulo para combater a desinformação registra uma fake news por hora. “Quando eu vejo um discurso que prejudica a comunicação na questão de um medicamento, por exemplo, penso que isso não se trata de uma questão política, mas sim de uma questão técnica e prática”, afirma.
Durante o encontro, França ainda destacou o trabalho da imprensa. “Todos estão aprendendo com isso e o pessoal da imprensa tem sido muito correto, seguindo as informações das autoridades de saúde. Nós, da secretaria, damos entrevistas o dia todo e nosso desafio é mostrar de forma clara, para a população, quais ações estão sendo tomadas pelo Governo”. E acentua: “Empresas e governos têm trabalhado muito bem nessa comunicação da pandemia. Temos que levar a notícia da forma mais clara e transparente possível à sociedade. Este é o ponto fundamental”.
A moderadora Malu Weber lembra que não há unicidade diante de tantas convergências de discursos e narrativas quando o tema é coronavírus. “As informações devem ser repassadas de uma forma consistente. Devemos reforçá-las com clareza”.
Para Regina Moura, da Roche Brasil, existe insegurança das pessoas diante da falta de informação coesa. “As pessoas estão procurando respostas para algo que a maioria não sabe. De uma forma geral, as pessoas estão muito inseguras. Na Roche não temos respostas para tudo, mas nos propomos a ser transparentes”, destacou a executiva, reconhecendo a vulnerabilidade das empresas.
Comunicação Interna e boas práticas para a saúde mental do colaborador
Em meio a um cenário aberto e de incertezas, a comunicação interna vem ganhando força. O Hospital São Lucas – PUCRS, junto com mais outros hospitais e marcas de Porto Alegre, acabam de lançar uma campanha de valorização e reconhecimento dos profissionais de Saúde que seguem exercendo suas funções pelo bem comum.
Anna Carolina Costa, analista de Comunicação Sênior do Hospital São Lucas – PUCRS ressalta que a campanha é um movimento aberto para outros hospitais que queiram participar. “O foco é na saúde mental do colaborador que está na linha de frente, inseguro e muito sensível. Essa campanha também está impulsionando as nossas lideranças e a direção desses hospitais a olharem para seus funcionários de uma forma mais empática, já que muitas vezes eles trabalham em mais de um hospital”, comenta Anna, acrescentando que o Hospital da PUC ainda oferece acompanhamento psicológico e psiquiátrico aos seus enfermeiros e técnicos 24 horas, de forma online.
A SulAmérica também conta com um programa de apoio psiquiátrico e psicológico para o colaborador. O Psicólogo na Tela, em que o serviço 24 horas de psicoterapia acontece por vídeo direto no app SulAmérica Saúde não apenas para os colaboradores da empresa mas também aos beneficiários.
Thaís Arruda, superintendente de Comunicação da SulAmérica Seguros comenta que a empresa já possuía, antes da crise do coronavírus, um comitê de crise e um plano de continuidade de negócios. “Nosso grupo multidisciplinar se reúne diariamente e realmente faz toda a diferença quando a empresa já tem as pessoas focadas entendendo como funciona o plano”, salienta a executiva, acrescentando que a comunicação é um dos pontos focais mais importantes para que haja alinhamento das tarefas. “Precisamos de muitos fóruns como este para compartilharmos experiências, este é o momento que a sociedade tem que conversar mais para fazermos a diferença”, conclui.
Outro ponto apresentado durante o encontro foi referente aos protocolos ligados ao ritual do luto e da morte, um assunto de difícil abordagem pela área de Comunicação das empresas. Quem levantou a questão foi o diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP, Paulo Nassar: “quem está assistindo a comunicação nisso?”. Como enfatizou Malu Weber, trata-se de um assunto humanitário o qual é difícil para as empresas falarem sobre. “O luto é um tópico a ser conversado e a área de Comunicação deve ajudar nessa construção”.
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