Anna Chala e seu legado de comunicação, amizade e afeto em 38 anos de Aberje
Anna Chala será sempre lembrada como uma pessoa de alegria contagiante e simplicidade ímpar. Ao longo de seus 38 anos de trabalho na secretaria da Aberje, essa húngara-brasileira, moradora de uma casa acolhedora e organizada na Lapa, onde gnomos decoravam o jardim, foi uma das figuras mais essenciais para que as coisas acontecessem na Associação, especialmente em tempos de poucos recursos, mas com uma grande força de espírito associativo.
Embora não tenha possuído diploma formal nas áreas de Comunicação, Jornalismo, Relações Públicas ou outras profissões da área, Anna possuía uma visão única e profunda da comunicação e das relações humanas, especialmente no contexto das empresas e instituições. Sua compreensão da importância desses elementos não se media por títulos acadêmicos, mas pela sabedoria prática e pela sensibilidade com que conduzia tudo à sua volta.
Em seu trabalho na Aberje, Anna Chala desempenhou múltiplas funções: foi secretária, embaixadora e relações públicas. Para as centenas de associados da Aberje, ela não era apenas uma funcionária, mas uma conselheira, uma mentora, uma amiga e até mesmo uma “head hunter” que sabia, como ninguém, identificar e conectar as pessoas certas no momento certo. Para todos que tiveram a particularidade de conhecê-la, Anna era mais do que uma profissional de excelência; ela era a alma da Aberje, sempre disposta a ouvir e a compartilhar sua visão.
Neste momento em que Anna nos deixa, muitos comunicadores – que marcaram a história da Comunicação Corporativa e das Relações Públicas nas últimas cinco décadas – se lembrarão com carinho de suas conversas com ela. Em momentos alegres ou difíceis, Dona Anna sempre teve uma palavra sábia, acolhedora e, principalmente, sincera. Um dos episódios que guardo com muito carinho ocorreu no final dos anos 1990, quando pude testemunhar uma conversa encantadora de Anna com o banqueiro Lázaro de Mello Brandão, em que ela se referia, com um sorriso, às “abelhinhas da comunicação do Bradesco”. O carisma de Anna tinha a capacidade de conquistar o tempo disputado dos mais poderosos empresários brasileiros, que, ao lado dela, não estavam apenas uma interlocutora, mas uma amiga que sabia ouvir e compreender.
Se Anna era um espelho da “importância da comunicação das empresas”, também era um colo para todos que a procuravam. Não estou exagerando: muita gente vai se lembrar, por toda a vida, de algum momento de conversa com Dona Anna. Foram 38 anos de conversas que marcaram muitas histórias, muitas realizações. Para os que gostam de quantificar, eu diria que ela foi a “Senhora do Diálogo”, e que, ao longo de sua jornada, somou milhares de horas de conversas preciosas com aqueles que cruzaram seu caminho.
Dona Anna era um espetáculo em sua forma de ser, de agir e de acolher. Se você não a conheceu, não sabe do que perdemos. Mas a sua presença, na sua simplicidade e generosidade, continuará viva em cada um de nós que teve o privilégio de conhecer o seu sorriso, a sua sabedoria e a sua imensa capacidade de conectar pessoas e corações.
A Aberje, e todos que dela fazem parte, têm um legado de comunicação, amizade e afeto construído por Anna Chala. Ela será para sempre nossa lembrança de como o simples, o genuíno e o acolhedor podem transformar o mundo.
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