22 de agosto de 2014

O crowdfunding de sucesso. Aquele que arrecadou mais recursos na história do Brasil até hoje

Faço parte do Comitê de Melhor Prática de Patrocínios e Investimentos em Cultura, Entretenimento e Esportes da ABA-Rio, Associação Brasileira de Anunciantes. Acabo de assistir a palestra de Dhaniel Cohen que é Flu-Memória – área de Memória do Fluminense Football Club e autor de vários livros. Ele detém o primeiro lugar em arrecadação de projetos de investimentos coletivos.

Dahniel nos narrou como conseguiu atender aos objetivos da gestão do clube com esse tipo de programa para editar um livro que conta os 110 anos de história do clube. E não só isso. Após o sucesso desta edição de 2012, o clube conseguiu vender os 300 livros que sobraram da primeira edição de duas mil cópias e ainda ergueu um busto para homenagear o escritor fluminense Nelson Rodrigues, e que está lá no Estádio das Laranjeiras. Depois disso, foram lançados mais cinco livros sobre a memória do futebol daquele clube até os dias de hoje. Ou seja, em dois anos. E todos bateram as metas. Além de editar o livro, cada projeto tem uma continuação seja para erigir uma estátua ou busto de jogador destacado, cunhar medalhas e outras ações de ativação institucional. Agora se prepara para lançar o segundo projeto de crowdfunding entre os torcedores do Fluminense, ainda na linha de resgatar a memória do clube, em homenagem ao Casal 20 – os saudosos jogadores Washington e Assis.

O interessante de tudo isso é que, embora outros clubes maiores façam investidas semelhantes, só o Fluminense e outro clube têm sucesso neste tipo de investimento coletivo (eu não torço pelo Fluminense).

Perguntado o porquê deste sucesso, Dahniel destacou alguns fatores indiscutíveis. Primeiro, a credibilidade da gestão atual do clube. Se eu compro o livro, vou recebê-lo. Além de pagar pelo livro, também recebe outras recompensas. A entrega de um produto de qualidade no conteúdo e na apresentação – quase um livro de arte, que resgata e valoriza a história do clube. Independência para tocar o projeto pós-aprovado, sem sofrer qualquer interferência “política”. E, finalmente, ampla repercussão na mídia.

Além das metas de arrecadação e entrega dos livros terem superado em muito o valor e o período de finalização do projeto, o principal objetivo do Fluminense e sua gestão de estreitar relações com os torcedores e sócios do clube tem sido plenamente atingido. Ou seja, os torcedores passam pela experiência de participar do projeto e sentem a importância de colaborar no processo.

Considero esse processo de “investimento coletivo” uma grande ferramenta para alavancar uma série de projetos que estão adormecidos nas gavetas e computadores de vários profissionais que analisam e muitas vezes decidem sobre viabilizar ou não sua execução. Já vi serem oferecidos a grandes empresas para que mobilizassem seu corpo funcional a participar da experiência. Recebi também algumas propostas para compartilhar de lançamentos de CDs, peças teatrais e filmes. Ou para construção de uma creche ou reforma de uma escola. Todos são projetos do bem. Mas, mesmo assim, presto muita atenção na origem da proposta. Quando Dahniel Cohen fala em “credibilidade”, ele está super correto. Tem que haver confiança e segurança de que a mercadoria será entregue para que eu me sinta realmente envolvida. Tem mais um elemento que considero indispensável: para adquirir e participar da proposta tem que haver muita afinidade direta com o projeto de crowdfunding.

Neste momento, estou colaborando com o OCI – Observatório da Comunicação Institucional para viabilizar a edição do livro “2014 – 100 Anos de Relações Públicas no Brasil”. Tem tudo a ver com minha profissão, meu cargo atual e com minha missão particular de vida que é a de divulgar a profissão. Não acredito que somente minha colaboração ao divulgar esse projeto, vá viabilizá-lo. Meu network não é tão poderoso assim. O tema do livro não tem a torcida que o Fluminense tem. No entanto, se outros profissionais da área, seja na academia, seja no mercado, se juntarem a este esforço, creio que teremos o livro entregue para todos aqueles que participaram, no dia 2 de dezembro, quando se comemora mais um Dia Nacional das Relações Públicas aqui no Brasil. Não será, certamente, a maior arrecadação em crowdfunding. Mas será a realização de mais um sonho de muitos.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Lala Aranha

Conselheira da gestão eleita do Conrerp Rio de Janeiro (2016-2018), foi presidente do Conrerp na gestão 2013-2015. É professora convidada do MBA de Comunicação Empresarial da Estácio Rio de Janeiro; conselheira do WWF Brasil; ouvidora do Clube de Comunicação do Rio de Janeiro; colunista mensal da Aberje.com. Lançou o livro Cartas a um Jovem Relações Públicas (Ed. Elsevier 2010); foi diretora da CDN Comunicação Corporativa; fundadora e diretora da agência CaliaAssumpção Publicidade e presidente da Ogilvy RP. É bacharel em Relações Públicas pela Famecos, PUC-RS; MBA IBMEC Rio de Janeiro, dentre outros cursos no Brasil e exterior. RG Conrerp 1ª. 2965.

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