Legado e memória empresarial
Em momentos de fake news e também de muitas bad news é muito importante lembrar de bons exemplos e buscar referência positivas no nosso passado para servir como inspiração e nos incentivar na busca de soluções para momentos de crise, para realizar novos negócios, oferecer serviços inovadores e também impactar positivamente nossa autoestima.
Ao olharmos para o passado e redescobrirmos a história de empreendedores cujas marcas estão até hoje no mercado, mesmo tendo passado por diferentes crises ao longo dos anos, ficamos um pouco mais confiantes para enfrentar os desafios da nossa realidade diante de uma economia pós-quarentena e isolamento.
O que faz uma marca ter sucesso e se perpetuar pelo tempo é uma pergunta com muitas variáveis de respostas e de análise e eu arrisco dizer que a dedicação e a iniciativa dos fundadores e criadores de um negócio têm relevância e muito peso, enquanto exemplos de vida e comportamento, nessa longevidade. Quem empreende é, antes de tudo, uma pessoa visionária, uma espécie de bandeirante que abre caminhos até então inexistentes. Aquele tipo de pessoa batalhadora, que acredita no seu sonho e trabalha para que ele seja possível, vislumbrando oportunidades onde outras pessoas absolutamente nada enxergam. E o momento vai exigir empreendedores capazes de inventar ou reinventar negócios, ter iniciativa e coragem.
Nomes que fizeram história
Dedicados, ambiciosos e movidos pela força da livre iniciativa, realizadores como Valentim Tramontina, que em 1911 montou uma pequena ferraria na cidade de Carlos Barbosa (RS) e cujo nome tornou-se a referência para mais de oito mil empregados espalhados em dez fábricas no Brasil e unidades em outros países. De um pequeno negócio, hoje, mais de cem anos depois “o legado de Valentin permanece vivo nos produtos, na marca, nos valores, no clima de trabalho e, acima de tudo, na conduta diária de cada profissional da Tramontina. O resultado está em algo que vai além dos números: o prazer de fazer bonito” (segundo o site da Tramontina).
Outro nome que me ocorre é o da WEG. Colosso empresarial surgido a partir de três empreendedores que decidiram unir suas experiências e compartilhar um sonho. Werner Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus com paixão e trabalho, criaram a Eletromotores Jaraguá, em 1961. Nascida de um sonho de empreendedores visionários, a empresa passou a se chamar WEG, em alusão às iniciais de seus nomes. A marca, hoje, é reconhecida como uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo, avançando para o segmento da inteligência artificial e da internet das coisas. Atualmente, um negócio feito por mais de 30 mil empregados. De um sonho, uma grandiosa realização. De uma ideia de três visionários, uma marca global.
Outra marca centenária carrega o nome de seu fundador: Albino Souza Cruz. Se hoje a Souza Cruz pertence ao grupo BAT – British American Tobacco não custa lembrar que a sua trajetória começou aqui no Brasil, em 1903, fruto do empreendedorismo e da visão de seu criador. E mesmo que o cigarro seja considerado um vilão, a marca Souza Cruz se internacionalizou e até se associou com a estatal cubana Tabacuba, em 1995, atingindo sete mil pontos de vendas na ilha caribenha e ainda comercializando a famosa marca Hollywood, cuja publicidade marcou época no Brasil.
Ainda falando de empreendedores, eu não poderia deixar de citar também a marca cujo nome é sinônimo de amortecedores no Brasil. Em 1951, Abraham Kasinsky fundou a Companhia Fabricadora de Peças, mais conhecida pelo acrônimo Cofap. Acreditando na sua ideia de produzir componentes e autopeças no Brasil, Kasinsky construiu uma marca que perpetua seu valor percebido no mercado automobilístico.
Outros nomes também compõem esse texto e podem confirmar que a reputação dos fundadores é um legado valioso para a memória de empresas e inspiração para sustentabilidade de marcas de prestígio e admiração. Antonio Gonçalves e Oscar Salles, fundadores da Laticínios Aviação em 1920; Jacob Renner fundador das Lojas Renner em 1965, e ainda Milton Ponce, fundador da fábrica do Biscoito Globo, em 1953 – marca do aperitivo praiano que hoje é Patrimônio Cultural e Imaterial da cidade do Rio de Janeiro. Não importa qual o segmento, exemplos empresariais com legados inspiradores e longevos não nos faltam quando os queremos encontrar.
Lideranças atuantes e executivos de renome
Sempre digo em minhas palestras e aulas que basta buscarmos os bons exemplos do passado e também olhar mais atentamente para as marcas e as empresas existentes, para encontrarmos inspiração no trabalho de gente competente, disciplinada e cujo mérito merece ser aplaudido e louvado. Lideranças atuais como Luiza Trajano, do Magazine Luiza, na área de varejo e comércio; de Chieko Aoki, fundadora da rede hoteleira Blue Tree; Alexandre Tadeu Costa, da Cacau Show, e Sonia Hess, da Dudalina, no segmento de moda, entre centenas de empreendedores e empreendedoras que decidem “montar um negócio” e pela sua garra e dedicação, transformam pequenos negócios em marcas admiráveis, gerando empregos, prosperidade e que no futuro, também farão parte da memória empresarial cujo legado será a reputação associada à lembrança de seus nomes.
Dá prazer conhecer mais de perto, tanta história boa do mundo dos negócios deste nosso Brasil.
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