ESG e comunicação: normas para divulgar sustentabilidade exigirá mais dos comunicadores
A comunicação das ações e práticas sustentáveis feitas periodicamente pelas organizações exigirá mais do profissional de comunicação corporativa. A forma de comunicar ESG será cada vez mais regulamentada e o comunicador será diretamente afetado. Isso ficou claro durante o debate “Comunicação para ESG”, realizado no dia 30 de agosto, quando também foi lançada a segunda temporada da websérie Insiders: os protagonistas da Comunicação de ESG – uma produção da Jabuticaba Conteúdo em parceria com a Aberje, e disponível no Youtube da Aberje.
Para debater sobre o futuro da agenda ESG e o quanto as empresas estão preparadas para serem transparentes na comunicação com seus stakeholders foram convidados a especialista em finanças sustentáveis da consultoria Nint, Tatiana Assali, e o vice-presidente da Anbima (Associação Brasileira das entidades do Mercados Financeiros e de Capitais), Carlos Takahashi, CEO da BlackRock no Brasil. A jornalista e CEO da Jabuticaba, Maria Tereza Gomes, e o diretor-executivo da Aberje, Hamilton dos Santos, mediaram a discussão.
Linguagem contábil comum
Ao iniciar a sua explanação,Tatiana Assali frisou que a jornada da sustentabilidade envolve a gestão de riscos ESG e a busca por oportunidades de negócios alinhados ao desafio de uma economia inclusiva, de baixo carbono e sustentável. Entre as grandes tendências da agenda ESG estão a regulamentação, os relatórios e as divulgações financeiras sobre sustentabilidade. “A Agenda ESG é uma tendência que se consolida dentro de uma agenda corporativa e gestão de ativos e que tem o desafio da transparência e da comunicação”, afirmou Tatiana.
Ainda mais diante da emissão de novas regras para comunicar ESG e Sustentabilidade. Recentemente, o International Sustainability Standards Board (ISSB) – órgão que estabelece normas para divulgar relatórios financeiros de sustentabilidade – lançou duas novas diretrizes para padronizar e aprimorar essa comunicação. “Vamos ter que seguir esses padrões, porque é a partir daí que os investidores vão galgar as suas decisões. Precisamos estar alinhados ao que o mercado financeiro está pedindo”, alertou a especialista.
Transmitir informações com transparência e de uma forma integrada numa linguagem que une dados financeiros e práticas sustentáveis, apresenta-se, então, como um desafio para o comunicador. Perder o medo do Excel e ter mais ‘conforto’ com os números é a lição de casa para comunicar ESG a partir de uma linguagem contábil comum. “Vocês, comunicadores, não precisam ser especialistas em ESG, mas sim especialistas em saber de onde vem a informação, como organizá-la e garantir que quem fala em nome da empresa saiba o que está falando”, frisou.
Sim. A liderança da companhia tem papel fundamental em mover a empresa para uma agenda adequada e conseguir bons resultados por meio de práticas ESG. A afirmação é de Carlos Takahashi, da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo. Em sua opinião, o relatório anual de sustentabilidade, que contém informações financeiras, é importante, mas não é o suficiente para uma empresa apresentar suas metas de sustentabilidade, responsabilidade social e governança corporativa.
“O relatório de sustentabilidade é um bom começo, mas não termina nele mesmo. Cada vez mais, as empresas vão passar por escrutínio por parte dos investidores”, salientou. “Ao longo do tempo, teremos padrões e métricas mais consistentes, pois estamos numa jornada; o cenário atual demanda esse tipo de escrutínio porque tudo é principiológico”, explicou.
Takahashi também opinou sobre o greenhushing – termo que se refere a empresas que propositadamente mantêm silêncio quanto às suas metas de sustentabilidade por medo de serem rotuladas de greenwashing. “Este é mais um fenômeno que estamos vivenciando, não é uma boa prática, acho que o silêncio não é bom. É preciso saber tratar a narrativa de uma forma consistente e coerente”, comentou.
Assista à live na íntegra:
Websérie destaca projetos de ESG
O primeiro episódio da segunda temporada de Insiders: os protagonistas da Comunicação de ESG já está no ar. Nele, a gerente de sustentabilidade na LATAM Airlines Brasil, Ligia Sato Paccioni, apresenta o programa “Embaixadores da sustentabilidade”, criado para sustentar a estratégia ESG da empresa aérea. Hoje, o programa conta com cerca de 400 pessoas engajadas, atuando como pontos-focais: disseminam as informações nas pontas e identificam oportunidades de melhoria em sustentabilidade.
Nos próximos episódios de Insiders, as empresas União Química, Toyota, Avon, Ultracargo e BRF também mostram o que estão fazendo para reforçarem o seu comprometimento com a sustentabilidade.
Este ano, a websérie teve como objetivos principais apresentar profissionais que se sobressaem na comunicação da agenda ESG, reconhecer empresas que dialogam com seus diversos stakeholders e inspirar outros profissionais a usarem o poder da comunicação na construção de um mundo mais sustentável.
Os episódios são lançados toda quarta-feira e ficam disponíveis nas redes sociais da Jabuticaba Conteúdo e da Aberje. As empresas participantes das duas temporadas são associadas à Aberje.
Destaques
- Retrospectiva Aberje 2024: mundo em crise e transição
- Tema do Ano “Comunicação para a Transição” é renovado para 2025
- Valor Setorial Comunicação Corporativa 2024 analisa importância das conexões e da transparência na Comunicação
- Aberje participa de jantar comemorativo dos 25 anos da Fundação Gol de Letra
- Web Summit Lisboa 2024: Inovação e ética em um futuro moldado pela IA
ARTIGOS E COLUNAS
Carlos Parente Na comunicação, caem por terra influencers sem utilidade e erguem-se, aos poucos, os curadores de conteúdoGiovanni Nobile Dias Como você tem nutrido seu cérebro?Marcos Santos Por tempos melhoresThiago Braga O impacto de modernizar a Comunicação Interna em uma grande indústriaGiovanni Nobile Dias O alarmante retrato da leitura no país