Edelman Trust Barometer 2022 revela aumento de confiança nas ONGs e nas Empresas – as únicas vistas como confiáveis, éticas e competentes no Brasil
Polarização e desinformação contribuem para o crescimento da desconfiança no Governo, na Mídia e em representantes governamentais, empresariais e da imprensa. Preocupações com desemprego, mudanças climáticas e perda de liberdades civis se intensificam, enquanto Capitalismo e Democracia são questionados
Os dados brasileiros do estudo global EDELMAN TRUST BAROMETER 2022 revelam aumentos de confiança nas ONGs e nas Empresas e quedas no Governo e na Mídia. Em relação ao último ano, a confiança nas Empresas (64%) subiu 3 pontos, mantendo a instituição no posto de “a mais confiável”. A confiança nas ONGs (60%) foi a que mais cresceu (4 pontos), movendo a instituição do patamar de neutralidade, onde se encontrava desde 2018, para o patamar de confiabilidade. Além de confiáveis, Empresas e ONGs são as únicas instituições vistas como éticas e competentes ao mesmo tempo – outra conquista importante para o terceiro setor, pois, até o ano passado, apenas as Empresas se encontravam nessa posição. Por outro lado, Governo e Mídia não são considerados confiáveis, nem competentes ou éticos. No último ano, a confiança no Governo (34%) despencou 5 pontos e na Mídia (47%) caiu 1 ponto. No estudo, Mídia englobla imprensa, redes sociais, mecanismos de busca e canais proprietários de empresas e marcas.
O Edelman Trust Barometer 2022 é a 22ª edição do estudo anual de confiança e credibilidade da Edelman. A pesquisa foi desenvolvida pela Edelman Data & Intelligence por meio de entrevistas on-line de 30 minutos, realizadas entre os dias 1º e 24 de novembro de 2021, com mais de 36 mil pessoas – cerca de 1.150 respondentes em cada um dos 28 países pesquisados.
“Considerando a média da confiança nas quatro instituições, o Brasil se encontra no nível de neutralidade, com 51%, sem registrar alteração em relação ao ano anterior”, diz Ana Julião, Gerente Geral da Edelman Brasil. “Para responderem aos desafios da pandemia, as empresas buscaram a parceria das ONGs, que, por sua vez, passaram a se comunicar melhor com seus públicos – fatores que podem ter contribuído para o aumento da confiança nas empresas e no terceiro setor”, avalia.
Seguindo tendência global, os brasileiros consideram o Governo (59%) e a Mídia (43%) “forças desagregadoras na sociedade”. Cada vez mais pessoas acreditam que autoridades estão mentindo. Para 78%, “líderes governamentais do meu país estão “tentando enganar as pessoas de propósito dizendo coisas que sabem ser falsas ou grosseiramente exageradas” – 74% pensam isso sobre jornalistas e repórteres e 73% sobre líderes empresariais no Brasil.
A desinformação é vista como ameaçadora, com 81% dos entrevistados no país se preocupando que “informações falsas ou fake news sejam usadas como arma”. Com tanta falta de crença, capitalismo e a democracia são questionados. Para 49% dos brasileiros, “o capitalismo da forma como existe hoje faz mais mal do que bem no mundo” e, para 29%, “economias administradas de forma centralizada se saem melhor do que economias de livre mercado”. A desinformação, no entanto, está longe de ser a única preocupação dos brasileiros. Ela vem acompanhada de perda do emprego (89%), mudanças climáticas (84%), perda de liberdades civis (81%) e de preconceito racismo (63%) – todos os índices registraram aumentos no último ano. Nesse contexto, ao mesmo tempo que, para apenas 35% dos brasileiros os Governos são vistos como capazes de coordenar esforços interinstitucionais para solucionar problemas, cresce a pressão sobre as Empresas para que liderem questões sociais altamente diversas. Para os brasileiros, as Empresas não estão fazendo o suficiente em relação à desigualdade econômica (61%), mudanças climáticas (60%), acesso à saúde (56%), requalificação profissional (57%), informação de credibilidade (51%) e injustiças sistêmicas (50%). Essa visão tem alto potencial de impacto nos negócios, em especial porque 63% dos brasileiros compram, 58% escolhem um lugar para trabalhar e 60% investem com base em seus valores e crenças. “Os achados revelam o tamanho das expectativas das pessoas em relação às Empresas, e ele é imenso. Frente a uma desconfiança cada vez maior no Governo, as pessoas querem que elas assumam papéis de liderança e obtenham resultados”, diz Ana Julião. “Parcerias com outras instituições, visão e investimentos de longo prazo e informações de qualidade são fundamentais nesse processo”, completa.
OUTROS ACHADOS DO ESTUDO GLOBAL:
- Meu Empregador (79%) continua sendo a “instituição” mais confiável, à frente, inclusive, das Empresas (64%), no Brasil. – A mídia do Meu Empregador (69%) é a fonte de informação mais crível, segundo os brasileiros, deixando para trás até mesmo reportagens jornalísticas com indicação da fonte (55%).
- Autoridades governamentais (26%) e CEOs das empresas (43%) são os líderes menos confiáveis, enquanto os cientistas (81%), “meus colegas de trabalho” (72%) e “meu CEO” (65%) sãos os mais confiáveis no país.
- As pessoas esperam que os CEOs influenciem políticas públicas – sem entrar na política. Para 78% dos brasileiros, esses executivos devem fundamentar discussões sobre políticas relacionadas à tecnologia e automação, enquanto apenas 39% pensam que eles devem se posicionar sobre “quem deve ser o próximo líder do país”. – Dados globais mostram que o setor de Tecnologia (74%) continua sendo o mais confiável, seguido dos de Educação, Saúde e Manufatura (69%). Os menos confiáveis são Mídias Sociais (44%) e Serviços Financeiros (56%).
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