21 de março de 2022

A transformação digital na comunicação

Inauguro este nobre espaço com um tema hoje recorrente nas reuniões com nossos clientes, mas que ainda caminha a passos lentos nas próprias agências de comunicação, a transformação digital. Quando comecei a ouvir a expressão transformação digital, imaginei que se tratava apenas de uma evolução digital de processos. Mas não, é algo mais complexo que exige um longo percurso de adaptação dos negócios para um mundo novo e mais exigente com valores diferentes do passado.

O primeiro impulso, ao começar a tratar de transformação digital dentro da empresa, é querer mudar tudo de uma vez, contratar ferramentas e substituir todos os modelos analógicos por tecnológicos. Porém, o mais importante é o passo anterior a esse, que se for suprimido vai comprometer todo o processo. A transformação digital exige uma avaliação criteriosa dos processos existentes em cada área e o apontamento claro de onde é necessário fazer mudanças. Empresas maiores e mais bem estruturadas normalmente são as que têm maior dificuldade em ir adiante com as transformações. A cultura da empresa se confunde com a resistência a velhos costumes que dificultam a aplicação de práticas mais adequadas ao mundo em que vivemos. Aí as startups levam vantagem, pois já nascem com processos tecnológicos inovadores, e são formadas por colaboradores que já têm incorporados em seus DNAs características opostas às das tradicionais corporações onde modelos ultrapassados estão arraigados. Esses colaboradores de startups fazem questão de ser disruptivos.

Para nós, comunicadores que trabalhamos com entrega de serviços, é muito mais difícil mensurar e apontar onde devem ocorrer as mudanças na jornada da transformação digital. Isso porque temos dificuldade de materializar os estágios de nosso trabalho intelectual. No fundo, a regra é clara para todos os segmentos: o costumer centric norteará sempre todas as nossas mudanças de comportamento. A percepção do cliente, até a entrega do nosso produto, deve ser satisfatória ou, preferencialmente, superior às expectativas depositadas ao fechar o negócio. Não importa se a entrega é uma barra de chocolate, um sabonete ou um media training. No final do dia, o importante é o cliente estar feliz e satisfeito com sua verba bem aplicada e resultados positivos expressivos no seu negócio.

Os recursos digitais se fazem presentes para facilitar nossas vidas, otimizam processos, possibilitam que trabalhemos cada vez mais em breves squads, dentro da Cultura Ágil, com respostas rápidas e mais assertivas. Na comunicação, a nossa capacidade analítica é, talvez, um dos ativos mais caros que temos a oferecer aos clientes. Por isso, a aceleração de processos que nos tomam tempo e não fazem parte do nosso core business certamente nos possibilitará despender mais horas para o que realmente interessa. Ou ainda mais horas para o descanso, imprescindível para o surgimento de ideias criativas, resolução de problemas aparentemente insolúveis ou para recarregar as energias.

Desde que o mundo é mundo, o novo traz medo. Foi assim quando a internet chegou, quando abolimos o fax ou quando aderimos às videochamadas na pandemia. A transformação digital chegou para ficar e jamais será estática, estará sempre em constante mudança acompanhando as ondas e necessidades do momento. E o grande segredo para que ela realmente dê certo está na gestão de pessoas. Boas lideranças acreditando na importância da transformação conseguirão adesões de time e, certamente, vamos ganhar em tempo e qualidade de entrega.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Cláudia Fernandes

Cláudia Fernandes é diretora-executiva da FleishmanHillard Brasil. Profissional com vivência de 15 anos em redações de jornais impressos, Cláudia Fernandes atua há outros 15 anos em comunicação corporativa. Sua experiência em agências de comunicação envolve atendimentos de clientes das áreas privada e pública, tanto em PR como em Digital e Business Intelligence. Liderou grandes equipes e tem vasta experiência em gestão de crise. Cláudia é formada em Comunicação Social pela PUC-SP.

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