13 de setembro de 2024

Comitê de Gestão da Comunicação e Reputação Corporativas discute fake news e seu impacto na reputação das organizações

Especialistas discutiram os efeitos da desinformação e a importância da Comunicação na gestão de reputação corporativa

Nessa quarta-feira (11), a quarta reunião do Comitê Aberje de Gestão da Comunicação e Reputação Corporativas trouxe Sérgio Freire, do Banco do Brasil, e Ricardo Castellani, da Novo Nordisk, para debater os desafios atuais encarados pelas empresas no enfrentamento às notícias falsas. 

Thalita Dominato, da Aberje, deu as boas-vindas aos participantes e, em seguida, a vice-coordenadora, Tatiana Maia Lins, abriu a discussão com a pergunta “Como as empresas estão lidando com o risco de desinformação”.

Uma executiva do setor de logística comentou que, embora o tema esteja em evidência, muitos setores ainda resistem a enfrentar a desinformação de forma proativa. “No início, nós achávamos que era algo mais ligado a órgãos públicos, mas envolve todas as organizações”, afirmou, observando que áreas como bens de consumo e farmacêuticas são especialmente vulneráveis e que sentem mais rapidamente o efeito da desinformação. O monitoramento é fundamental, embora as tecnologias atuais ainda não detectem conteúdos visuais e de áudio. Ela ressaltou que a comunicação eficaz depende de embaixadores bem preparados.

Outra participante, que atua no setor de alimentação, enfatizou a importância do uso criterioso de dados, especialmente na interpretação de informações que circulam entre os executivos. Segundo ela, é fundamental desenvolver o senso crítico para avaliar a veracidade das informações recebidas.

Tatiana reforçou a necessidade de políticas corporativas claras para o combate à desinformação, complementando que esse esforço precisa ser contínuo e envolver todos os colaboradores da empresa.

“No Banco do Brasil, até 2021, o risco de reputação não era considerado como tarefa da área de Comunicação, era uma questão tratada pela área de Risco”, explicou Sérgio Freire, do Banco do Brasil. “Foi a partir de 2021 que a área de comunicação foi envolvida nas questões de reputação”, continuou. Ele destacou que o risco de reputação é sempre uma consequência de outros riscos e que a Comunicação desempenha um papel fundamental ao classificar e gerir crises, utilizando parâmetros claros definidos anteriormente. Para o Banco do Brasil, a adoção de medidas preventivas e um monitoramento criterioso são fundamentais para identificar crises e, ao mesmo tempo, encontrar oportunidades de posicionamento.

“Reputação é uma responsabilidade de todos os funcionários, e a empresa dividiu a responsabilidade pela reputação com todos os colaboradores”, explicou Ricardo Castellani, da Novo Nordisk. “Reputação é hoje um pilar da empresa, junto com cultura e negócio”, continou, ressaltando que a saúde é uma área particularmente afetada por fake news e que isso pode ter consequências fatais. Por isso, a Novo Nordisk investe constantemente em transparência e em um monitoramento 24×7 de imprensa e redes sociais. Além disso, monitora trimestralmente  a reputação, por meio do RepTrak, em 20 mercados globais. Castellani explicou que, para engajar, a Novo Nordisk educa seus colaboradores sobre a importância da reputação, uma responsabilidade que é compartilhada por todos dentro da empresa.

Ao final, Thalita questionou os convidados sobre os maiores aprendizados ao longo de suas jornadas. “Nós da Comunicação somos embaixadores, mas não somos 100% responsáveis, muitas vezes as crises nascem na base da organização, mas ainda assim são responsabilidade nossa”, respondeu Castellani. Ele lembrou que as regras têm que ficar muito claras para todo mundo e que devem estar no discurso e nas práticas da alta liderança. Freire complementou mencionando a necessidade de respostas rápidas e análises mais complexas, especialmente em um cenário de crise. “Sistemas de alerta da empresa devem ser cada vez mais céleres e exigem conscientização permanente da empresa”, concluiu.

A reunião também abordou a relação entre as áreas de comunicação e os comitês de crise. Castellani observou que a Comunicação deve ser vista como uma área que agrega valor, guiada por dados, e colaborando de perto com o setor jurídico, especialmente em indústrias fortemente reguladas, como a farmacêutica. Freire, por sua vez, comentou que, durante crises, a comunicação precisa oferecer uma visão abrangente e adaptável. Os dois também destacaram a relevância da Comunicação Interna e da transparência como um imperativo na comunicação com os colaboradores. “Estratégia de reputação deve começar de dentro para fora”, sintetizou Castellani.

O evento destacou a relevância crescente da gestão da reputação nas estratégias corporativas, com um foco especial em como as empresas estão se preparando para enfrentar os desafios da desinformação.

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