Conselho Consultivo da Aberje discute a importância da consultoria política para o posicionamento empresarial
A reunião do Conselho Consultivo da Aberje, realizada no dia 02 de junho, contou com a eleição de dois novos membros, Ana Torezan Andreucci, Professora da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e uma das maiores especialistas no Brasil em direito da criança e do adolescente, organizadora do livro “Estatuto da Criança e do Adolescente após 30 anos – Narrativas, ressignificados e projeções” (2021, Editora Thoth); e Murillo de Aragão, CEO e fundador da Arko Advice e Professor-Adjunto da Columbia University (Nova York).
Na ocasião, Murillo falou sobre “a importância da consultoria política para o posicionamento empresarial”. Os membros do Conselho Consultivo da Aberje são eleitos por seu compromisso com a Associação, sua qualificação acadêmica, técnica e profissional. As reuniões são realizadas semestralmente, quando são debatidos temas de interesse geral da área e questões relativas ao bom andamento da Associação.
Na ocasião, a professora Ana Torezan Andreucci agradeceu pela oportunidade de tomar posse do Conselho Consultivo da Aberje e falou sobre o tema a que se dedica, juntamente com Paulo Nassar, diretor-presidente da Aberje, que são as novas narrativas do direito à Comunicação, do direito à voz e à participação de crianças e adolescentes como sujeito de direito no Brasil e fora dele. “Apesar de a legislação ter avançado, ainda é uma legislação que não sai do papel. Ainda vemos crianças sendo tratadas como objeto, como não sujeitos de direito e a voz é algo de muita importância. Por que os grupos vulneráveis precisam tanto dessa voz e são tão silenciados?”, indaga.
“Como podemos reverberar a Comunicação Não-Violenta e a Educação para os pais, a partir da Comunicação Pública e Política do Judiciário nas famílias. Essas novas narrativas de Comunicação Pública do Poder Judiciário começa a se aproximar de uma população tão vulnerável, como a das crianças e adolescentes”, complementa Ana.
Organizações devem estar atentas
Ao iniciar sua participação, Murillo de Aragão, que também é mestre em Ciência Política, frisou que países como o Brasil têm uma imensa dependência do poder público. “Essa dependência é explicada por vários fatores, como o Estado como propulsor do desenvolvimento, o Estado como legislador e o Estado como um concorrente”. Aragão salienta ser fundamental para as empresas e qualquer interesse organizado como cooperativas, sindicatos, associações e entidades, por exemplo – num ambiente de protagonismo excessivo ou forte do Estado – saber (1) o que está acontecendo, (2) quem está envolvido, (3) como o que está acontecendo pode impactá-la, (4) o que ela pode fazer e (5) como ela posso fazer. “São perguntas que devem ser respondidas pelas corporações quando se deparam com alguma mudança de cenário”.
Nesse sentido, três temas se sobressaem: a política em geral, o campo das políticas públicas e a gestão de crises. “Muitas decisões de cunho monetário, financeiro e fiscal são tomadas a partir da dinâmica da política geral. As políticas públicas são específicas ao setor, políticas que tenham o business da companhia em certos momentos”, salienta o advogado. “Em todos esses campos, a tomada de decisão depende de inteligência. Esse é o ponto. Entendo que uma empresa no Brasil para ser efetiva e atravessar essas etapas de mudanças de poder, deve superar a questão do relacionamento e ser abrangente”, complementa.
Processo político brasileiro
Em sua visão, a democracia no Brasil gerou fenômenos muito complexos e que demoraram a serem digeridos pela opinião pública. “Nesses últimos 15 anos, nós tivemos a judicialização da política ganhando imensa predominância, onde o próprio mundo político vai à Justiça em busca de decisões. Não há nenhuma decisão relevante do Congresso Nacional que não seja disputada no Supremo”, analisa.
Para Aragão, o processo político brasileiro é, de longe, o mais sofisticado fora as grandes nações de primeiro mundo. “Não há nada parecido na China, na Rússia em grau de complexidade e participação de atores e vetores de influência no debate político brasileiro.
Ainda como fenômeno desses últimos anos, a emergência do compliance mudou muito, na visão do especialista.”Hoje, temos um caráter transacional das regras que as nossas empresas e consultorias devem seguir – regras americanas de anticorrupção, regras inglesas ou da comunidade europeia – que exigem que tenhamos comportamentos relacionados à legislação de fora. Isso também tem uma relevância importante”, acentua.
“E, por fim, as próprias redes sociais, que dinamizaram a sociedade, que já é dinâmica por si. O Brasil é um paradoxo, é altamente globalizado e pobremente internacionalizado; temos ainda um largo caminho a percorrer em termos de internacionalização”, complementa. “As consultorias políticas devem existir e estar aptas para entender o que está acontecendo, antecipar tendências e explicá-las dentro do possível, numa sociedade submetida a um mundo de transformações”, conclui Aragão.
Estiveram presentes os conselheiros Ana Torezan Andreucci, André Luiz Senador, Carlos Henrique Parente, Eugênio Bucci, Fabio Caldas, José Eduardo Gonçalves, Kalil Cury Filho, Marco Aurelio Ruediger, Maria Ignez Mantovani Franco, Nemércio Nogueira Santos, Ricardo Viveiros, Rubens Naves, Vinicius Mariano de Carvalho e Yacoff Sarkovas; além de Paulo Nassar (Diretor-Presidente), Hamilton dos Santos (Diretor-Executivo), e os convidados André Vieira, Caio Urbano, Fábio Toreta, Maria Elisa Curcio, Mario Mazzilli e Sergio Andreucci.
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