III Fórum de Comunicação Corporativa debate os conflitos na era da desinformação
O primeiro dia do III Fórum de Comunicação Corporativa Aberje/Valor, realizado no dia 21 de setembro, contou com a participação de profissionais de vários segmentos do mercado para debater o tema Como lidar com os conflitos na era da desinformação. O fórum, que também será realizado nos dias 23 e 28 de setembro, tem como tema geral “A Comunicação na construção de pontes para impulsionar os negócios: como se preparar para o conflito, promover o diálogo e trabalhar o consenso”. O evento é transmitido ao vivo no canal do YouTube do Valor Econômico.
Participaram Ana Laura Sivieri, diretora Global de Marketing & Comunicação Corporativa da Braskem; Leandro Conti, diretor Sênior de Comunicação e Marketing & Relações Externas na Hotmart; Pâmela Vaiano, sócia e superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco; e Thyago Mathias, diretor-geral LLYC Brasil.
Ao iniciar, Thyago Mathias falou sobre o papel das empresas no debate público. “Não existe vácuo em comunicação. Se você não se comunica, alguém vai ocupar esse espaço e pode acabar falando de você. As empresas não têm como se ausentar disso”, disse. “Em relação a como ocupar esse espaço, é identificar quais são as causas que fazem sentido para o negócio e como é possível alimentar e participar delas, sem querer estar no centro. Esse é um desafio que a gente precisa fazer como empresa”
A questão ambiental é um desses temas que permeiam o debate público. Para Ana Laura Sivieri, o papel das empresas é o compromisso em ajudar a sociedade a fazer movimentos evolutivos, através de causas e posicionamentos. “Nós, como produtores de química e plástico, entendemos que temos um grande compromisso no território de economia circular e na questão da diversidade”, acentua. “Para isso levamos informação do consumo consciente, do descarte correto; de como a sociedade pode ter um papel importante nessa economia circular”.
Pâmela Vaiano complementa dizendo que grande parte dos setores produtivos, de alguma forma, tem uma imagem que precisa ser resgatada com a população. “Ao longo da história, as empresas se mantiveram muito apartadas da discussão social, muito mais próximas dos agentes reguladores e dos clientes do que com a sociedade como um todo. Nosso papel é conectar a empresa com a sociedade e com os stakeholders de uma forma transparente e construtiva”, diz.
Na oportunidade, Leandro Conti comenta sobre os principais erros que os empreendedores cometem ao se exporem nas redes e na comunicação com o consumidor. “Estamos vivendo um momento privilegiado, em que cada pessoa é um emissor de opinião e de informação. O que os criadores de conteúdo às vezes não entendem são as consequências daquilo que falam na internet, que não é um mundo paralelo, e se acham protegidas pela tela, pelo aparelho que usa para se comunicar. Todas as leis que se aplicam ao ambiente da internet e a expectativa das pessoas em relação às relações de consumo são as mesmas”, salienta. “Acredito que cada vez mais as pessoas devem se beneficiar do que a internet e o poder das redes trazem, mas também ter, cada vez mais, consciência que isso é o mundo real”, completa.
“Realmente o espaço digital vive uma dicotomia, é um espaço de mediação ou é uma arena de conflitos? Existe uma preocupação de que as empresas se expõem demais e sejam lançadas nessa arena da opinião pública e o público quer ver o circo pegar fogo mesmo”, comenta Mathias. “A melhor maneira de lidar com esses conflitos é justamente criarmos novos espaços de mediação, tirar algumas discussões dessa arena, o que não quer dizer que não temos que nos manifestar, deve se manifestar sim, mas com muito cuidado”.
Talvez uma ação preventiva seja necessária. O que as empresas têm feito para lidar com as críticas e dialogar com o consumidor? Para Pâmela, a melhor prevenção é a construção de reputação. “Porque, no momento da crise, é esse colchão de confiança que vai ser acionado na crítica que você vai receber do seu cliente, de um stakeholder ou de um regulador. A gente mantém um monitoramento muito certeiro de redes sociais e de imprensa”, diz a executiva, acrescentando que é preciso assumir quando há uma situação e que ela está sendo tratada.
“A imprensa é um grande aliado e tem papel fundamental na luta contra a fake news, de trazer a informação ouvindo todos os lados. O primeiro recurso para contornar uma situação conflituosa será sempre atuar junto à imprensa”, complementa a executiva.
Na Braskem, os mecanismos usados para lidar com longas crises, por exemplo, é fazer um monitoramento constante de todas as mídias sociais e identificar as pessoas. “São aqueles hackers constantes, que por mais que você tenha gerado informação, eles não mudam de opinião e continuam a fazer o mesmo tipo de questionamento, a gente não estimula essas respostas porque cresce algo que não é um diálogo. Para as pessoas que buscam informação sobre uma situação ou determinado produto, a gente estabelece o diálogo”, explica Ana Laura.
Leandro entende que, no final das contas, as empresas buscam a formação de uma comunidade com os seus públicos. “Essa relação tem que ser constante e perene. Deve partir de mídias proprietárias, como veículos, blog ou nas redes sociais para interagir com esses públicos. Penso que as empresas precisam fazer isso de forma humanizada, com pessoas, e ter ferramentas de escuta do debate público, de sensibilização interna e de ação”, disse “As críticas vão continuar existindo, isso faz parte da democracia e nem todas serão revertidas ou alteradas. Aceitar um ambiente no qual o diálogo existe e a crítica construtiva faz parte desse diálogo, é o futuro, talvez o presente, da comunicação”.
Assista na íntegra ao primeiro encontro do III Fórum de Comunicação Corporativa:
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