25 de julho de 2024

Encontro de líderes debate responsabilidade do setor empresarial e papel da comunicação na COP30

Evento sede da Aberje recebeu CEO da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, Carlo Linkevieius Pereira

Na quarta-feira (24), a Aberje recebeu em sua sede, em São Paulo, o encontro “Engajamento na COP30: uma visão para Comunicação Corporativa”, exclusivo para membros do LiderCom, grupo composto pelas lideranças da Comunicação Empresarial Brasileira. Durante a reunião exclusiva para membros, o CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, Carlo Linkevieius Pereira, compartilhou experiências, destacou a responsabilidade do Brasil na Conferência e ressaltou o papel da Comunicação no compromisso com o meio ambiente.

Com mediação de Mônica Alvarez, Gerente de Comunicação Corporativa da Alubar, dezenas de participantes discutiram a importância da participação do setor privado, os desafios logísticos e as oportunidades para empresas e governos, além de como as empresas podem se preparar e se envolver efetivamente na COP30.

Na abertura do encontro, o diretor executivo da Aberje, Hamilton dos Santos, apresentou Pereira e Alvarez, além de registrar as presenças de Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje e professor titular da ECA-USP.

Hamilton lembrou aos presentes que a Aberje é signatária do Pacto Global desde 2018, e que mantém desde então uma representação institucional e ativa no grupo hoje denominado Plataforma de Ação para Comunicar e Engajar, a PACE, que mantém um blog no portal Aberje, Agenda 2030. Além disso, frisou que no início deste ano as duas instituições se uniram na concepção e criação do programa Missão COP30, um curso preparatório para comunicadores, que estreia em agosto, inicialmente para convidados, e que deve se desdobrar em iniciativas de acesso aberto às associadas da Aberje e signatárias do Pacto. 

O papel do Pacto

Pereira explicou ao auditório que o Pacto é uma associação empresarial, “UN-based, business-led”, dirigida por um Conselho de Administração formado por oito empresas. Essa associação deve seguir os padrões de qualidade da ONU para que possa usar o nome da Organização.

De acordo com Pereira, o Pacto Global da ONU não tem relação direta com a COP – que é a conferência do UNFCCC–, mas frequenta os eventos e está envolvido com organizações dos setores público e privado, incluindo a ONU, e com o “pensar da COP”. No Brasil, a implementação da edição da COP em Belém está a cargo do Governo Federal, que criou uma secretaria para isso, conforme explicou Pereira.

“Tudo que envolve o clima está ficando mais drástico e isso vai ficar mais forte para as empresas que atuam no Brasil”, afirmou Pereira, explicando ainda que eventos climáticos mais extremos devem acontecer com maior frequência. “Esse cenário deve fazer crescer a pressão sobre os comunicadores, que precisam entender o impacto impacto da questão da crise climática na sua organização, e a liderança empresarial deve estar atenta e pronta para responder”, continuou.

Brasil no centro do mundo

“A COP também tem seus riscos, então eu acho bom vocês conversarem com quem já participou”, comentou Pereira. Ele explicou que, em muitos casos, os espaços da conferência propriamente dita são pequenos, com agendas incertas, o que dificulta atrair a atenção da imprensa. Por isso, pode ser interessante usar o espaço da COP30 como um chamariz para eventos externos – o que é uma prática consolidada de várias organizações.

Monica Alvarez questionou Pereira sobre os desafios de infraestrutura para que Belém receba a COP30. Ela citou uma parceria com o AirBnB por meio do Sebrae, para incentivar a locação de casas durante o evento e capacitar anfitriões, motoristas e trabalhadores dos setores de alimentação e hospitalidade para receber os visitantes. “Isso é uma questão, e muita gente está tentando ajudar, incluindo empresas e o governo do estado”, respondeu Pereira. “Estão falando inclusive em dividir os eventos pelo Brasil, mas não faz sentido não fazermos nada em Belém”, continuou, citando inclusive um levantamento feito com base em edições anteriores, que indica que 30% dos visitantes vão à conferência apenas para o evento com chefes de Estado. “A COP30 vai acontecer e vai ser boa – Belém recebe o Círio de Nazaré todos os anos, com 2 milhões de fieis”, concluiu. Alvarez concordou, lembrando que a COP30 é uma chance para que o Brasil apareça, e questionou como o Pacto Global – Rede Brasil vê essa oportunidade de uma COP brasileira.

