Creator Economy foi assunto de debate em evento da Aberje
Percebida como uma tendência de indivíduos que usam ferramentas e plataformas digitais para criar e monetizar conteúdo, a Creator Economy foi tema da 8ª edição do FIRE Festival – evento referência de marketing digital, empreendedorismo e inovação da América Latina -, realizado recentemente em Belo Horizonte (MG), pela Hotmart, empresa global de tecnologia. Com o objetivo de disseminar todo esse conhecimento com sua rede de associados, a Aberje abriu um espaço de discussão sobre as macrotendências desse segmento identificadas durante o festival.
Na oportunidade, o vice-presidente global de Assuntos Corporativos na Hotmart, Leandro Conti, compartilhou seu report de tendências e os principais destaques do evento. No debate da Aberje participaram também a pesquisadora de Comunicação Digital, Issaaf Karhawi; a gerente de Comunicação Corporativa e Marca Empregadora na Localiza, Ilane Saraiva; e o gerente de Relações Institucionais da Aberje, Victor Pereira, como mediador do encontro.
Economia consolidada
Ao compartilhar reflexões e insights das tendências dos negócios da Creator Economy, Leandro Conti destaca que o surgimento desse tipo de economia se deu quando as diferentes audiências começaram a ter inúmeras opções de conteúdos, que ocorreu a partir da popularidade das redes sociais.
“As pessoas passaram a criar seus próprios conteúdos para a sua própria audiência, essa audiência engajada foi alavancada pelo avanço da tecnologia e, consequentemente, gerou avanço do conhecimento digital para todo mundo. É um setor presente em lugares diferentes e que abrange qualquer assunto”, salientou Conti, acrescentando que a Creator Economy se consolida quando as pessoas começam a ganhar dinheiro com isso, pois as pessoas estão dispostas a pagar por esse tipo de conteúdo.
Pesquisa da Adobe mostra que o número de pessoas que estão criando conteúdo na internet dobrou desde 2020. Atualmente são cerca de 300 milhões de criadores de conteúdo no mundo e somente 20% deles administram negócios relacionados a conteúdos. “É uma oportunidade de mercado muito grande e ainda assim é uma indústria que movimenta muito dinheiro”, afirmou o executivo.
Segundo a Factworks Meta, no Brasil existem 20 milhões de criadores com mais de mil seguidores e que, portanto, já conseguem monetizar e o banco de investimentos Goldman Sachs calcula que o valor da Creator Economy deste ano no mundo chega a US$ 250 bilhões, montante que deve dobrar nos próximos anos.
Tendências da Creator Economy
Entre os conteúdos inéditos e inspiracionais identificados durante a 8ª edição do FIRE Festival, Leandro Conti compartilhou seis tendências que podem transformar carreiras na área da Comunicação. A primeira delas é que a inteligência artificial não vai substituir humanos e sim, ajudá-los. “94% dos criadores de conteúdo já estão usando ferramentas de IA para, pelo menos, uma tarefa, como editar e revisar conteúdo, gerar imagens e mixar áudios e vídeos, apoiar em tarefas operacionais, analisar dados etc”, destacou.
A segunda afirmação de Conti é de que as comunidades vieram para ficar. “O que está acontecendo é a escala e a monetização. As comunidades seguem com conteúdos específicos, qualificados e com altíssimo engajamento e vão se fortalecer cada vez mais”, acentuou, citando estudo da Linktree, que mostra que 67% dos criadores têm entre mil e 10 mil seguidores, 21% têm entre 10 mil e 100 mil enquanto que apenas 2% possuem mais de 100 mil seguidores.
A importância da saúde mental do criador foi outro ponto destacado. “O criador de conteúdo tem horários flexíveis e pode trabalhar de qualquer lugar do mundo mas tem um chefe invisível: o algoritmo”, lançou Conti. “Saber que viver disso é bom mas não é fácil, pois exige muito trabalho, é preciso ser muito seletivo e procurar ter a sua audiência em canais proprietários, dos quais seja possível controlar o ritmo, de alguma forma, para evitar a estafa e não colocar o negócio em risco”, ressaltou.
