Evento na Aberje discutiu o poder da mulher
Hamilton dos Santos, diretor-geral da Aberje, deu as boas-vindas às participantes. “Não estamos aqui para celebrar, estamos aqui para refletir, debater e dialogar”. Ele apresentou uma novidade da associação: a Aberje lançará um laboratório de narrativas de gênero, que irá discutir sobre as questões de gênero nas empresas.
A palestra de abertura foi da Paula Traldi, fundadora da Blossom Desenvolvimento. Ela iniciou com uma provocação: “Há motivos para celebrar?”. Ela apresentou alguns dados de um quadro preocupante: segundo IBGE e pesquisa da FGV, as mulheres estão em apenas 3,9% de presidências executivas, em 18% dos cargos de direção e em 7,7% dos conselhos administrativos. Ao todo, 47% das empresas brasileiras não contam com mulheres em nenhuma posição de liderança. Além disso, ainda há um desequilíbrio grande em relação ao salário e carga horária de trabalho (na soma do emprego com os afazeres domésticos) para as mulheres.
O painel 1, “Mulheres de Sucesso”, que contou com palestras de Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Marcia Neder, jornalista e autora do livro “A revolução das 7 mulheres” e Joyce Moysés, jornalista e autora do livro “Mulheres de sucesso querem poder amar”, tratou sobre o protagonismo feminino. Ana apresentou algumas formas de melhorar o quadro: com políticas afirmativas para dar acesso às mulheres e a criação de programas de apoios pelas empresas. A escritora Joyce Moysés falou da quebra de alguns estereótipos femininos, tais como a ideia de que as mulheres são competitivas e invejosas entre si (“guerra do batom”). Para ela, existe, na verdade, grande articulação nas redes sociais e em coletivos, que mostram a força da atuação feminina. Márcia Neder, por sua vez, mostrou outra perspectiva sobre o empoderamento feminino: a das mulheres acima de 60 anos. Segundo ela, essas mulheres da geração baby boomer foram “forjadas” na desobediência. Revolucionaram os costumes, viveram a libertação sexual, a independência com as pílulas anticoncepcionais e hoje estão novamente quebrando paradigmas, dessa vez sobre o conceito do que é ser “idoso”. “Os 60 são os novos 60”, afirmou a autora.
O próximo painel contou com Hélio Muniz, diretor de Comunicação da Avon, e Marina Terepins, gestora do programa Itaú Mulher Empreendedora. “Sou um homem com orgulho de ser parte de uma empresa comprometida com a mulher”, afirmou Muniz. A Avon conta com 60% de mulheres em seu quadro de funcionários e na liderança já existe equilíbrio de 50%. Marina apresentou programas de empoderamento das mulheres. “Investir na mulher é investir na renovação da sociedade”.
“O protagonismo feminino no ambiente corporativo”, o 3º painel do dia, contou com Grazielle Parenti, Diretora de Assuntos Corporativos e Governamentais na Mondelēz, Patrícia Avilla, VP Burson- Marsteller, e Viviane Duarte, Fundadora do Plano Feminino. No debate entre as palestrantes e a plateia, foram compartilhados vários exemplos de opressão e desqualificação que as mulheres sofrem no ambiente do trabalho.
O último painel teve como tema “Publicidade, Gênero e Racismo: Como Construir Marcas com Propósito”. Alexandra Loras, Consulesa da França no Brasil, contou sobre sua experiência de vida e seu trabalho. “O Brasil me ofereceu um palco enorme para falar sobre o assunto, que é o racismo”. Viviane Duarte e Adriana Mori, diretora da área jurídica da Samsung no Brasil, participaram junto com a consulesa do debate. O consenso é de que ainda há um abismo para a igualdade de direitos, mas a persistência e a resiliência das mulheres na luta é fundamental para se avançar.
O evento teve apoio da Burson-Marsteller e da C&A.
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