Para Pereira, a Conferência traz um sentimento de “Brasil no centro do mundo” e o Pacto promove isso no exterior. “Eu vejo que os brasileiros e brasileiras estão muito animados com a COP e nós vamos ter um espaço justamente para promover essa integração dos brasileiros com a Amazônia, para que o resto do Brasil possa se apropriar desse tema também”.

Em seguida, Paulo Nassar reforçou a proximidade entre a Aberje e o Pacto Global – Rede Brasil, destacando que a Comunicação hoje acontece em um tempo e em um espaço expandidos e chamou a atenção dos presentes para a importância do aprendizado no processo de comunicação. Nassar falou sobre a “2° Edição Expedição Amazônia: Conhecer para Comunicar”, organizada pela Escola Aberje de Comunicação, que acontece de 28 de julho a 3 de agosto, e sobre a oportunidade que ela traz a comunicadoras e comunicadores de aprender mais sobre a Amazônia. Nassar questionou ainda sobre os recentes movimentos que chamou de “desglobalização”, usando o ex-presidente americano Donald Trump como um exemplo de um movimento de viés nacionalista e nativista.

Pereira falou sobre os efeitos sociais, políticos e territoriais da questão climática, citando os recentes deslocamentos forçados de populações devido a mudanças climáticas, e explicou que questões como poluição não podem ser contidas por fronteiras nacionais. Pereira abordou ainda a guerra na Síria, que durante a administração Obama foi relacionada à crise climática, devido a uma grande seca que gerou “uma pressão muito grande em algumas zonas urbanas e acabou levando a uma deterioração do tecido social”. Por fim, Pereira defendeu que essas situações podem levar a um radicalismo e a um crescimento de uma tendência conservadora, mas que não acredita em desglobalização em si, mas em um rearranjo geopolítico.

Preparação

Ao responder perguntas de presentes sobre temas abordados na COP e cuidados que devem ser adotados por participantes da Conferência, Pereira explicou que as atividades das COPs são divididas em dias temáticos, com atividades organizadas em torno do assunto do dia. Ele explicou que é fundamental avaliar a pertinência da participação e estudar as diferentes questões abordadas no evento e suas implicações. “O ambiente pode ser hostil, tem que ir com cuidado, de maneira consistente”, disse.

Pereira lembrou que alguns setores sofrerão um escrutínio maior que outros, mas que, ao mesmo tempo, há espaço para repactuar metas, inclusive devido a inovações tecnológicas; “A realidade está se impondo sobre as metas”, concluiu.

Ao final do evento, Pereira lembrou aos presentes da COP29, que será realizada em Baku, no Azerbaijão. Ele frisou que essa conferência, classificada como uma COP intermediária, é uma oportunidade para que as pessoas e organizações conheçam os players que devem participar das atividades. “Mas, sendo inteligente, vocês também podem gerar awareness com um evento no Brasil durante a COP de Baku, de maneira mais segura”, ressaltou Pereira.

No encerramento do encontro, Victor Henrique Pereira, gerente de Relações Institucionais da Aberje, falou aos presentes sobre a Missão COP30 e convidou os participantes para conhecerem o curso, desenvolvido pela Aberje em parceria com a Plataforma de Ação Para Comunicar e Engajar, do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, voltado para comunicadores com conteúdo específico para a COP30. O início das aulas está previsto para agosto de 2024, com a participação de 40 empresas. A partir do curso, será produzido um e-book que será disponibilizado na plataforma da Aberje e compartilhado com as mais de 940 associadas e 2 mil empresas participantes do Pacto. Até a COP30, também serão realizados os Webinars Pré-COP30, com a participação de especialistas envolvidos na agenda climática brasileira.

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