Comunicação na região amazônica: é preciso conhecer para atender demanda local
Os Estados da Amazônia Legal passaram a ser representados de forma regional e temática com a criação do Capítulo Aberje Amazônia, inaugurado no dia 29 de agosto. A posse da diretoria aconteceu durante um almoço em Belém do Pará, cidade que vai abrigar a sede do novo capítulo. O evento contou com a presença de profissionais de empresas locais, agências, acadêmicos e jornalistas dos principais veículos da região.
O diretor-executivo da Aberje, Hamilton dos Santos, ressaltou que a escolha da cidade se deu devido à concentração de empresas associadas no Estado e também ao potencial de desenvolvimento de atividades e captação de novas associadas. “Temos observado que se fala muito da Amazônia, mas nem sempre com muita propriedade. Então, um dos nossos objetivos de uma representação forte na Amazônia Legal, é a gente conhecer e entender melhor essa região e nada mais apropriado do que ouvir a própria voz da região, por meio dos seus comunicadores”, disse.
Na ocasião, a gerente de Comunicação para o território Norte da Vale, Elis Ramos, profissional com mais de 20 anos de experiência em Comunicação Organizacional, foi empossada como diretora do Capítulo Amazônia. “Minha motivação é a crença de que a gente pode, de que não somos invisíveis, temos muita qualidade e que o nosso olhar gera valor para as nossas marcas – muitas delas vêm de fora com uma narrativa que não faz sentido para o ribeirinho”, salientou a executiva.
A comunicação no território ribeirinho
Após a nomeação da diretora do Capítulo Amazônia, uma mesa-redonda reuniu a sócia-fundadora da Temple, Cleide Pinheiro, e o diretor-presidente do Instituto Bem Amazônia e líder do projeto Amazônia Vox, Daniel Nardin, para uma conversa sobre a comunicação da Amazônia e na Amazônia.
Ao iniciar sua fala, Cleide enfatizou que, para atender a demanda local, é fundamental que não só o profissional de comunicação conheça a região em que vive, mas que os clientes de marcas globais também entendam que a realidade da região amazônica é outra. “Eles precisam compreender de que forma pensam as pessoas que vivem aqui. Eu não consigo me comunicar com o ribeirinho se eu não tenho noção da vida que ele leva e do que é valor para ele”, acentuou. “Se a comunicação é quadrada e vem embalada para falar com quem vive em São Paulo, por exemplo, não faz sentido para quem é daqui”, complementou.
A executiva frisou que a própria região deve se posicionar como um grande ecossistema, assim como o comunicador, que deve ter uma missão de ‘causa’. “Precisamos posicionar e defender a Amazônia, do ponto de vista da reputação e entendê-la como uma causa. A comunicação deve ser uma bandeira para todos nós. Temos que aprender a falar da Amazônia sob a nossa ótica e como queremos ser percebidos lá fora. Temos que assumir o papel de protagonistas pois a Amazônia é global”, enfatizou.
Oportunidades de carreira na Amazônia
O mercado de trabalho para os profissionais de comunicação na região amazônica conta com desafios interessantes para o futuro, na opinião de Cleide. “Quando falamos de energias renováveis, de sustentabilidade, quando temos sinalizações que indicam para onde o mercado está indo, é para lá que temos que nossos profissionais devem ir para agregar”, ponderou.
“Hoje, temos dificuldades para contratar porque as pessoas vêm com o básico e a inteligência artificial faz mais. É preciso ser um profissional diferenciado com novas habilidades, o mercado está mudando muito rapidamente”, completou a executiva. “E quantos profissionais estão olhando que existe inteligência artificial aplicada à comunicação e ao jornalismo? Há uma série de cursos gratuitos… As oportunidades estão por aí, mas só ocupa esse lugar quem estiver preparado”, complementou Daniel.
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