Vamos entrar em um acordo?
Publicado originalmente no LinkedIn, em 24 de outubro de 2024
Nos últimos dois anos, as cidades brasileiras, especialmente São Paulo, têm se deparado com desafios significativos em relação à infraestrutura de energia elétrica. Os cabos aéreos, que cruzam as paisagens urbanas, tornaram-se símbolo de um problema mais profundo: a vulnerabilidade do sistema elétrico às intempéries. Com a agressividade dos efeitos climáticos em alta, a tendência é piorar. As consequências são sentidas diretamente pela população, que sofre com a falta de energia, perdas econômicas e desconforto. Diante desse cenário, é crucial que autoridades e concessionárias de energia se unam para encontrar soluções eficazes e duradouras.
Alguns têm apontado o dedo para um ou outro culpado. Outros têm usado a tragédia para fins eleitorais. A responsabilidade por esses problemas, no entanto, é compartilhada entre diversos entes. O Governo Federal e a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica , ao concederem as licenças, deveriam ter estabelecido métricas claras para a universalização do aterramento dos cabos no curto, médio e no longo prazo.
Por outro lado, as concessionárias, como a Enel Brasil, precisam ter planos de crise robustos e bem executados. A falta de equipes de contingência suficientes para atender todas as áreas afetadas é um reflexo da necessidade de melhor planejamento. Além disso, a colaboração entre as concessionárias e as prefeituras locais é essencial. Uma parceria mais objetiva entre a empresa e a Prefeitura Municipal de São Paulo poderia ter facilitado a implementação de soluções mais eficazes e rápidas, minimizando o impacto das crises sobre a população.
Em vez de buscar culpados, é fundamental que todos os envolvidos se concentrem em encontrar soluções. A mediação e a negociação são ferramentas poderosas que podem ajudar a alinhar interesses e promover acordos que beneficiem a todos. Cumprir contratos é um dever, e as multas estipuladas devem ser aplicadas quando necessário. No entanto, é importante lembrar que as multas não compensam os prejuízos sofridos pelos cidadãos. O foco deve ser na prevenção e na mitigação de futuros problemas. Isso requer um compromisso conjunto para investir em infraestrutura, melhorar os planos de contingência e garantir que as equipes de resposta a crises sejam adequadas e bem treinadas.
Infelizmente, em tempos de crise, é comum que questões como essa sejam usadas como ferramentas políticas. Isso por um lado subestima a inteligência dos cidadãos e, por outro, prejudica a reputação dos próprios políticos que adotam essa abordagem. É ingênuo supor que tirar vantagem de um problema seja ético. O cidadão não cai mais nessa. É essencial que as crises sejam tratadas com seriedade e que as soluções sejam priorizadas no lugar de narrativas da vingança.
A união de ideias é essencial para superar os desafios enfrentados pelas cidades brasileiras. Somente através do diálogo, da colaboração e do compromisso com soluções duradouras poderemos garantir um futuro mais seguro e confiável para todos. Isso vale para a energia, como para qualquer outra serviço público. Promover reuniões regulares entre autoridades, concessionárias e representantes da sociedade civil para discutir soluções e monitorar o progresso é um passo importante. Priorizar o aterramento dos cabos e a modernização do sistema elétrico para torná-lo mais resiliente é fundamental. Dure o que precise durar. Custe o que tenha de custar.
Desenvolver e testar regularmente planos de resposta a crises para garantir que sejam eficazes quando necessário é imperativo. Informar a população sobre as medidas que estão sendo tomadas e como podem se preparar para eventuais interrupções, também. Manter a transparência em todas as ações e garantir que todos os envolvidos sejam responsabilizados por suas partes no processo é essencial.
Menos blábláblá e mimimi, e mais ação.
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