22 de novembro de 2024

Conecta CI promove integração e inovação na Comunicação Interna

Evento reuniu líderes e especialistas para discutir desafios e novas estratégias de engajamento
Foto: Tati Nolla

Na quarta-feira (13), a primeira edição do Conecta CI reuniu profissionais de Comunicação Interna de empresas de vários setores para um dia de troca de experiências e apresentação de tendências. Com um formato de workshop dinâmico, o evento contou com nove mesas temáticas intercaladas por entrevistas no palco e momentos de networking, abordando os desafios e as soluções mais inovadoras da área. O evento teve patrocínio da Bayer, Latam Airlines e Workvivo, e apoio da Seepix. Os cases foram apresentados de maneira simultânea, com o público livre para circular entre elas. O formato garantiu engajamento dos participantes, com mais diálogo entre os representantes das empresas e o público.

Foto: Tati Nolla

O desafio de alcançar colaboradores em funções operacionais foi um ponto mencionado de maneira recorrente, tanto nos cases quanto nas entrevistas com o público, realizadas ao longo do evento. Carolina de Jesus, consultora de Comunicação do Carrefour, relatou que a empresa possui 130 mil colaboradores, dos quais 90% têm acesso apenas a dispositivos pessoais. Para superar essas barreiras, a empresa aposta no uso de uma rede social corporativa e no alinhamento com a área de Cultura para garantir uma experiência de onboarding mais envolvente. “A jornada do colaborador precisa ser simplificada, e a Comunicação deve atuar diretamente com a Cultura da empresa”, destacou.

Bruna Muniz, coordenadora de Comunicação Interna da Amil, trouxe a perspectiva de uma força de trabalho dispersa, com 30 mil colaboradores espalhados por diferentes locais. A empresa utiliza canais tradicionais, como jornal mural, mas busca constantemente novas formas de engajamento. “Precisamos ouvir o que a operação realmente precisa para garantir que a informação chegue até a ponta”, afirmou Muniz.

Raphael Pacheco, gestor de Comunicação do Porto Seco Centro Oeste, também trouxe um exemplo prático dessa realidade. Com 400 colaboradores, dos quais 90% estão na operação, a empresa lida com a limitação de acesso a tecnologias digitais. Sem uma rede social corporativa, os murais físicos são a principal ferramenta de disseminação de informações.

Tecnologia e mensuração: uma equação desafiadora

Elton Mergulhão, da Workvivo, destacou que a plataforma tem se consolidado como parceira da Meta, com o Workplace gradualmente migrando para o Workvivo.

Foto: Tati Nolla

A BRK Ambiental, que está internalizando sua Comunicação, busca acessar os trabalhadores por meio de jornais murais e mensagens diárias transmitidas pelos líderes. “A liderança precisa ser verdadeiramente comunicadora”, afirmou o representante da empresa, que também usa WhatsApp para engajamento, sempre com o consentimento dos colaboradores.

A MET Life, por exemplo, utiliza recursos da própria rede interna para garantir visibilidade às mensagens importantes. Já o Senac, com 11 mil colaboradores, também investe em uma rede social interna, e avalia suas métricas para comprovar o impacto das ações de Comunicação Interna.

Comunicação interna como consultoria estratégica  

Durante sua apresentação, Thiago Massari, gerente de Comunicação da Bayer, enfatizou que a comunicação interna deve ser encarada como uma consultoria estratégica e não apenas como uma área de prestação de serviços. “Tudo começa dentro de casa, e a comunicação interna é fundamental para alinhar os colaboradores à cultura organizacional”, destacou Massari.  

Para a Bayer, o foco está em três direcionadores principais: digitalizar, aproximar e simplificar. Massari apontou que, em um cenário de excesso de informações, o mantra “menos volume, mais valor” é crucial. “O crescimento em volume de mensagens e postagens não pode ser uma métrica válida durante uma infodemia. É preciso priorizar qualidade e relevância”, afirmou.  

Foto: Tati Nolla

Outro ponto-chave é a credibilidade, construída com transparência e coerência. Segundo Massari, “contra dados não há argumentos”. Ele defendeu que a comunicação interna deve ser orientada por dados, o que a torna mais estratégica e eficaz, além de reforçar o papel da área como guardiã da reputação interna.  

Massari também apresentou o programa Baynfluencers, uma iniciativa que envolve colaboradores como influenciadores internos. Aberto para os 6 mil colaboradores da Bayer no Brasil, o programa visa humanizar e potencializar a comunicação interna.  

