03 de abril de 2024

Gestão de crises e urgência climática: o “sempre fizemos assim” não serve mais

Acompanhamos no final de 2023 duas grandes crises, aqui no Brasil, que tiveram a urgência climática como pano de fundo: a morte da jovem Ana Clara Benevides no show da Taylor Swift, no Rio, num dia em que a sensação térmica beirou os 60 graus. E a falta de luz em São Paulo, que impactou milhões de pessoas durante dias, após intensos temporais na cidade.

Situações bem distintas, mas que reforçam reflexões importantes para qualquer setor:

1 – “Sempre fizemos assim e dava certo”
Esse não é mais um argumento válido depois que a crise se instala. Situações extremas e inéditas que estamos vivendo exigem novas soluções, especialmente novas ações preventivas para se reduzir riscos. Uma postura mais alerta e de flexibilidade e agilidade das organizações.

2 – Agir para ter o que comunicar
A comunicação não faz milagre. A nossa matéria-prima é a informação. Se a empresa age preventivamente ou reage com ações concretas, temos o que comunicar. Com isso, a empresa fortalece a percepção de sua determinação de evitar ou administrar o problema, estabelecendo uma conexão direta com as pessoas.

3 – Não existe vácuo na comunicação
Se a empresa não lidera a comunicação, outros ocuparão esse espaço para apontar falhas e reforçar as críticas. Conteúdos gerados pelas pessoas afetadas ocupam as mídias sociais, pautando a imprensa, num ciclo que se autoalimenta. A empresa precisa estabelecer um fluxo contínuo de comunicação, em diversos canais e formatos, que demonstre a sua determinação de resolver, as medidas adotadas e a evolução do cenário.

4 – E se fosse comigo?
A falta de empatia pode se tornar uma crise dentro da crise. Os afetados pela crise têm rostos e vozes. A empresa também precisa ter o mensageiro que vai demonstrar que a empresa se importa, que está presente e determinada a resolver/reduzir as consequências do dano. Esse é o caminho para se resgatar o elo de confiança que foi arranhado com a crise. Por outro lado, a postura de negação, o vácuo e a terceirização de responsabilidade só aumentam a temperatura. Empresas são feitas de pessoas e isso precisa ficar evidenciado especialmente nas situações de crise.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Carina Almeida

Jornalista e economista, Carina Almeida é presidente e fundadora da Textual Comunicação. Ao longo dos 28 anos da agência, Carina liderou projetos nos cinco continentes, sendo eleita Comunicadora do Ano pela Aberje, em 2016, título que se soma aos 49 prêmios nacionais e internacionais da Textual.

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