Como os brasileiros consomem cultura? Pesquisa revela hábitos e sugere explicações
Por Jornalismo Júnior (Bruno Menezes)
Já parou pra pensar em como são seus hábitos culturais? Lê livros? Vai ao cinema? Ao teatro? Frequenta museus? Em 2017, a JLeiva, empresa de consultoria especializada em cultura e esportes, em conjunto com o Datafolha, fez uma pesquisa quantitativa para entender o consumo de cultura dos brasileiros. Realizada em 12 capitais diferentes do país, o “Cultura nas Capitais” gerou resultados que foram debatidos em evento da Aberje no último dia 22.
Ricardo Meirelles, jornalista com 20 anos de experiência, integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisas (NEP) da JLeiva e um dos dois coordenadores editoriais da pesquisa – sendo o outro, o próprio João Leiva – comandou a apresentação. Também se juntaram a ele a mestranda em Ciência da Informação e coordenadora do NEP, Carina Shimizu, e a especialista em marketing e gerente de Atendimento do Datafolha Marlene Treuk.
O estudo contou com a participação de mais de 10 mil pessoas em uma entrevista que durava cerca de 25 minutos. De modo geral, o “Cultura nas Capitais” procurava entender a fundo os hábitos culturais dos brasileiros através de perguntas que se moldavam de acordo com as respostas. Dessa forma, para saber do acesso das pessoas a certos equipamentos de cultura, por exemplo, os entrevistadores começavam com um “Vai ao cinema?”, para seguir com um “Por que não?” ou “Por que sim?” e assim sucessivamente.
Todos os resultados estão disponíveis na internet em uma plataforma chamada Tableau. Nela, é possível interagir com os dados e compará-los com outras informações obtidas, sendo possível extrair todo o material coletado com o estudo.
Cruzando os resultados obtidos com os perfis dos entrevistados, “Cultura nas Capitais” pode levar a conclusões interessantes. Uma das grandes mudanças em relação a outros estudos realizados pela JLeiva foi a inclusão da orientação sexual nesses perfis. Essa alteração foi bastante significativa na medida em que se fez verificar um consumo maior de cultura pela comunidade LGBT, como pode ser visto na página inicial do estudo na internet.
Tanto Ricardo quanto Carina e Marlene destrincharam alguns dos resultados obtidos e os analisaram. Um exemplo claro – e lúdico – disso era o índice elevado de adolescentes que frequentaram bibliotecas nos últimos doze meses. Como a pesquisa não delimita o conceito, os entrevistados respondem conforme a sua própria definição do que é meio de cultura. Assim, os palestrantes acreditam que grande parte destes adolescentes se referia à biblioteca da própria escola em que estudavam.
Apesar dos pontos de melhoria necessários, o estudo não deixa de ser um bom termômetro de como as populações das capitais consomem diversos tipos de cultura. Exemplo disso é em relação às mulheres. Quando solteiros, ambos os sexos consumem cultura com intensidade parecida, entretanto, quando são casado, o consumo das mulheres diminui muito mais do que em relação aos homens – e isso se acentua com o a presença de filhos de até 12 anos.
Uma conclusão relevante a partir do estudo é que a cultura ainda é um meio muito elitizado no país. Seja por causa dos preços altos por alguns equipamentos ou por causa de sua distância das periferias, “Cultura nas Capitais” mostrou como o consumo cultural cresce junto do poder econômico.
Os palestrantes também mostraram uma questão específica do estudo: foi pedido aos entrevistados das principais capitais do Brasil que citassem empresas privadas que patrocinavam a cultura nacional. O resultado, que omitia respostas “erradas”, como “prefeitura”, mostrou que as empresas mais lembradas eram bancos, e que quanto menor a escolaridade do entrevistado, menos opções ele conseguia lembrar.
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