27 de janeiro de 2022

Nova Era da Agilidade na Stellantis: transformação global do trabalho

Massimo Cavallo, responsável por Recursos Humanos da Stellantis na América do Sul, conta sobre os novos modelos de trabalho, baseados nos valores e na cultura da companhia

As mudanças de rotina decorrentes da pandemia impactaram todas as áreas da vida humana, transformando inclusive a relação das pessoas com o trabalho. Isto representa um enorme desafio para as organizações e muitas respostas e modelos estão sendo desenhados.

A Stellantis, empresa global formada pela fusão da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e do Groupe PSA, está construindo seu próprio caminho e, baseada em seus valores fundamentais, criou o Nova Era da Agilidade, ou simplesmente NEA. Este modelo de trabalho híbrido, baseado em até 30% de atividades presenciais e 70% remotas, começou, na verdade, antes mesmo da pandemia, quando o trabalho remoto já ganhava espaço, ainda que de forma cautelosa, no planejamento das empresas.

A pandemia, que acelerou em anos a digitalização da sociedade, permitiu a rápida maturação de experimentos e a incrivelmente célere capacidade de adaptação das pessoas a novos cenários. Tecnologias já disponíveis, mas não tão difundidas, foram largamente adotadas, formando a base digital para a impressionante expansão de malhas de relacionamento digital. A sociedade passou a operar em rede, a relacionar-se virtualmente e multiplicou sua capacidade de interação.

O Nova Era de Agilidade traz esta nova realidade para o ambiente de trabalho. O momento para a transformação não poderia ser melhor. A Stellantis é um grupo jovem, que acaba de completar um ano de operações, e está ainda na fase de consolidação de sua cultura corporativa, derivada dos dois grandes grupos que lhe deram origem. Esta vontade e necessidade de gerar o novo encontraram uma base tecnológica privilegiada, decorrente de um processo de transformação digital que já estava em curso.

Assim, o NEA veio para transformar os métodos de trabalho da empresa, possibilitando que colaboradores, cuja atividade permita, tenham uma jornada de trabalho híbrida, entre presencial e remota. O NEA é inspirado por um espírito ágil e competitivo, constituindo uma alavanca de transformação onde todos ganham maior eficiência individual e coletiva, gerando uma enorme contribuição para o bem-estar e, não menos importante, impactando positivamente a sustentabilidade financeira do negócio.

Novas ferramentas à mudança de mindset

O NEA se inspirou nos quatro valores da empresa:

  • We Win Together (Nós Vencemos Juntos), oferecendo ambientes que promovam a colaboração e a criatividade coletiva;
  • Efficiency (Eficiência), intensificando o uso de espaços pela otimização dos ambientes de trabalho;
  • Agility (Agilidade), por meio da criação e adoção de novas ferramentas digitais de trabalho e de gestão em uma diversidade de caminhos que convergem ao mesmo resultado;
  • Customer centric (Centrada no cliente), orientando-se para a satisfação do cliente interno e melhorando sua experiência de vida.

Desta forma, os espaços físicos da empresa foram repensados e orientados para a colaboração, para encontros, estimulando a criatividade. Além disso, foram readequados os benefícios oferecidos aos empregados eletivos ao trabalho remoto e adotadas novas ferramentas tecnológicas para possibilitar a execução das atividades à distância.

A empresa passou a contar com espaços colaborativos, no formato Open Space, somados a espaços para trabalho em grupo e também salas e cabines individuais para reuniões privadas. São espaços concebidos para atender a necessidades específicas. Neles, os líderes criam os momentos de socialização com a equipe, aferindo o clima entre os colaboradores e assegurando a coesão do grupo.