A quarta tendência desse universo é apostar em multiplicidade de formatos e plataformas para escalar o negócio, sempre voltado à audiência, como podcasts, newsletters, comunidades, cursos, ebooks, eventos, mentorias, entre outros. “Você pode estar em contato com a sua audiência de uma forma que não dependa do algoritmo; ou seja, tudo o que ofereça maior controle e que complemente e necessidade do seu público tem maior chance de criar um negócio escalável e de qualidade”, analisou o executivo.
Outro ponto é que o branding segue importante para marcas e pessoas. Os três grandes pilares de um branding pessoal ou de uma marca é: (1) pensar em formas diferentes de abordar sua comunidade/audiência; (2) manter o conteúdo autêntico; e (3) entregar produdos/serviços/conteúdos que agreguem valor não só para a marca mas também para o público-alvo.
A profissionalização desse setor é outra tendência trazida por Leandro Conti. “É um setor que cresceu muito, mas ainda tem muito espaço para se profissionalizar e, enquanto profissionais de comunicação, podemos ajudar muito já que esses criadores de conteúdo precisam de pessoas que escrevam para eles, entre outras coisas. Muitos creators sabem disso e 50% deles terceirizam parte do seu negócio criando novas oportunidades”, comentou. “E você? Como você pode entrar nesse segmento ou como a marca que você representa pode fazer uma conexão real com as pessoas, sem depender apenas de publis?”, provocou.
Uma nova economia
A economia criadora tem crescido rapidamente nos últimos anos, à medida que mais pessoas se tornam criadores de conteúdo e mais audiências consomem conteúdo digital. Isso indica que esse mercado ainda está explorando e experimentando diferentes modelos de negócios e estratégias.
Para a pesquisadora de Comunicação Digital, Issaaf Karhawi, a creator economy está passando por uma transição e a dica é observar o contexto histórico atual que reflete uma série de tendências. “Estamos no momento de reconhecer o que é, de fato, a creator economy. É uma virada na forma como a gente pensa o trabalho com criadores de conteúdo e influenciadores digitais. Impacta tanto na ponta de quem cria conteúdo quanto na outra ponta de quem está trabalhando com esses criadores, que estão assumindo o protagonismo nessa economia”, analisou.
Em sua visão, a profissionalização de ampliação de um modelo de negócio é positiva tanto para as marcas quanto para os influenciadores criadores. “São possibilidades ampliadas dentro deste mercado atendendo, inclusive, a desejos dos próprios criadores de conteúdo, que buscam independência. É uma nova perspectiva que prevê novas competências profissionais”, ponderou.
Ao fazer uma associação da comunicação corporativa com esse universo, Ilane Saraiva, da Localiza, enfatizou que essa economia criadora é a ponte de conexão entre a comunicação e a publicidade e o marketing. “Temos que aprender muito com vocês e beber dessa fonte com profundidade. Existe uma inteligência de conteúdo muito bem planejada em tudo o que vocês fazem e no nosso universo o que fazemos é dar contexto aos nossos diferentes stakeholders por meio de conteúdo”, ponderou. “Queremos entender como podemos acelerar e ganhar escala na nossa comunicação corporativa, pois o nosso público é o mesmo que se mistura com a audiência de vocês”, complementou.
Chamar a atenção da audiência é um aspecto fundamental para ter sucesso na economia criadora e em qualquer esforço de criação de conteúdo, como na comunicação empresarial, conforme destacou Victor Pereira, da Aberje. “Hoje, independentemente do negócio, as empresas disputam a atenção e no universo da comunicação corporativa, disputar atenção é para construir reputação e, ao olharmos para mercados mais tradicionais ou menos tradicionais, como conseguir captar essa atenção?”, provocou, citando que o aumento da interação e do impacto via comunicação digital está entre os principais desafios das organizações em termos de comunicação, de acordo com as recentes pesquisas de tendências realizadas pela Aberje.
Assista à live na íntegra:
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