02 de agosto de 2017

David Ogilvy e a 11ª dica da escrita

Personagem Don Draper da série Mad Men (Imagem: AMC/Divulgação)
Personagem Don Draper da série Mad Men (Imagem: AMC/Divulgação)

Em 1982, o publicitário David Ogilvy, que teria sido a grande inspiração para Don Draper (da série televisiva Mad Men), enviou um memorando para todos os funcionários da agência com 10 dicas para escrever melhor. Tanta coisa aconteceu desde então, mas o conteúdo daquele comunicado interno continua válido, mesmo com a revolução digital e, principalmente, a era da economia da atenção.

As 10 dicas são (texto em inglês neste link):

1. Leia o livro de Roman-Raphaelson. Leia-o 3 vezes.

O livro mencionado chama-se Writing That Works (Escrita que Funciona, em tradução literal). Para se comunicar bem, não só escrever, ler é fundamental. O escritor Stephen King lê 70 livros/ano, Bill Gates, 50. Você ainda tem dúvida de que funciona?

2. Escreva do jeito que você fala. Naturalmente.

Não abra mão de quem você é, não se molde pelos outros, deixe sua marca. Só capriche no Português.

3. Use palavras curtas, sentenças curtas e parágrafos curtos.

Esse é quase um pecado capital. Por quê complicar? Torne a leitura ou a escuta mais fácil e prazerosa.

4. Não use jargões. Não seja um chato pretensioso!

Cuidado com termos técnicos e, principalmente, palavras e frases da moda. Exibicionismo não é sinônimo de inteligência.

5. Nunca escreva mais de duas páginas sobre o mesmo assunto.

O nível de concentração caiu de 12 para 8 segundos desde 2008, de acordo com o Statistic Brain.

6. Cheque as declarações.

A Clarice Lispector agradece. E o seu leitor também.

7. Nunca envie uma carta ou um memorando no dia em que escreveu.  Leia alto no dia seguinte e, então, edite.

Nada como um dia após o outro. Literalmente. Entre a produção e a entrega, existe a revisão. Ela faz mágica no seu texto e evita constrangimentos.

8. Se for algo importante, peça a um colega para incrementá-lo.

Não existe vergonha alguma em pedir ajuda. Às vezes, estamos tão viciados em um tema que não enxergamos erros, lacunas, perspectivas ou mesmo oportunidades.

9. Antes de enviar uma carta ou memorando, certifique-se que está claro o que você quer dizer ao destinatário.

A palavra escrita também tem entonação. Expressar-se adequadamente em e-mails, textos, mensagens do Whatsapp e até em posts do Facebook evita mal-entendidos, separações e até demissões.

10. Se você quer AÇÃO, não escreva. Vá e diga à pessoa o que você quer.

A tecnologia facilitou nossa vida, mas nenhuma comunicação é mais eficiente do que aquela feita pessoalmente. Somos, afinal, feitos de histórias e o olho no olho desperta a empatia, fortalece relacionamentos e constrói pontes.
E a 11ª dica? Bem, essa não foi escrita por Ogilvy, mas se faz cada vez mais necessária.

11. Tenha coragem: pratique!  

Qualquer forma de expressão exige superação. Pode ser que você tenha que reencontrar velhos fantasmas do vestibular chamados regência, concordância, ortografia etc. Pode ser que você tenha que enfrentar o medo de se expor, de apresentar suas ideias, de mostrar quem você é, de fracassar.

Só que não tem jeito: na vida e na comunicação, a gente só aprende errando.

Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor.

Tatiane Lima

Tatiane Ribeiro Lima é jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e tem MBA em Gestão da Comunicação pela Aberje ESEG. Observadora inquieta, é apaixonada pelos bastidores e por ajudar empresas e pessoas a contar a sua história. Escreveu para publicações como a Superinteressante e Revista da TAM e já trabalhou para companhias de pequeno, médio e grande porte em projetos que envolviam de IPOs e campanhas de guerrilha a Defesa do Consumidor e Crises de Reputação e Imagem.

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