A presença feminina na indústria automotiva
A Stellantis escolheu um modo pró-ativo de celebrar o mês da Mulher: anunciou a constituição do grupo Women of Stellantis, que reúne 3 mil integrantes de 26 países e trabalha para ampliar os esforços da empresa em ampliar a representatividade e o desenvolvimento das mulheres e garantir que as vozes, perspectivas e acuidade femininas estejam presentes nas estratégias de negócios e de produtos. O grupo reúne o acervo de ideias e boas práticas acumulado ao longo do tempo em ambas as empresas que, ao se fundirem, deram origem à Stellantis.
A pauta relativa às mulheres é extensa e diversificada, mas se organiza a partir de um propósito poderoso: até 2030, a Stellantis pretende ter mais de 35% dos cargos de liderança ocupados por mulheres. Este é um objetivo ambicioso em um setor que é tradicionalmente masculino, mas estamos avançando rapidamente. Em 2021, as mulheres já ocupavam 24% dos cargos de liderança global, o que representa um aumento de quatro pontos em relação à representação em 2020 nas empresas que se fundiram. Sem dúvida, um resultado decorrente de esforço legítimo na direção certa.
O Brasil se destaca neste projeto. A agenda de Diversidade & Inclusão na Stellantis é intensa e impulsionada por comitês temáticos, sendo que cada um deles conta com um diretor do grupo como sponsor. Isto amplifica o alcance dos debates e traz a pauta para o âmbito da diretoria, de modo a incorporar definitivamente D&I nas decisões estratégicas tomadas pelo grupo.
Sou sponsor do comitê de afinidade de gênero e isto representa para mim uma grande dose de respeito e responsabilidade. Respeito pela minha própria história e conquistas, e pelos líderes que me inspiraram e apoiaram na trajetória profissional de mais de 25 anos no setor automotivo. Responsabilidade porque tenho o compromisso de criar, em sinergia com o grupo Women of Stellantis e todos os stakeholders, políticas claras de equidade de gênero a curto, médio e longo prazos. Isto significa construir um ambiente cada dia mais favorável à presença das mulheres, no qual seu valor seja reconhecido, respeitado e estimulado. Esta é uma contribuição para uma mudança estrutural não só na empresa, mas na própria sociedade.
Ao longo de minha trajetória profissional e na condição de primeira mulher a liderar a Citroën na América do Sul, aprendi que é necessário adquirir e desenvolver as competências necessárias para a função. Mas é igualmente importante ficar atento para identificar e não se deixar influenciar por qualquer viés inconsciente que possa existir.
O preconceito é estrutural na sociedade e pode ser explícito ou não, mas não podemos permitir que bloqueie o caminho para nossas conquistas. Devemos investir em autoconhecimento: a mulher deve ter consciência de seu potencial, de suas habilidades técnicas e emocionais, de sua capacidade de liderar. O autoconhecimento traz a serenidade necessária à plena realização das potencialidades.
Já avançamos no universo corporativo, no qual a equidade de gênero já não é um tema em discussão, mas é um dado estruturante. Também é consenso que a Diversidade & Inclusão constroem empresas mais inovadores e competitivas, mais antenadas e conectadas com o consumidor, enfim, mais lucrativas e de reputação mais forte. Mas ainda é necessária explicitar e romper os vieses inconscientes, resíduos do preconceito estrutural. E fazemos isto sendo propositivos, trabalhando com foco no aumento da presença feminina em áreas tradicionalmente masculinas, como engenharia e manufatura, e todas as faixas hierárquicas, com desafio maior de aumentar sua expressão nas posições executivas e C-level.
Estamos avançando em direção a um ambiente em que a equidade de gênero não seja mais assunto em pauta, mas uma realidade na qual o potencial feminino não seja limitado pelo ambiente e cada um e cada uma possa expressar-se de modo autêntico, sem a necessidade de adequar-se a um padrão. A régua de avaliação profissional deve ser a capacidade e não o gênero, cor da pele, orientação sexual ou condição física.
Muitas mulheres inspiram pelo exemplo público, como Michele Obama e, Angela Merkel, outras ensinam através da História, como Joana d´Arc. Outras são exemplo íntimo e pessoal. Trago comigo o que aprendi com minha mãe, uma mulher à frente de seu tempo, que alargou seus horizontes através da universidade e do trabalho, expandindo seu espaço social. Sempre elegante, não venceu todas as batalhas, mas suas conquistas e suas derrotas ajudaram a construir minha visão de mundo e determinam ainda hoje muitas das minhas decisões pessoais e profissionais.
A Diversidade & Inclusão é uma pauta de toda a sociedade. Não se trata de uma competição de mulheres contra homens, mas de colaboração ampla e permanente. O ambiente inclusivo é a base do futuro de progresso harmonioso que queremos construir como legado e ponto de partida para as futuras gerações.
Destaques
- Prêmio Aberje 2024 anuncia destaques do ano: Comunicadores, CEO Comunicador, Mídias e premiações especiais
- Conecta CI promove integração e inovação na Comunicação Interna
- Comitê Aberje de Gestão da Comunicação e da Reputação Corporativas debate papel da Comunicação na gestão de crises
- Parceria inédita cria SPFC University, universidade com cursos de graduação e pós para a área esportiva
- Antônio Calcagnotto passa a integrar o Conselho Consultivo da Aberje
ARTIGOS E COLUNAS
Carlos Parente A comunicação precisa de um olhar menos vazioLeonardo Müller Bets no Brasil: uma compilação de dados e estimativasLeila Gasparindo A força da Comunicação Integrada: unindo Influenciadores e assessoria de imprensaAgnaldo Brito Diálogo Social e Comunicação Corporativa: A Construção do Valor na Era dos DadosHamilton dos Santos O esporte na mira da crise climática