24 de fevereiro de 2023

O ChatGPT chegou para ajudar

Nos últimos dias, abro páginas de jornais e sites de notícias e me deparo com a febre do ChatGPT. Meu filho, recém-chegado à faculdade de Publicidade e Propaganda, traz a notícia dada pelo professor de que um robô é capaz de escrever textos inteiros tendo algumas informações iniciais. E professores se preocupam com a possibilidade de alunos passarem a usar o ChatGPT para a produção de trabalhos. Alguns se antecipam e adotam o ChatGPT como apoio de posterior interpretação do texto, o que o robô ainda não é capaz de entregar. A inteligência artificial é real e não adianta lutar contra ela. Ela veio para ficar.

Sempre que aparece uma inovação tecnológica, há uma tendência de que dúvida e insegurança se sobreponham aos benefícios que a inovação pode nos trazer. É natural que o novo nos tire da zona de conforto e cause um certo incômodo.

De fato, o ChatGPT lançado em novembro passado pode produzir textos e responder a perguntas em diversos idiomas, adotando expressões personalizadas, aprendizado adquirido com o uso do chat. Melhor que um Chatbot, o ChatGPT é inteligente. Ele apresenta respostas elaboradas, com frases longas, quase “humanas”, com repertório vasto até 2021, não mais que isso, por enquanto.

Na nossa área de comunicação, bem que o ChatGPT pode nos ser muito útil. Imagina fornecer informações ao robô para que ele redija um texto de 200 caracteres para a produção de um release. E você só fará o posterior ajuste fino de revisão do texto. Quanta economia de tempo teremos. O ChatGPT vai substituir o jornalista ou o publicitário e tomar o lugar do profissional? Definitivamente, não! A inteligência artificial pode auxiliar em tarefas mais executoras e nos deixar tempo livre para fazer o que mais deve ser valorizado no profissional de comunicação: o pensamento estratégico, analítico e criativo.

O ChatGPT pertence à startup americana OneAI e tem a Microsoft como parceira, que acabou de anunciar várias funcionalidades ligadas às videochamadas do Teams por meio do robô. Geração automática de legendas dos participantes de vídeo e produção de atas pós-reuniões são duas delas. Um sonho poder obter as necessárias atas sem tomar tempo de um profissional para essa função trabalhosa e puramente operacional.

A chegada de novas tecnologias força a mudança estrutural do trabalho. Por isso que inicialmente é incômoda, por causar movimentações internas. O surgimento dos meios digitais há duas décadas foi um dos fatores responsáveis pelo enxugamento das redações. Mas isso não significou menos emprego para os jornalistas. Ao contrário, o mundo digital e globalizado possibilitou a abertura de uma gama enorme de possibilidades de trabalho para os profissionais de comunicação em áreas antes inexistentes. Foi um avanço para a comunicação, certamente. O ChatGPT pode, como vem ocorrendo em agências de comunicação nos Estados Unidos, provocar demissões de profissionais. Fecham-se umas vagas, abrem-se outras para novas funções. É uma acomodação natural.

A luta contra o novo é inglória. Seja para o professor, para o jornalista ou para o publicitário. No lugar da resistência, nos resta entender como o avanço tecnológico pode melhorar a qualidade do nosso trabalho. Somos consultivos, criativos, trabalhamos com o intelecto. Deixar de executar funções meramente operacionais deve ser encarado como positivo. Ganhamos em tempo para exercitarmos mais a nossa capacidade intelectual. E, eventualmente, podemos ganhar em horas livres para o desenvolvimento de outros projetos, inclusive os pessoais.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Cláudia Fernandes

Cláudia Fernandes é diretora-executiva da FleishmanHillard Brasil. Profissional com vivência de 15 anos em redações de jornais impressos, Cláudia Fernandes atua há outros 15 anos em comunicação corporativa. Sua experiência em agências de comunicação envolve atendimentos de clientes das áreas privada e pública, tanto em PR como em Digital e Business Intelligence. Liderou grandes equipes e tem vasta experiência em gestão de crise. Cláudia é formada em Comunicação Social pela PUC-SP.

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