Os Baynfluencers são escolhidos por um comitê multidisciplinar, que avalia critérios como diversidade, equidade e inclusão (DEI). “O alinhamento do colaborador com seu gestor é essencial, e quem não é selecionado pode atuar como aliado, apoiando o projeto”, explicou Massari.  

Durante o ciclo de um ano, os influenciadores recebem treinamento e equipamentos como ring light, tripé e microfone. Após esse período, eles se tornam mentores da próxima geração. O grupo é intencionalmente pequeno, com apenas nove participantes, o que reforça a exclusividade do programa.  

Com o impacto do Baynfluencers, a Bayer registrou um aumento de 30% nas impressões de suas publicações no LinkedIn sem investir em mídia paga.

Transparência e diagnósticos como base

Em entrevista no palco, Joice Paz, gerente de Comunicação Interna e Engajamento da BWG, destacou a importância da transparência entre empresas e agências de comunicação. Segundo ela, um dos maiores desafios é alinhar a percepção do ponto focal no cliente à realidade da organização. “A visão de quem contrata nem sempre reflete o que de fato acontece internamente. Por isso, o diagnóstico de comunicação é essencial para ajustar expectativas e enfrentar conversas difíceis”, explicou Joice.  

A especialista enfatizou que o papel das agências não é apenas atender às demandas do cliente, mas também fornecer insights críticos. “Não se pode contratar uma agência apenas para ouvir o que se quer. O crescimento só é possível com base em diagnósticos precisos e diálogo transparente”, concluiu.  

Latam News: proximidade e engajamento com a liderança

Gabriella Jordão, consultora de Comunicação Interna da Latam,  compartilhou o case Latam News. Criado em 2020, em plena pandemia, o canal nasceu de uma iniciativa do CEO da companhia, Jerome Cadier, que começou gravando vídeos curtos em seu celular para atualizar os colaboradores sobre a situação da empresa.  

Foto: Tati Nolla

O Latam News evoluiu para transmissões ao vivo realizadas por meio de uma plataforma do Google, com o suporte de uma produtora terceirizada. O diferencial do canal é sua interatividade: os colaboradores podem sugerir temas por meio de formulários enviados mensalmente. “Embora as sugestões não sejam anônimas, isso não inibe a participação, o que demonstra a confiança na liderança”, observou Gabriella.  

A última transmissão ao vivo contou com 1.700 espectadores, reforçando a conexão entre a liderança e os cerca de 20 mil colaboradores da empresa.

Influenciadores internos e integração digital

Cíntia Savo, coordenadora de Comunicação Corporativa da Seguros Unimed, compartilhou como a empresa está redefinindo sua comunicação interna, transformando-a em uma área estratégica e colaborativa. Com 2 mil colaboradores, a Seguros Unimed adotou uma rede social interna em março de 2022, o que marcou uma virada na forma como a comunicação é conduzida.  

“A comunicação interna antes era operacional, focada na execução. Agora, com essa rede, nos tornamos mais ágeis e consultivos”, afirmou Cíntia. Para garantir o sucesso da nova plataforma, a empresa realizou workshops, não apenas para ensinar a utilização da ferramenta, mas também para reforçar o papel consultivo da área de Comunicação.

Além da rede social corporativa, a empresa utiliza outros canais para complementar a comunicação, como uma TV corporativa lançada em 2024 e resumos semanais enviados por e-mail e WhatsApp, sempre com links direcionando para a rede. A empresa também criou um grupo de 20 influenciadores internos que atuam como extensões da área de Comunicação, ajudando a disseminar informações e engajar seus colegas tanto nas redes internas quanto externas.

Já no evento “Café com Comunicadores”, áreas clientes são convidadas para um café da manhã com o time de Comunicação. Nesse encontro, são discutidos indicadores e o papel consultivo da equipe, reforçando a proximidade e o alinhamento entre áreas. Reuniões mensais para análise de métricas, em conjunto com os resultados das ações demandadas internamente, também contribuem para o aprimoramento contínuo da comunicação interna, consolidando sua relevância dentro da organização.

Sustentabilidade como Cultura

Com mais de 650 lojas, 24 mil colaboradores e uma rede de mais de 20 marcas próprias, a Renner utiliza uma rede social interna integrando comunicação e engajamento. Em 2022, a empresa assumiu 12 compromissos públicos alinhados a três pilares estratégicos: relações humanas e diversas, soluções climáticas, circulares e regenerativas e conexões que amplificam.  

