Geração Z no front para somar
Minha neta e sua turma chegam à maioridade: eles, nativos digitais; eu, na adolescência digital
E o convívio com esta geração não é conflituoso. As questões, preocupações e desejos são os mesmos, porém com outra roupagem. Quando juntos, nós queremos menos smartphone e mais atenção pessoal e eles querem uma relação mais virtual e rápida. Nós nos vestimos ditados pela moda e estética. Eles se vestem pela ideia e sentimentos vinculados à roupa e ao momento. Solteiros, estudantes e em busca de seu primeiro emprego. Nada diferente daquilo que já vivenciamos. Têm uma linguagem peculiar, mas isto é próprio de todas gerações. Até estilizam uns aos outros, como fazíamos quando nos preparávamos para uma festa. Como nós, aceitam o endosso de personalidades. Quando surge uma dúvida, não pensamos duas vezes para buscar a resposta no Google. As gerações contemporâneas têm em comum o desafio de selecionar o consumo diário e instantâneo de informações que chegam às toneladas e à velocidade da luz. Creio que os Baby Boomers e a geração X são mais estratégicos nesta seleção, enquanto Y e Z são as primeiras a consumir ou adotar as novidades. Próprio da idade.
A geração Z é contemporânea à Internet que se estabeleceu definitivamente na nossa vida a partir de 2000. Neste cenário, de 2004 a 2006, surgiram Web 2.0, o Facebook, o Youtube, o Twitter e, em 2007, o iPhone. Seguiram outras grandes transformações como o WhatsApp (2009), e, em 2011, o impacto da gig economy, como o Amazon Flex e o Uber, com base em plataformas geradas pelos empreendedores das geração X/Y. Em paralelo, nasceram novos conceitos na sociedade como o pluralismo familiar, a diversidade e a questão dos gêneros. A geração Z nasceu e cresceu neste ambiente virtual. Nós estamos nos adaptando. Aos trancos e barrancos ou com a facilidade de quem toma um copo d´água.
Recém lançado pela Kantar Millwardbrown, o estudo AD Reaction Gen X, Y, Z – o Brasil está entre os 36 países investigados – faz uma comparação da reação destas gerações à publicidade. Todas aceitam a publicidade na mídia offline com críticas já incorporadas, enquanto a geração Z se melindra quando os anúncios invadem seu espaço e interrompem sua rotina digital. Mesmo assim aprecia anúncios curtos com música e humor, e exige qualidade estética e design criativo. Outro estudo, Monster Multi-Generation Survey – 2016 (disponível para download aqui), analisa o possível comportamento e impacto da geração Z no mercado de trabalho. Recomenda ao empregador ter grande flexibilidade para o perfil percebido de um futuro profissional empreendedor, ambicioso, que trabalha em ritmo fragmentado – funciona com tecnologia integrada e é multifuncional – estuda, vê TV, posta e ouve música ao mesmo tempo. Tem mentalidade de resultados a curto prazo. A pesquisa descortina o que é imprescindível oferecer, pela ordem: seguro saúde, salário competitivo, respeito do/ao chefe, oportunidade de desenvolvimento pessoal, licença paternidade, possibilidade de experimentar outras funções na organização.
Acredito que as questões que mobilizam a juventude brasileira não são diferentes daquelas que envolvem um jovem europeu ou oriental. Com sua vida forjada na era digital, o espaço cibernético permite estar em dia com o que acontece no mundo e compartilhar conteúdos comuns e afins, on-line e on-time. A origem desta avançada tecnologia está na geração Baby Boomer, produzida e massificada pelas gerações X e Y. Portanto, é certo que as gerações preparam o caminho para as que virão e formam seu legado – princípios originais e inéditos, adequados ao seu momento. Por isso, não acredito que haja um descompasso de conteúdo ou de mídia na comunicação entre as gerações contemporâneas. Existem sim diferenças cronológicas, biológicas e técnicas. Não é fácil fazer com que as gerações mais novas aceitem o timing que move suas antecessoras, e vice-versa.
Estou convicta que para não haver enfrentamentos entre as gerações, a comunicação integrada continua sendo uma atividade imprescindível no processo de relacionamento. É importante que se busque o equilíbrio por meio de um diálogo conciliatório nos vários formatos da comunicação atual: uma comunicação de dupla mão, imediata, rápida, responsiva, interativa; conteúdo estimulante por meios off e on-line. E, segundo minha opinião, liderada pelas relações públicas cujo profissional é um promotor da harmonia, um negociador das boas relações na tormenta e na paz. Segundo o RP e prof. Dr. Manoel Marcondes Neto, “nenhuma formação executiva é tão visceralmente voltada à compreensão do outro”, como as Relações Públicas.
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