Combate ao Racismo é tema de fórum promovido pelo Carrefour
Empresa reúne fornecedores, parceiros e varejistas para discutir o combate ao racismo e a promoção da equidade nas corporações; Pesquisa aponta que 86% da população concorda que para empresas venderem para todos, precisam respeitar a diversidade racial
O Grupo Carrefour Brasil realizou na última quarta-feira (28) um evento online comandado pelo seu CEO, Noel Prioux, para debater o combate ao racismo nas corporações e a promoção da equidade.
O Fórum teve como público cerca de 16 mil fornecedores do Grupo e contou com a participação de diversos CEOs e executivos em cargo de liderança.
No evento, a empresa anunciou a inclusão de uma cláusula antirracista em todos os contratos de fornecedores e uma política de tolerância zero ao racismo. “Queremos que todos que se relacionam com Carrefour adotem as melhores práticas, apoiem iniciativas e incentivem mudança de comportamento. Não basta combater o racismo, é preciso ser antirracista”, afirma Noel Prioux, CEO do Grupo Carrefour Brasil.
Na prática, a cláusula vem sendo aplicada desde janeiro para novos contratos, e agora foi comunicada para toda a base por meio de uma carta que ainda inclui a política revisada de diversidade do grupo e a política de consequências, que reforçam a tolerância zero ao racismo.
A cláusula faz parte de uma série de 72 iniciativas reunidas em 8 compromissos públicos para o combate à discriminação e inclusão de negros e negras, assumidos pela empresa como forma de contribuir para o enfrentamento do racismo no Brasil desde novembro, após a morte trágica de um cliente em uma loja em Porto Alegre/RS.
A empresa também apresentou as novas diretrizes para a segurança interna. Com investimento de mais de R$ 5 milhões, a segurança interna das lojas passou por mudanças como internalização dos agentes de fiscalização e implementação de um novo modelo. Ainda foram apresentados projetos de fomento ao empreendedorismo, apoio a iniciativas de combate ao racismo e fortalecimento de organizações da sociedade civil com ênfase na população negra no Brasil.
Entre outros compromissos, o Grupo Carrefour Brasil nos últimos meses revisou suas políticas internas de Valorização da Diversidade e os códigos de conduta. A companhia também lançou um canal de denúncias de enfretamento ao racismo e discriminação para todos (as) colaboradores (as), clientes, terceiros e fornecedores. “Estamos hoje aqui para assumir de forma clara, firme, transparente, o nosso compromisso. Assumindo papel de liderança no setor e compartilhar com todos o que estamos aprendendo, combatendo o racismo”, enfatiza Prioux.
As iniciativas do Grupo para combater o racismo estrutural podem ser acompanhadas através do site http://naovamosesquecer.com.br/.
Durante o evento, o Instituto Locomotiva apresentou uma pesquisa encomendada pelo Carrefour sobre a diversidade nas corporações brasileiras. O levantamento, realizado por telefone com 1630 entrevistados em 72 cidades do país no mês de abril, aponta que, ainda não há clareza na população sobre o caráter estrutural do racismo: cerca de 64% dos entrevistados acreditam que o racismo é fruto da ação de indivíduos e não de uma cultura de exclusão, e mais da metade (59%) acredita que pessoas brancas também são vítimas de racismo.
Os dados mostram que cerca de 86% da população concorda que para empresas venderem para todos, precisam respeitar a diversidade racial. Sobre o mercado de trabalho, 76% dos brasileiros consideram que pessoas negras são discriminadas. Mais de 52% dos trabalhadores pretos e 26% dos negros (que também inclui pardos) já sofreram preconceito no ambiente de trabalho. Ainda, 57% dos trabalhadores brasileiros presenciaram uma pessoa negra sendo discriminada ou humilhada em seu ambiente de trabalho. Entre os trabalhadores negros, são 67% que já presenciaram essa discriminação. No salário, trabalhadores “não-negros” ganham, em média, 76% a mais do que os negros.
A pesquisa ainda traz que a maioria dos brasileiros conhece alguém que foi vítima de preconceito racial: 61% dos brasileiros presenciaram uma pessoa negra sendo humilhada ou discriminada devido à sua raça/cor em lojas, shoppings, restaurantes ou supermercados, e esse percentual é de 71% no caso dos negros.
“O racismo é estrutural, e para combatê-lo é preciso ter tolerância zero. O brasileiro precisa enxergar o racismo na sociedade e os impactos que ele traz. Existe um mercado gigantesco de pessoas que estão discriminadas e não atendidas e, mais do que isso, seguidas em supermercados, sofrendo violência policial e mais. A promoção da diversidade nas empresas é um dos caminhos para mudar esse cenário”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
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