Comunicação é comportamento
Se você quer liderar e engajar pessoas, faça mais e fale menos
Tudo comunica. Absolutamente tudo. Se você vem para a reunião, está dizendo algo, mas se não vem, também diz. Muitas vezes a ausência fala mais do que a presença e o silêncio é mais eloquente do que um discurso.
Quando pensamos em comunicação é preciso esquecer a ideia de que comunicar-se tem a ver apenas com falar ou escrever. Se assim fosse, seria muito mais simples do que realmente é.
Muitas empresas aos se depararem com evidências de falha de comunicação de seus líderes quase sempre pensam em cursos de oratória como solução. Claro que uma boa retórica é importante, mas está longe de resolver o problema. Como bem disse Emerson: “Suas atitudes falam tão alto que não consigo ouvir o que você diz.” É disso que se trata. Discursos dizem, comportamentos gritam.
Estou, provavelmente como muitos de vocês, totalmente imersa nas notícias dos últimos dias com a pandemia de Covid-19 que se espalha rapidamente por todo o planeta. Um desafio imenso de liderança e de comunicação, não para vender produtos ou para fazer campanha, mas para salvar vidas.
Estamos todos falando e publicando muito sobre o tema, mas o mais importante agora é agir. Já decretei minha #QuarentenaVoluntária e assumi o compromisso de proteger a mim, aos meus e a todos nós. Pelos próximos dias não sairei de casa. Não é fácil, mas absolutamente necessário. Esta é a atitude que fala mais alto. Ter consciência, responsabilidade e ação, envolvendo e engajando outros a fazerem o mesmo. Este é meu foco agora.
Organizações que crescem e geram lucro, graças ao seu relacionamento com tantos grupos de interesse devem, mais do que nunca, compartilhar seus recursos com a sociedade que as sustentam e enriquecem oferecendo para seus funcionários e comunidades, especialmente para os mais necessitados, condições para que também possam se recolher como medida de responsabilidade social urgente. Férias coletivas, fundos financeiros, compreensão, apoio e assistência é o que todos precisamos agora, não para termos um novo líder de mercado, mas para garantir condições de sobrevivência a todos nós. Chegou a hora de honrar campanhas que prometem colocar as pessoas em primeiro lugar.
O mundo se preparou para lutar contra inimigos visíveis. Temos um arsenal bélico capaz de destruir o planeta algumas vezes, mas não temos ainda estrutura para dar conta de um inimigo invisível que não respeita fronteiras físicas, sociais e intelectuais. Estamos todos no mesmo barco agora e só com muita colaboração e empatia poderemos superar esta batalha com menos perdas.
Hoje é o momento para pensar o real valor e poder da comunicação. Ao ver o presidente Jair Bolsonaro, minimizando o problema, incentivando aglomerações e se juntando a seus correligionários após orientações contrárias do Ministérios da Saúde, fiquei motivada a escrever este texto. Como líder máximo da nação e tendo a responsabilidade de cuidar de nossa gente, considero a atitude do presidente, sem fazer aqui julgamento ideológico ou político – um erro gravíssimo de comunicação. Mais do que expressar suas crenças pessoais, um líder tem o dever de orientar e zelar por seus seguidores. A melhor forma de fazer isso é agindo de forma consciente e responsável. Assim como ele, você também tem o seu papel nesta batalha. Então, por amor, faça mais e fale menos.
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