02 de setembro de 2013

Quando Relações Públicas e Recursos Humanos se encontram, o que acontece na gestão empresarial ?

Recebo um e-mail da Abracom anunciando o curso “Gestão de rh em empresas de comunicação”, a ser ministrado pela consultora de recursos humanos, Célia Bourroul, no dia 4 de setembro. O curso é destinado a profissionais de gestão de pessoas e executivos de agências de comunicação corporativa. O que mais me agradou, além do programa em si, foi a menção final dos objetivos do curso:  “e a importância da comunicação na gestão de pessoas”.  A consultora, com experiência em atendimento a agências de comunicação,  vai abordar temas que um administrador deve valorizar para implantar uma boa política de recursos humanos. E dentre eles, a comunicação interna é indispensável. Lembro que quando comecei minha carreira havia uma questão até hoje não muito bem resolvida. Quem operacionaliza a comunicação interna: a área de RH ou a área de comunicação social?  Creio que esta resposta ainda não tem a unanimidade dos profissionais. Outros profissionais destas áreas consideram a comunicação interna a “galinha de ovos de ouro” ou “a tiririca do cavalo”. Também não havia unanimidade sobre a importância de adotar e investir nesta ferramenta.
Lembro também que trabalhávamos em dupla quando a ação era a de treinar profissionais para se apresentar em público: desde os famosos programas de media trainings até workshops do tipo “Como treinar um porta-voz”. E se a empresa tinha uma mudança radical para anunciar, como mudar de plano de saúde ou lançar os PDVs mobilizávamos os profissionais com várias táticas de Relações Públicas para aceitar a troca ou se “voluntariar” no Programa de Demissão Voluntária. O sucesso quantitativo de adesão era sempre atribuído às propostas bem formuladas e algumas vezes a maneira de comunicá-las.  Mas quando se tratava de um programa do tipo Álcool e Drogas, Direção Defensiva, Economize Energia/Apague a Luz  ou Jogue o Lixo no Lixo, que exigia um resultado mais qualitativo e comportamental, os elogios para o acerto eram divididos.  Hoje, fazemos juntos até programas nas mídias sociais para selecionar e reter talentos e continuamos andando lado a lado na missão de construir e fidelizar o relacionamento desse mais que importante público-alvo das Organizações.
Não tenho dúvidas de que o RH seleciona informações e passa o briefing para que a comunicação interna aconteça.  A melhor estratégia de Relações Públicas para que o conteúdo seja apreendido e aceito, e que provoque  um feedback de qualidade, é sempre aprovada em conjunto. Quais meios usar? Como avaliar os resultados? Se tudo ocorrer bem, os resultados esperados forem atingidos e a filosofia da Organização for respeitada – missão, visão, princípios e até código de ética e políticas de comunicação –  é sinal de que a estrutura que a empresa definiu para a ação está correta. O mais importante é que o profissional de RH valorize as ações de relacionamento interno, que invista e acredite. Que pense no seu impacto favorável no desfecho das ações de gestão de pessoal e, quando for elaborar seu orçamento anual, separe a verba proporcional para a comunicação interna.
Vamos ver dois exemplos claros de instrumentos utilizados na construção dos relacionamentos: a conquista de um prêmio de gestão de pessoal e um resultado de pesquisa positivo para a mesma gestão. Indiscutivelmente, o maior prêmio para a área de RH é o de que a empresa passe no teste das “Melhores Empresas para se Trabalhar”, produzido em parceria pela Great Place to Work com algumas entidades brasileiras.  Vários tipos de pesquisa de clima organizacional são desenvolvidos junto ao público interno. Para ambos os casos, o resultado dessa ou daquela administração é levantado. Pois, para ambos os casos, a comunicação de dupla mão entre os funcionários e a alta administração são classificatórios. Na edição – 2013, As 30 Melhores Empresas para se Trabalhar no Rio, do Caderno Boa Chance, de O Globo, o resultado foi o seguinte: 48% permanecem na empresa em função do crescimento/desenvolvimento profissional;  28% por conta da qualidade de vida e promoções; 13% pelo alinhamento de valores, 12% pela remuneração e benefícios e 4% pela estabilidade. Nas 10 primeiras classificadas, as ferramentas mais valorizadas para as avaliações são o diálogo, o engajamento e a transparência além da formalização de novos canais de comunicação e concursos internos. Típicas ferramentas e/ou resultados das boas práticas das Relações Públicas.
Pra mim, RP e RH não só se encontram como andam de braços dados na gestão empresarial. Fico feliz de saber que mais profissionais estão atuando da mesma forma e propondo programas em conjunto.
Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Lala Aranha

Conselheira da gestão eleita do Conrerp Rio de Janeiro (2016-2018), foi presidente do Conrerp na gestão 2013-2015. É professora convidada do MBA de Comunicação Empresarial da Estácio Rio de Janeiro; conselheira do WWF Brasil; ouvidora do Clube de Comunicação do Rio de Janeiro; colunista mensal da Aberje.com. Lançou o livro Cartas a um Jovem Relações Públicas (Ed. Elsevier 2010); foi diretora da CDN Comunicação Corporativa; fundadora e diretora da agência CaliaAssumpção Publicidade e presidente da Ogilvy RP. É bacharel em Relações Públicas pela Famecos, PUC-RS; MBA IBMEC Rio de Janeiro, dentre outros cursos no Brasil e exterior. RG Conrerp 1ª. 2965.

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