19 de fevereiro de 2024

Segredo a ser desvendado

Publicado originalmente no LinkedIn, em 19 de fevereiro de 2024

Diferentemente do personagem criado por Johnston McCulley, em 1919, a Geração Z não se esconde atrás da máscara e não busca nenhum heroísmo. E isso preocupa as empresas.

A jornalista Adriana Fonseca assina matéria no Valor Econômicosobre a transformação das empresas para acompanhar, capacitar e engajar a Geração Z, que hoje representa 23% da força de trabalho, de acordo com pesquisa da Manpower. Fosse esse o único problema, estariam nadando de braçada. As organizações atuam para fazer isso ao mesmo tempo em que têm de lidar com os Baby Boomers (16% da força de trabalho); Geração X (20%) e Millenials, que hoje são maioria (25%). O estudo é sério. Leva em conta uma análise de 60 mercados em todo o mundo baseada nas estatísticas de ministérios do trabalho, Banco Mundial e OIT.

E por que o foco na Geração Z? Porque em breve será maioria e dará as cartas para a continuidade do legado, sobretudo em empresas da antiga economia, muitas delas centenárias como o paladino espanhol e, todas, diga-se de passagem, preocupadas em atrair e reter talentos que aceitem o desafio de transformar padrões e tradições em uma nova forma de gerir os negócios.

Os desafios demandam inovação na gestão

Não é a primeira geração a exigir a escuta e a comunicação como premissas e tampouco será a última, mas é a aquela que de forma inédita não tem o compromisso em estabelecer uma carreira linear, ou seja, aceita com mais facilidade rever caminhos permanentemente para quem sabe um dia retomar de onde parou. Isso em muito se relaciona com as facilidades proporcionadas por gerações anteriores e pelos avanços sociais e tecnológicos, que ditam novos comportamentos. Para a Manpower, o tempo de convívio com as gerações Boomer e X permite que as empresas entendam como engajar esses coletivos ao passo que as gerações mais recentes, focadas no aspiracional, exigem um conhecimento que as companhias ainda não adquiriram.

É legítima a perspectiva, assim como a preocupação dos CEOs e RHs das empresas, mas é fundamental reconhecer que as gerações anteriores estão em constante evolução. Não devemos tratar os quatro extratos que hoje convivem no mesmo ambiente de trabalho de forma homogênea, mas é necessário compreender o que os une para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo, colaborativo, espontâneo e coletivo, no qual o respeito pelo outro fale mais alto, as trocas se estabeleçam e as complementariedades se explicitem.

O que eu sugeriria?

Mentoria Intergeracional. A troca de conhecimento entre as gerações precisa ser estimulada. Investir em programas de mentoria onde experiências consolidadas se conectem com a energia e inovação dos mais jovens gera conhecimento, mas também empatia.

Flexibilidade e Autonomia. Não valorizar as babás na gestão (elas geralmente são desconfiadas e centralizadoras) seria um importante passo. Ensine a todos que a flexibilidade e a autonomia têm seu preço e o maior deles é respeitar a entrega perfeita dentro dos valores, prazos e processos.

Comunicação Transparente. Um clássico que jamais pode faltar. Ela deve incentivar o diálogo sobre expectativas, desafios e oportunidades.

Cultura Organizacional Inclusiva. Já virou um mandamento teórico. É preciso vivê-lo intensamente na prática. A ideia aqui é promover uma cultura que valorize a diversidade de pensamentos e experiências, reconhecendo as contribuições únicas de cada geração para o sucesso coletivo.

Capacitação Contínua. Não coloque todos no mesmo balaio, mas faça todos conhecerem o balaio de cada um.

Em um cenário onde as gerações coexistem, a gestão eficaz requer um entendimento profundo das características individuais. Empresas devem evoluir além de preocupações básicas e das prioridades a este ou aquele perfil. O caminho deve alinhar as expectativas das novas gerações com as necessidades coletivas, formando um tecido forte e adaptável. Ao reconhecer e integrar as diferentes perspectivas e aspirações, as organizações se adaptam mais facilmente às mudanças e prosperam com a riqueza da diversidade geracional, moldando um futuro que ressoa com a harmonia de seus diferentes.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luis Alcubierre

Luis Alcubierre é executivo de Comunicação Corporativa, Relações Institucionais e Governamentais há mais de 25 anos e hoje atua como conselheiro para a América Latina da Atrevia, agência espanhola de PR e Corporate Affairs, além de liderar o escritório Advisor Comm. É também palestrante, mediador e mentor. Formado em Comunicação Social pela FIAM, possui pós-graduação em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela FIA-USP, com diversos cursos de gestão de liderança e negociação realizados em instituições como IESE, Berlin School of Creative Leadership, Columbia Business School, Universidad Adolfo Ibañez, Escuela Europea de Coaching, Fundação Dom Cabral, IBMEC e FGV. Foi diretor de Comunicação e Assuntos Corporativos de empresas como Kellogg, Pernambucanas e Samsung, onde teve responsabilidades adicionais pela Comunicação na América Latina. No Grupo Telefônica, assumiu a Direção Global de Marca e Comunicação da Atento em Madrid, na Espanha, sendo responsável pela gestão da área em 17 países. Passou ainda por Dow Química, TNT (adquirida posteriormente pela Fedex) e Rede (antiga Redecard), tendo iniciado sua carreira no rádio, nos sistemas Jornal do Brasil e Grupo Estado. Também foi membro do Conselho de associações ligadas às indústrias de alimentos, varejo, vestuário e mercado financeiro, onde teve importante papel negociador em distintas esferas de governo.

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