Agilidade sem perder a qualidade: desafios da comunicação contemporânea
Neste mês, a convite da Aberje, comecei esta série de conteúdos sobre os desafios na atuação com comunicação em ASG atualmente. A coluna já trouxe um pouco sobre a visão de Karla Prado, do Pacto Global da ONU – Rede Brasil; e de Patrícia Marin, da Oficina Consultoria. Elas falaram, respectivamente, sobre os desafios de realizar trabalhos de comunicação sobre ASG. As conversas ocorreram em setembro, durante a Climate Week, na Sede da ONU, em Nova Iorque. E, agora, trago, aqui, a última conversa realizada lá. Falei com o fotojornalista Caio Guatelli. Ele reside em NY e trabalhou em mais de uma edição deste momento de debates sobre sustentabilidade, registrando personalidades políticas e corporativas que debateram o tema como apoio a assessorias de comunicação de empresas. Além disso, ele é jornalista experiente, atuando no mercado de comunicação desde 1996. Hoje, também é autor do blog Ciclocosmo ( www.folha.com/ciclocosmo ) do jornal Folha de S. Paulo. Já conquistou, no jornalismo, o Prêmio Folha de S. Paulo de Jornalismo 2008 e o Prêmio CCSP (Clube de Criação) 2012. E, bem recentemente, conquistou o Prêmio Aberje 2024, junto com o Banco do Brasil, por ter atuado em caso de sucesso justamente neste assunto da sustentabilidade em assessoria de imprensa, prestando serviço como fotógrafo. Confira, aqui, um pouco sobre a conversa.
Caio, quando surgiu a oportunidade de realizar um trabalho de comunicação na Sede da ONU, em NY, qual foi o maior desafio e como buscou superar?
Antes de dar a resposta, preciso esclarecer que sou um jornalista com uma carreira consolidada nas redações. Meu trabalho fundamental é investigar, analisar e transmitir informações de forma isenta, através da escrita e da fotografia, sobre temas relevantes à sociedade. Minha experiência como jornalista me dá condições para realizar trabalhos de comunicação de outra ordem, como a comunicação empresarial, com objetivos comerciais. Agilidade e qualidade na mensagem são pontos positivos que trago de minhas origens. Contudo, há um fator complicador nessa tarefa de me dividir entre o jornalismo e a comunicação comercial: não posso colocar em risco minha credibilidade como jornalista, nem posso colocar em risco a imagem de um cliente comercial. O ideal é ser fiel a um. Mas, dada a dificuldade de sobrevivência em meio à crise dos veículos de imprensa, preciso encontrar um equilíbrio. Para isso, antes de aceitar o convite para fazer a comunicação comercial, preciso checar se o passado e o presente do contratante não entram em conflito com os temas que abordo no jornalismo.
Quais dificuldades que imaginou que encontraria e que de fato encontrou? Como superou?
No trabalho que fiz para o Banco do Brasil durante a Semana do Clima de Nova Iorque, que consistia em gerar conteúdo de imagem dos executivos, eu imaginava que eventualmente poderia encontrar representantes de outras empresas ligadas aos assuntos que venho tratando nas minhas apurações jornalísticas. De fato aconteceu (de estarem nos mesmos ambientes de debates na Climate Week), e precisei saber separar as funções para não colocar em risco os resultados.
O que considera um dia de trabalho produtivo em um evento como esse?
Cliente feliz.
Qual o papel do comunicador na promoção das agendas do Pacto Global da ONU e qual dica daria para quem está começando ou deseja realizar um trabalho de destaque como este?
Como jornalista é abrir os olhos e elevar a crítica. Como comunicador comercial, mostrar o lado bom. No âmbito da comunicação por fotografia e vídeo, que foi o que fiz para o BB, sugiro estar antenado para formas de distribuir o conteúdo com agilidade. Usar sistemas que possibilitem a transmissão do conteúdo em “tempo real”, ou “ao vivo”, ajuda o cliente a suprir uma das maiores demandas da comunicação contemporânea: informar agora o que está acontecendo agora. O problema é alcançar essa agilidade sem perder a qualidade. Para resolver essa questão, é necessário conhecer as ferramentas, dominar a técnica e adquirir experiência no julgamento das qualidades da mensagem, na edição.
Confira aqui a primeira entrevista; e, aqui, a segunda, da série. Nos próximos dias, trarei um relato meu, sobre como foram esses trabalhos por lá. E, depois, seguimos com a coluna, com reflexões sobre assessoria de imprensa, gestão de risco de reputação, comunicação interna e integração de ferramentas. Até mais
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