26 de fevereiro de 2020

Aprendendo a pedir ajuda

Publicado originalmente no LinkedIn em 18 de agosto de 2019

Uma das principais metodologias utilizadas na comunidade de práticas internacionais Art of Hosting (A Arte de Anfitriar Conversas Significativas e Colher Resultados que Importam) é o Círculo.

Estar em roda é uma forma milenar de reunir as pessoas para uma boa conversa. Sentar em círculo requer qualidade de presença e de escuta, e nos permite nutrir a alma a partir do compartilhamento de experiências.

A prática do círculo trata de falar com intenção, escutar com o coração e cuidar do bem-estar do grupo. Nela, existem Princípios e Acordos – e é sobre um destes que quero falar: “oferecer o que puder dar e pedir o que precisar”.

Parece bastante óbvio, não é? Mas muitas vezes é tão difícil termos a consciência, em primeiro lugar, do que precisamos, para que então possamos fazer um pedido claro. Quando a responsabilidade é de fato compartilhada, para que possamos cuidar um do outro, o primeiro passo é que cuidemos de nós (“anfitrie a si mesmo”), olhando para nossas necessidades.

Pedir ajuda, talvez, não seja fácil, mas dá pra aprender. E aqui quero compartilhar uma dica de algo que aprendi lá no início de 2019. Existe uma “Estrutura Libertadora” chamada “Helping Heuristics”, que é justo sobre métodos progressivos para ajudar os outros, receber e solicitar ajuda. Nela, existem três papéis, o “dono do desafio”, o “ajudante” e o “observador”. Durante as rodadas, os padrões de resposta propostos são “presença silenciosa”, “descoberta guiada”, “provocação amorosa” e “atenção plena”. E outras estruturas que se concentram em dar e receber podem ser incorporadas ao processo.

Estava concluindo este texto quando vi, não por acaso, a edição de 16 de agosto de 2019, do Jornal Nacional, sobre uma pesquisa publicada pela Sociedade Americana de Psicologia que mostra que ajudar o outro não é exceção, é regra. Os pesquisadores se fizeram uma pergunta básica: “Eu vou receber ajuda se eu precisar?” Uma antropóloga da Universidade de Copenhague que coordenou a pesquisa concluiu que estamos disponíveis para assumir a responsabilidade pelo outro sem esperar nada em troca. Segundo ela, se for você a precisar de ajuda, o melhor a fazer é deixar claro.

A partir do convite para “oferecer o que puder”, é que me senti chamada a compartilhar aqui alguns insights sobre o AOH (Art of Hosting) e as LS (Liberating Structures, ou Estruturas Libertadoras). Tem sido muito rico e poderoso acessar metodologias e estruturas no meu dia a dia, com muitas possibilidades de aplicação nas organizações, com foco em abrir e sustentar espaços de conversa. E quando a gente não sabe o que fazer, é só pedir ajuda. Simples assim!

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Alessandra Becker

Apaixonada por Comunicação e por ferramentas de facilitação de grupos. Graduada em Comunicação Social (RRPP) pela UFRGS. Sócia fundadora da FALE Consultoras. Líder facilitadora de processos e pessoas formada pelo programa Germinar/EcoSocial. Membro das comunidades internacionais Art of Hosting e Dragon Dreaming. Mentora Organizacional formada pela Sociedade Brasileira de Desenvolvimento Comportamental. Facilitadora em Felicidade Interna Bruta FIB-Feliciência. Professora dos cursos de férias da ESPM-SUL desde 2017/I. Facilitadora do Grupo de Estudos de Comunicação e Ações Motivacionais e parceira de aprendizagem na ABRH-RS. Tem buscado inspiração em várias fontes, como a Comunicação Não-Violenta, Dragon Dreaming, Thinking Environment, Estruturas Libertadoras e Investigação Apreciativa, e procuro aplicar e vivenciar as práticas de facilitação no decorrer da jornada de comunicação nas organizações. Mãe do Pedro. Gêmea da Fá.

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