Lançamento do livro “Muito além do media training: o porta-voz na era da hiperconexão” reúne autoras e comunicadores para bate-papo na Aberje
O livro “Muito além do media training: o porta-voz na era da hiperconexão”, das jornalistas Patrícia Marins e Miriam Moura, publicado pela Editora Aberje, teve seu lançamento no dia 25 de setembro. De manhã, uma roda de conversa sobre o tema reuniu as autoras Patrícia Marins e Miriam Moura e o diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA/USP, Paulo Nassar, na sede da associação, em São Paulo. No final do dia, as autoras receberam o público para uma sessão de autógrafos em uma livraria.
Ao abrir a conversa, o professor Paulo Nassar frisou a importância da Comunicação para a sociedade. “O setor da comunicação não é amador. Como o livro mostra, é um setor que atua, cada vez mais, em assuntos complexos. E complexidade para nós é tudo aquilo que provoca inúmeros pontos de vista e que pode provocar conflitos. O comunicador está nesse ambiente de considerar inúmeras opiniões e pontos de vista que não necessariamente são certos ou errados e vocês trabalham muito bem isso no livro”, afirma.
A obra é resultado de um método aplicado em sala de aula para altos executivos e gestores públicos, que traz um recorte das principais dúvidas de cerca de 12 mil profissionais e dicas das especialistas em todos os capítulos. Quem explica é Patrícia Marins: “são executivos que querem ocupar seu espaço na mídia, enfrentar o contraditório, que muitas vezes não possuem espaço de fala.
A especialista comenta que como a sociedade muda ao longo dos anos, os executivos querem ir além do media training clássico, pois desejam saber como influenciar as redes sociais, como sair de crises, como falar com o comunicador da comunidade, como ocupar espaço na mídia com um assunto que ninguém quer ouvir falar…”É uma sociedade em rede, é uma sociedade frustrada que vem do conceito BANI – frágil, ansioso, não-linear e imprevisível -, uma sociedade em que o porta-voz tem que entender de pós-verdade. Uma sociedade hiperconectada é a sociedade de poder no mundo globalizado”, enfatiza Patrícia.
O poder da comunicação em um mundo globalizado
No início do livro, o embaixador José Estanislau do Amaral frisa que a comunicação é poder em um mundo globalizado. “O porta-voz que quer se comunicar numa sociedade globalizada, deve entender que ele é um ser global e por isso deve ter a capacidade de construir narrativas que são globalizadas”, destaca Patrícia. Já, no último capítulo, o sociólogo Dominique Wolton discorre sobre a prática do contraditório. “A maior parte das empresas ainda está com estruturas montadas no ‘aquém’ têm o desafio de encarar o contraditório, que é a sociedade hiperconectada. A comunicação é convívio, é compartilhar, ela é viva e não estanque, não pode ser ‘aquém’ numa sociedade onde a velocidade é que pauta e o contraditório se estabelece no meio dessa velocidade, ou seja, é necessário criar o tempo inteiro e repensar o seu repertório de narrativas, de formatos, de contextos”, pondera.
Miriam Moura enfatiza que o livro fala sobre estratégia de comunicação. “Comunicação hoje é estratégia o tempo inteiro, é saber o que do ‘aquém’ permanece importante, porque a comunicação hiperconectada, multimídia, omnichannel mantém paradigmas do aquém, dos fundamentos da comunicação e isso é o que hoje, qualquer profissional executivo sênior precisa saber”, diz. “Antes, no ‘aquém’, a comunicação era o setor de uma empresa, de uma instituição. Hoje, no ‘além’, a comunicação é ‘aqui’, ‘agora’, é hiperconectada, é em rede, é global e é local”
Na ocasião, o auditor fiscal de receitas do Estado do Pará, Charles Alcântara, um dos entrevistados do livro, foi convidado pelo professor Paulo Nassar para contar um pouco de sua experiência. “Eu trabalho como auditor fiscal há 30 anos e a gente lida numa zona muito conflituosa de interesses da sociedade. De um lado, um grupo muito pequeno que não quer pagar impostos e, de outro, uma massa que sustenta a sociedade com seus impostos. Poucos conflitos são tão importantes como esse numa sociedade como a nossa”, comentou. “A tributação no Brasil é profundamente injusta porque recai para quem vive do trabalho, principalmente, e isso precisa mudar”, frisa Alcântara, defensor da Reforma Tributária Solidária como alternativa para o desenvolvimento social.
O DNA transformador da Comunicação
O que dá segurança ao porta-voz não é apenas saber enfrentar uma câmera, mas ter em mente o conteúdo sob várias lentes, desenvolvidos para vários tipos de stakeholders. “Se a empresa não tem a sua matriz de mensagem-chave, o conteúdo, nós não fazemos o media training. A nossa proposta é oferecer ao porta-voz, um mergulho sobre a comunicação contemporânea, explicando que comunicação é a principal ferramenta para a liderança hoje. Não à toa o Fórum Econômico Mundial coloca a comunicação como o principal soft skills”, salienta Patrícia.
“Como o próprio nome diz, o media training é um treinamento para a empresa falar com a mídia. Já o nosso curso é um treinamento para a empresa se relacionar com os públicos, ou seja, não se trata de uma simulação de uma entrevista para um jornalista, o porta-voz tem que falar com a ‘Dona Maria da padaria’, que é um personagem que não sabe o que é imposto, não sabe o que é reforma tributária, mas o ‘Charles’ precisa fazê-la entender”, exemplifica Miriam. “O que está por trás de tudo isso é a nossa crença de que comunicação transforma, tentamos colocar em todos o DNA transformador da comunicação e que não é a comunicação que eu vejo em muitos media trainings, que são feitos para uma determinada hora mas não se sustentam. Nós não mudamos a personalidade de ninguém, nós fazemos um diagnóstico profundo do porta-voz, da instituição, das narrativas, da estratégia e isso é muito além de media training”, complementa Patrícia.
A especialista conta que, ao longo do tempo, desenvolveram também uma técnica de dar feedback para pessoas que não costumam receber feedback. “É um media training que tem muita sensibilidade ao dizer o que está bom e o que deve ser melhorado na performance desses altos executivos. Durante o treinamento, ele tem o ‘choque de realidade’ para que perceba que não terá um único público, sem que ele perca o território de segurança; isso para mostrar a necessidade de ter a comunicação como aliada. Quando esse executivo percebe que suas fragilidades podem ser ‘vestidas’ por habilidades que estão além dele, mas no time de comunicação, tudo vai muito melhor”, acentua.
Sobre as autoras
Miriam Moura é jornalista com larga experiência na cobertura política em Brasília, junto ao Congresso, ao governo e ao Judiciário, é consultora associada da Oficina Consultoria de Reputação e Gestão de Relacionamento, desenvolve projetos especiais em curadoria de conteúdo e capacitações de comunicação.
Patrícia Marins é gestora de crises de alto risco reputacional, construiu a carreira profissional como jornalista, empreendedora e executiva do mercado de comunicação corporativa e sócia-fundadora da Oficina Consultoria e sócia do Grupo In Press. Também é diretora da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom).
Assista à live na íntegra:
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