Comunicadores reconhecem o tempo, a estratégia e a atuação em rede como principais desafios atuais da comunicação interna
Lideranças de comunicação de renomadas empresas participaram, no dia 22 de fevereiro, de um debate online para comentar os resultados da 8ª edição da Pesquisa de Tendências em Comunicação Interna (CI), realizada anualmente pela Ação Integrada, nos últimos anos em parceria com a Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Na oportunidade, participaram a gerente sênior de Comunicação e Engajamento EY Brasil e Latam, Isabela Botaro; a gerente de Comunicação Interna da Michelin América do Sul, Renata Marques; e a gerente de Comunicação Interna da General Motors América do Sul, Selva Carbajal. A apresentação da pesquisa e o debate foram transmitidos ao vivo no canal do Youtube da Aberje.
Mais de 200 empresas de diversos portes e segmentos de várias regiões do país contribuíram para a construção deste panorama completo sobre como será a comunicação interna ao longo de 2024. Foram analisadas questões como principais objetivos, mensagens, canais, campanhas, comunicação pelos gestores, desafios para o ano e gestão de processos de Comunicação Interna.
Ao iniciar a apresentação do estudo, a fundadora e diretora-presidente da Ação Integrada, Adevani Rotter, destacou que os dois principais objetivos de CI nas empresas refletem alguns dos principais desafios da área para 2024: fortalecer cultura e orgulho em um ambiente que valorize o colaborador (93%) e criar clareza em torno da estratégia da empresa engajando os colaboradores nessa jornada (79%).
Principais desafios da CI para 2024
Desde a sua primeira edição, ou seja, há oito anos, a pesquisa mostra que engajar lideranças como comunicadores continua sendo o principal desafio da Comunicação Interna nas organizações. “A novidade é que este ano o percentual foi de 64% e no ano passado era 75%. Será que temos conseguido engajar as lideranças das nossas empresas?”, indaga Adevani, da Ação Integrada. “Sabemos que Comunicação é uma competência que separa o gestor de um líder. É preciso incluir essa competência na avaliação de desempenho de seus líderes; apenas 36% das empresas fazem isso”, completou.
Outros desafios foram elencados: 52% dos respondentes, afirmam que o maior deles é melhorar a mensuração e a gestão de dados; para 49% é comunicar estratégia e cultura e 46% dos participantes entendem que o mais difícil é fazer a comunicação chegar aos públicos operacionais. “Um ponto que chamou a atenção na pesquisa foi que 44% querem melhorar a experiência dos colaboradores com os canais de comunicação e 43% têm o desejo de gerenciar o excesso de informações”, comentou a executiva.
Diante de tudo isso, onde os comunicadores estão investindo mais tempo? O estudo revela que a maior parte do tempo deles (48%) está voltada para a construção de conteúdos para canais, comunicados, campanhas e materiais especiais. “A gente vem das faculdades de comunicação com o modelo mental de sermos produtores de conteúdo, fazer textos e produzir informação, só que temos que repensar e ressignificar a nossa atuação, porque com uma equipe enxuta não é possível fazer tudo o que é preciso”, ponderou.
Em relação aos temas priorizados pela área, a pesquisa destaca: Cultura da empresa (73%), Iniciativas de gestão de pessoas (69%), Diversidade e inclusão (62%) e Estratégia e resultados da empresa (60%). “Há o desejo, por parte dos comunicadores, de se fazer uma comunicação mais humanizada. Isso se percebe porque os temas escolhidos tem a ver com esse tipo de comunicação. Isso é importante, pois primeiro devemos pensar o que as pessoas querem saber para alimentá-las com essas informações, para então pensar no que a empresa quer falar”, analisou.
Demandas atuais: tempo, estratégia e trabalho em rede
Engajar lideranças como comunicadores continua sendo o principal desafio da Comunicação Interna para garantir uma comunicação consistente e inspiradora em uma organização. Assim, as empresas podem melhorar significativamente a qualidade da Comunicação Interna, promover uma cultura de transparência e colaboração e aumentar o engajamento e a motivação da equipe. E qual seria a melhor forma de aproximar a média liderança para serem disseminadores mais engajados da comunicação?
Na visão de Renata Marques, da Michelin, a média liderança tem um papel fundamental para o compartilhamento de informações e fazer as conexões certas de estratégias por estarem muito próximos das equipes através da escuta e então retroalimentam a área de comunicação. “Sabemos que no ambiente operacional a rotina é muito mais atribulada; por isso temos reuniões periódicas pilotadas pela área de RH com as equipes de liderança e nós da Comunicação Interna apoiamos, com a curadoria e materiais facilitadores como kits para os gestores, por exemplo. Estamos desenvolvendo uma plataforma na intranet, o Canal do Gestor, para dar suporte às comunicações que eles precisam fazer”, contou.
“De modo geral, também apoiamos a liderança da empresa, com materiais e conteúdos em diferentes canais para que possam adaptar a linguagem à realidade das pessoas, conectando os pontos e traduzindo para o dia a dia dos times o que é relevante para eles”, continuou Isabela Botaro, da EY Brasil. “Outra coisa que estamos investindo de maneira sistêmica e estratégica é na criação de grupos de líderes embaixadores para algumas iniciativas que requerem uma relação mais próxima e uma mudança de comportamento”, comentou.
Selva Carbajal, da GM, frisou a importância da preparação da liderança. “Especialmente com antecedência, para o líder sobre o tema que você acha que ele vai necessitar como influenciador; se o tema é muito crítico ou complexo, fazer webinars ou reuniões virtuais, além de treinamentos com táticas e ferramentas básicas para melhorar os skills dos comunicadores”, disse.
“É importante ter consciência dos desafios, mas também procurar entender o que o mercado está dizendo. Essa troca de informações é muito importante, e nos ajuda a evoluir e a criar uma jornada de transformação em nossas empresas”, comentou Isabela. “A comunicação interna é o coração da empresa, e isso traz uma responsabilidade enorme e o entendimento de que a gente está ali com a missão de fazer dar sentido, de fazer os links com as estratégias e fazer isso percorrer toda a organização”, complementou Renata.
Para Selva, o posicionamento da área de CI dentro das organizações também é um desafio para os comunicadores. “Acho que para sermos percebidos como business partner, que adiciona valor concreto ao negócio, depende muito de nós, de como nos apresentamos, se temos um plano estratégico para trabalhar e se comunicamos esse plano, se somos percebidos como menos táticos e mais estratégicos. Isso inclui repensar como usamos o nosso tempo. Temos que aprender quando trabalhar em rede nesse mundo descentralizado”, concluiu.
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