Racismo: um iceberg a ser transposto
Uma das características que fazem do Brasil um país único é justamente sua multiculturalidade e miscigenação. Somos uma nação que reúne tanta diversidade racial, étnica, cultural, com diferentes origens, religiões e costumes em um mesmo povo. É da multiplicidade de visões que extraímos novas perspectivas e, assim, criamos novas ideias: a melhor e mais simples definição do que representa a inovação. Ou seja, dadas essas características, o Brasil deveria ser o país menos racista do mundo, mas infelizmente não é.
De acordo com o último Censo do IBGE, a população negra compõe a maioria, ou seja, 56,1% do total de 212,7 milhões de brasileiros. Mas como um país pode tratar tão mal a maior parte de seus cidadãos? Difícil acreditar que muitos insistem em negar o que é a identidade real do nosso país e da qual deveríamos nos orgulhar por sua história de luta e libertação.
É triste ver que em pleno século 21 o racismo ainda seja uma questão estrutural tão arraigada e intrínseca a uma sociedade que não vê em seus irmãos a sua própria imagem e semelhança. Temos acompanhado na mídia sucessivos casos de racismo, inclusive contra figuras públicas. Os casos recentes envolvendo o cantor Seu Jorge, o músico e humorista Eddy Jr. e a filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank são apenas alguns exemplos. Sem contar os inúmeros episódios que permanecem no obscurantismo, ou ainda pior, velados pela supremacia de um cargo, patente ou status social. Pessoas agredidas, humilhadas e fragilizadas, como se seus direitos de cidadãos fossem menores ou menos importantes do que de outros com diferente cor de pele.
A recente aprovação do Projeto de Lei que tipifica a injúria racial como crime de racismo no Brasil, referendado pelo Superior Tribunal Federal em decisões anteriores submetidas ao pleito, é um passo importante para reduzir a impunidade para quem comete esse crime. No entanto, cabe a todos nós enquanto cidadãos ter um papel de educação e conscientização, seja na família, na igreja, na escola, no clube, na ONG, na empresa e em outras entidades das quais participamos.
Aqui na Unisys contamos com diversos grupos de afinidades, sendo um deles o BlackU, cujo objetivo é educar sobre as questões étnico-raciais por meio do conhecimento para reduzir preconceitos e estereótipos, sejam conscientes ou inconscientes, bem como atrair e reter talentos ao fomentar um ambiente de trabalho inclusivo e diverso.
Outubro marca internamente as celebrações do “Mês da Diversidade” na companhia, e para minha grata surpresa fui presenteado com o convite para ser o Executive Sponsor, ou “padrinho” do grupo no Brasil. Fiquei bastante lisonjeado e aceitei na hora essa missão. Para mim é uma honra e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade ajudar a comunicar esta causa a um universo maior de pessoas e organizações para que, juntos, possamos construir pontes que unam as pessoas em prol de um bem maior, um propósito que ajude a emergir a melhor essência do ser humano, aquilo que nos une neste plano.
Por isso o tema do artigo deste mês não poderia ser outro, dada à urgência que essa questão nos impõe como sociedade. Apenas com a união de esforços conseguiremos combater o racismo, este grande iceberg a ser transposto em nossa travessia rumo a uma sociedade totalmente livre, na qual, como bem disse um dia Martin Luther King Jr., “as pessoas não serão julgadas pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter”.
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