EY: Empresas devem acelerar estratégias de negócios com foco nos riscos climáticos
Cuidar do planeta pode ser essencial para garantir a sobrevivência de modelos de negócios em todos os países
A sustentabilidade é um tema cada vez mais presente no dia a dia das empresas. Com o avanço das mudanças climáticas e seus impactos negativos, é fundamental que o setor privado alinhe suas estratégias para entender como os riscos ambientais podem afetar a companhia. E como elas devem agir para contribuir com o planeta, salvar seus modelos de negócios e evitar o colapso do meio ambiente.
O relatório “2021 Global Climate Risk Disclosure Barometer”, produzido pela EY, constatou que as empresas estão melhorando a qualidade das divulgações de seus balanços financeiros relacionados ao clima. Isso tem acontecido por alguns motivos, entre os quais: os órgãos reguladores tornaram os relatórios TCFD (Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima) obrigatórios, a pressão dos investidores sobre as empresas e as indicações anuais do CDP, que agora incorporam as recomendações do TCFD.
“O Barômetro do Clima mede o quanto o setor privado está avançando na gestão específica do risco climático”, explica Leonardo Dutra, líder de Consultoria na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY para o Brasil. Segundo ele, a comparação da edição atual do estudo com as anteriores revela que as empresas estão cada vez mais preocupadas com a sustentabilidade ambiental. Até porque problemas relacionados ao clima podem afetar diretamente os seus negócios.
O agronegócio é um bom exemplo. O efeito estufa pode alterar o regime das chuvas, por exemplo, e comprometer a produtividade em determinadas regiões. Ou seja, a questão climática está diretamente ligada à perenidade da empresa. “Se pensarmos que uma área boa para a agricultura pode não ser mais daqui a 30 anos, há motivos para muitas preocupações. Imagine o CEO de uma grande multinacional ligada ao agronegócio olhando para o Brasil e constatando que o país pode não conseguir produzir no futuro como produz hoje”, diz Dutra. “Isso tem impacto em todas as estratégias futuras do negócio, que são muito ligadas à sustentabilidade”, completa o consultor.
Pesquisas realizadas por universidades e institutos ligados à agricultura mostram que a segunda safra do milho no Centro-Sul do país – conhecida como safrinha – pode se tornar inviável daqui a alguns anos por causas relacionadas aos eventos climáticos extremos – estiagens prolongadas e inundações nas áreas de plantio. “O setor privado começou a tomar medidas sérias em relação ao clima. Basta ver o número de empresas que adotaram o compromisso de carbono zero”, diz Dutra.
Embora os resultados do Barômetro do Clima feito pela EY apresentarem um progresso em termos de cobertura e qualidade das divulgações climáticas, eles também destacam a necessidade urgente de as empresas terem uma visão mais ampla dos riscos que o clima pode oferecer. Em um momento em que a vontade política e a opinião pública global estão focadas em ações climáticas profundas e de mudança imediata, as empresas devem focar em entender quais são os riscos e oportunidades que elas oferecem, para assim, poderem planejar suas estratégias de crescimento para os próximos anos.
Alguns setores econômicos, como o de petróleo e gás natural, devem repensar seus negócios dentro de um modelo mais sustentável do ponto de vista ambiental, explica Dutra. “A maior parte das empresas vai saber se reinventar”, diz o consultor, destacando que empresas de petróleo e gás natural são, antes de mais nada, empresas de fornecimento de energia. “Nessa lógica, elas devem trocar de maneira gradual a energia de origem fóssil por renovável e continuarem como grandes players do mercado. O grande desafio é como fazer essa transição de maneira sustentável e sem prejuízos para os negócios”, diz.
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