O momento coletivo é essencial ao sentimento de pertencimento e para revitalizar a carga emocional inerente às relações. O trabalho remoto ou híbrido é, sem dúvida, uma solução natural para o atual estágio tecnológico e de organização de nossa sociedade, mas por trás desta opção há enormes desafios. Eis algumas questões que precisam ser consideradas:

  • Como prevenir a formação de casulos estanques?
  • Como criar, manter, renovar e retroalimentar os vínculos entre empregados e empresa?
  • Como medir resultados do trabalho?
  • Como muda a avaliação dos profissionais?
  • Como transmitir a cultura da empresa?
  • Como perceber se algo não vai bem?

O líder é fundamental neste processo. Ele precisa, antes de mais nada, estar seguro em gerenciar por objetivos. Mas precisa também estar mais sensível aos sinais que cada membro de sua equipe emite, às vezes silenciosamente.

Estamos apenas no início deste novo modelo, mas já é possível observar ganhos substanciais para a organização do trabalho. Mas como se trata de um modelo que veio para ficar e não apenas de um paliativo às restrições impostas pela pandemia, podem-se antever implicações positivas de longo prazo. Por exemplo: amplia-se muito o território de captação de talentos. O trabalho híbrido permite que o empregado possa estar em qualquer lugar e não apenas nas proximidades de uma instalação da empresa. Isto vale para o empregado também: sua capacidade de mobilidade cresce muito, pois ele pode exercer funções globais sem precisar se deslocar. Assim, o NEA é também uma ferramenta de atração e retenção de talentos.

Benefícios gerados

Para o empregado, o impacto no bem-estar é o mais evidente e imediato a ser percebido. Com a redução significativa no tempo de deslocamento entre casa e trabalho (mais de 10 horas por semana), os colaboradores passam a repensar sua rotina diária, com tempo útil recuperado e mais facilidade na organização da vida pessoal, resultando em menos estresse, mais autonomia e flexibilidade. Pesquisas internas recentes já demonstraram que a maioria dos colaboradores aprovam o trabalho híbrido.

O projeto ainda contempla como resultado de toda a transformação, a redução das emissões de CO2 de cada colaborador devido à redução dos deslocamentos até as unidades, deixando de utilizar o transporte e de emitir gases poluentes. Esse resultado reforça a abordagem de neutralidade de carbono do grupo, graças à redução do footprint de carbono, questão ambiental fundamental.

Pilares para a transformação

A implantação imediata deste projeto foi facilitada por algumas alavancas de aceleração,  principalmente devido à positiva experiência percebida com as novas formas de trabalho que surgiram durante a pandemia somada a oportunidade tecnológica, que com ferramentas de comunicação e colaborativas cada vez mais eficazes tornaram as novas formas de trabalho mais fluidas. Além disso, o novo paradigma pós-pandemia possibilita o uso de recursos e tempo de forma mais responsável.

A Stellantis acredita que o NEA veio para ficar e que criar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é o primeiro passo para definir uma nova cultura. Colocar a energia certa no lugar certo, na hora certa e utilizar os recursos da empresa e o tempo das pessoas com mais responsabilidade é a chave para um futuro sustentável.

Essa é uma forma de antecipar-se às mudanças sociais, ao mesmo tempo em que reforçamos nossa eficiência e agilidade.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Massimo Cavallo

Responsável pela área de Recursos Humanos da Stellantis na América do Sul desde outubro de 2021. Italiano de Turim, Massimo Cavallo estudou na Università degli Studi di Torino, graduando-se em Economia e Gestão de Negócios. Esta é a segunda passagem do executivo pelo grupo. Ingressou na Fiat em 1994 para atuar na Itália, Polônia, Argentina e Brasil, e também nas joint ventures estabelecidas em 2003 entre Fiat e GM nas áreas de Compras e de Powertrain. Massimo atuou como diretor de Recursos Humanos da Magneti Marelli para a América do Sul e After Market Global de 2019 a 2021. Antes desse posto, dirigiu o RH da Comau para a América Latina por sete anos, acumulando ainda, por dois anos, a posição de CEO da Comau na Argentina.

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