Renata Porfírio apresentou o case da quarta coleção de algodão agroecológico, que incluiu uma campanha interna para reforçar a cultura da sustentabilidade. Uma websérie em quatro episódios foi criada para detalhar todas as etapas do processo, desde o plantio até a chegada das peças nas lojas. Essa iniciativa foi complementada por ativações na rede social corporativa e cartazes nas sedes de São Paulo e Porto Alegre, além de um programa diário de apresentação de coleções antes da abertura das lojas.

Integração Pós-Aquisição  

Já a Cargill, com seus 13 mil colaboradores no Brasil, compartilhou o desafio de integrar a Granol, empresa adquirida após cinco anos de negociações. Eliane Uchoa, diretora de Comunicação, destacou a importância de respeitar a cultura da Granol, cujo estilo de gestão era marcado pela proximidade dos donos.  

O primeiro passo foi acolher os novos colaboradores, priorizando um tom institucional e integrador. “O foco inicial foi a Comunicação Institucional, garantindo que todas as áreas estivessem alinhadas nesse momento de transição”, explicou Eliane. Para isso, a equipe de Comunicação, composta por 40 profissionais distribuídos pelas unidades, trabalhou com duas agências especializadas: uma para eventos e outra para criação de materiais. Houve também uma ênfase especial no desenvolvimento das lideranças, assegurando que os gestores fossem peças-chave no processo de integração.

Desenvolvimento em comunidade

A Hotmart, que conta com 1.700 colaboradores, sendo metade da área de tecnologia, aposta na criação de comunidades internas para fortalecer a comunicação e o engajamento. Durante o evento, Lorena Campolina, coordenadora de Employer Branding, apresentou o projeto Hot Hackers, idealizado por Caroline Cabral e Valter Silva, que tem como objetivo conectar os desenvolvedores da empresa em torno de temas técnicos e culturais.  

O projeto surgiu durante a pandemia, período em que a Hotmart enfrentou um crescimento acelerado, mas também um isolamento que dificultou o engajamento dos colaboradores. A iniciativa foi apoiada desde o início pela alta liderança de tecnologia, que reconheceu a importância de fomentar um senso de comunidade entre os profissionais.  

Com base em três pilares – atualização, conhecimento e responsabilidade –, a Hot Hackers busca solucionar as principais dores dos desenvolvedores. Para isso, a comunidade conta com a Troopers Legacy, uma área dedicada à gestão de conteúdo técnico, que inclui uma estratégia de gamificação para incentivar a criação de materiais.  

A cada trimestre, os desenvolvedores acumulam pontos ao produzir conteúdos especializados, sendo recompensados com brindes. Esse sistema tem contribuído para um índice de turnover voluntário de 16,5%, consideravelmente abaixo da média de 50% do mercado de tecnologia. “Nosso conteúdo engaja e se tornou uma ferramenta para atrair novos talentos”, destacou Lorena.

Vestindo a camisa

A Edenred, com seus 650 colaboradores administrativos, apresentou um case que exemplifica como a Comunicação Interna pode impulsionar o engajamento e fortalecer a identidade corporativa. Larissa Ventura, analista júnior de Comunicação Interna, detalhou a campanha #EuSouTicketLover, que incentivou os funcionários a se tornarem embaixadores da marca nas redes sociais.  

A iniciativa tinha como objetivo promover a marca através de postagens dos próprios colaboradores, utilizando a hashtag #EuSouTicketLover. O programa oferecia um sistema de pontuação baseado nos formatos de posts e nas redes sociais escolhidas, revisado regularmente. Os pontos acumulados podiam ser trocados por prêmios como caixas de som, coolers, roupas e garrafas térmicas – sempre com a identidade da Ticket.

Mesmo aqueles com perfis fechados puderam participar, enviando prints das publicações para um canal dedicado. A transparência foi um dos pilares da campanha, com um regulamento validado pelo Jurídico e critérios de desempate claramente definidos.  

A empresa também estruturou uma auditoria interna com apoio de colaboradores e uma agência para realizar o monitoramento semanal das redes. Os resultados demonstraram o impacto da estratégia: em 2023, a campanha alcançou 350 mil contas, e, de janeiro até setembro de 2024, o alcance chegou a 500 mil contas.

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