02 de dezembro de 2014

A Comunicação Corporativa abraça os jornalistas

Não é de hoje que as redações estão minguando. Também não é recente a história de que o mercado corporativo está aberto aos profissionais de comunicação das mais distintas origens: além de jornalistas, publicitários, profissionais de RP, Rádio e TV, do Marketing, e também, por que não, de outras áreas acadêmicas. A Comunicação Corporativa, como vemos, é democrática. Mas cuidado: não é um jardim das delícias e não é pra qualquer um.

Lembro-me de que as agências de relações públicas que foram chegando ao País nos anos 50 e 60, acompanhando a indústria automobilística e as de outros setores que vinham dos EUA e da Europa, principalmente, começaram a utilizar os serviços de RP para lidar com a imprensa. Durante o regime militar não era muito fácil estar em uma redação e, pra falar a verdade, os profissionais de relações públicas e os jornalistas começavam a travar uma disputa por espaço nas empresas.

Provavelmente essa tenha sido a primeira vez que um jornalista começou a olhar o mercado corporativo como um possível campo de atuação para colocar em prática suas habilidades e conhecimentos. Mas foi no final dos anos 70, com uma greve por melhores salários, que os jornalistas enfrentaram a maior encruzilhada em massa de suas carreiras. Parte deles seguiu na tarefa de apurar, reportar, redigir e editar, mas outra parte, muito talentosa, não encontrando espaço em jornais, revistas, no rádio ou na televisão, optou por montar assessorias de imprensa ou desbravar com mais afinco a comunicação corporativa.

O filme, como podemos ver, se repete.

Em seu mais recente episódio, as empresas de comunicação tiveram de colocar mais gente no mercado, pois já não conseguem operar no modelo anterior. Enxugar tem sido a palavra de ordem. Ao mesmo tempo, como água que corre, os jornalistas estão encontrando outros espaços. A Comunicação Corporativa tem sido um dos mais promissores para suas carreiras.

Muitos questionam a posição da Comunicação nos organogramas, mas mesmo não fazendo parte do board, como grande parte das empresas tem trabalhado, a atividade de comunicação tem sido estratégica e gerado valor. E isso, sinceramente, não é o mais relevante, uma vez que é patente a sua importância. Tão importante que bons profissionais de imprensa estão apostando suas fichas nessa guinada. Não irão se arrepender. Pra comunicar bem é preciso de gente de ofício, que entenda do riscado.

A Comunicação Empresarial, além de ser nobre, apresenta um universo de novas possibilidades que só a redação não traz.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Luis Alcubierre

Luis Alcubierre é executivo de Comunicação Corporativa, Relações Institucionais e Governamentais há mais de 25 anos e hoje atua como conselheiro para a América Latina da Atrevia, agência espanhola de PR e Corporate Affairs, além de liderar o escritório Advisor Comm. É também palestrante, mediador e mentor. Formado em Comunicação Social pela FIAM, possui pós-graduação em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e MBA pela FIA-USP, com diversos cursos de gestão de liderança e negociação realizados em instituições como IESE, Berlin School of Creative Leadership, Columbia Business School, Universidad Adolfo Ibañez, Escuela Europea de Coaching, Fundação Dom Cabral, IBMEC e FGV. Foi diretor de Comunicação e Assuntos Corporativos de empresas como Kellogg, Pernambucanas e Samsung, onde teve responsabilidades adicionais pela Comunicação na América Latina. No Grupo Telefônica, assumiu a Direção Global de Marca e Comunicação da Atento em Madrid, na Espanha, sendo responsável pela gestão da área em 17 países. Passou ainda por Dow Química, TNT (adquirida posteriormente pela Fedex) e Rede (antiga Redecard), tendo iniciado sua carreira no rádio, nos sistemas Jornal do Brasil e Grupo Estado. Também foi membro do Conselho de associações ligadas às indústrias de alimentos, varejo, vestuário e mercado financeiro, onde teve importante papel negociador em distintas esferas de governo.

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