21 de novembro de 2023

ESG = “Eu sou a Governança”

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Sim, eu sei que ESG significa Enviromental, Social and Governance.

Tomei a liberdade de fazer esta interpretação livre a partir de um insight ao preparar uma palestra sobre ESG e ODS. Ao criar o roteiro me dei conta de que siglas podem ser apenas um punhado de letras, se não tiverem um real significado.

O movimento ESG ganhou força em 2020 quando o Black Rock, maior fundo de investimentos do mundo, publicou uma carta informando ao mercado que não investiria mais em empresas que não assumissem os princípios ESG. Por conta desse posicionamento estratégico, a sigla virou mantra e os temas de sustentabilidade e responsabilidade social migraram das áreas de recursos humanos, comunicação e afins para a alta liderança, ganhando novo espaço na pauta dos Conselhos de Administração.

Este movimento – há muito esperado por ativistas – ampliou esforços, compromissos e agilidade para colocar em prática a visão dos ODS e da Agenda 2030, que a sete anos do prazo cumpriu apenas 15% das metas esperadas, com dados cada vez mais alarmantes sobre a emergência climática e desiguladade. Segundo o Secretário-Geral das Nações Unidas: “Temos uma escolha. Ação coletiva ou suicídio coletivo. Está nas nossas mãos”. Sim, nas mãos de cada um de nós.

A governança é um princípio essencial em todos os aspectos da vida. É a estrutura que sustenta a ordem, a responsabilidade e a transparência. É a Governança que define regras, acordos e bases para a convivência humana. Mas, em vez de vê-la como uma entidade distante ou uma coleção de regras abstratas, a governança deve ser encarada de forma mais pessoal e direta. A proposta “Eu sou a Governança” nos lembra que cada indivíduo tem um papel vital na construção e manutenção de sistemas mais éticos e justos.

Nas organizações, a Governança Corporativa normalmente é entendida como uma instância de poder, distante e para poucos, mas, na verdade, as decisões tomadas na alta liderança precisam ser compreendidas e executadas por todos na organização e, atendendo os princípios da sustentabilidade, envolver ainda toda a cadeia produtiva. O entendimento de que Governança é problema de uma área específica, é sobre os “outros”, que “alguém está cuidando disso” ou “não tem nada a ver comigo” se torna um obstáculo para o protagonismo e a atitude cidadã.

É preciso compreender que a responsabilidade pela Governança começa com o indivíduo. Significa fazer escolhas éticas, agir com integridade e prestar contas por nossas ações. Cada decisão que tomamos, seja em nossa vida cotidiana ou em nossos negócios, é uma oportunidade para exercer governança. A responsabilidade não deve ser externalizada, mas sim internalizada. Fazer perguntas delicadas, estimular conversas difíceis. Questionar a si e aos demais o quanto estamos distantes do propósito e valores que pregamos.

Além disso, “Eu sou a Governança” ressalta que a governança não é exclusiva de instituições, empresas ou governos. Todos têm a capacidade e o dever de influenciar e melhorar os contextos em que estão inseridos. Isso pode incluir a participação cívica, a defesa de direitos, a promoção de justiça social e a tomada de decisões informadas.

Quando aplicado ao mundo empresarial, o conceito “Eu sou a Governança” significa que cada funcionário desempenha um papel crítico na cultura, na ética nos negócios e na conformidade com regulamentos. É um lembrete de que, em uma empresa, todos são responsáveis pela tomada de decisões que impactam não apenas os resultados financeiros, mas também a reputação, a responsabilidade social e seus efeitos no mundo.

Nos governos, a ideia de “Eu sou a Governança” implica que os cidadãos têm o poder de influenciar políticas, eleger líderes íntegros e responsabilizar seus representantes por suas ações. Cada voto e cada voz contribuem para a qualidade da governança.

“Eu sou a Governança” é uma chamada para que governança deixe de ser apenas um conceito distante, mas uma força que emana de cada indivíduo, moldando o mundo em que vivemos. A cada passo, escolha e ação, somos a governança, moldando nosso destino e o futuro de nossa sociedade. Ação coletiva ou suicídio coletivo?  Eu escolho e você também.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Vânia Bueno

Vania Bueno é comunicadora, palestrante e consultora em comunicação na governança, liderança desenvolvimento humano. É jornalista, mestre em Desenvolvimento Organizacional e ativista em Governança Corporativa. Empreendedora no setor de comunicação por 40 anos é também docente em cursos de pós graduação e formação para conselheiros.

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