CEO da Amil inspira empresas a se engajarem em programas de D&I
Primeiro executivo negro da companhia a ocupar o cargo máximo, Edvaldo Vieira, participou do terceiro dia do Aberje Trends e tem atuado fortemente por uma sociedade mais igualitária, destacando um plano anual com indicadores nas ações, que busca identificar novas lideranças negras
Com apenas 15 anos de idade, ele já sentia o peso de ser o filho mais velho de quatro irmãos ao perder o pai e passar a ajudar a mãe no sustento da casa. Agarrado ao ensinamento maior deixado pelo pai, a educação, Edvaldo Vieira começava ali uma trajetória cheia de dificuldades e desafios. Estudou em escolas públicas e começou a carreira como office boy no Banco Real. Atualmente, há cerca de um mês, ocupa a posição de CEO no Brasil da Amil. No terceiro dia do Aberje Trends, a conversa com o executivo, cuja trajetória é um exemplo de superação, abordou temas de comunicação, diversidade e inclusão. Promovido pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – Aberje, o evento apresenta as principais tendências em comunicação corporativa do Brasil e acontece de 5 a 8 e de 27 a 29 de abril.
Na visão de Edvaldo Vieira, todos têm capacidade a partir de uma oportunidade. “Um dos preconceitos que precisamos mudar é que pessoas de pele escura, os negros e os pardos, não têm capacidade intelectual para fazer parte do mundo executivo. Isso impacta na autoestima, muitos acreditam que não podem estar em determinados lugares ou posições”, ressalta. “A educação é a mola propulsora para nós que somos pretos, é sempre uma oportunidade e a motivação para lidar com a dificuldade, porque no final das contas tudo está na capacidade”, completa.
Vieira frisa que o grande gatilho para uma sociedade mais justa e igualitária é a educação, é estar preparado para as oportunidades, é procurar empresas que valorizem a inclusão e a diversidade. Na Amil, Diversidade & Inclusão formam o pilar estratégico da empresa, que globalmente conta com cerca de 38 mil colaboradores. “52% da população interna de pardos e negros estão na base. Quando você vai subindo os cargos esse número vai diminuindo, um reflexo da sociedade, de várias empresas do país, e embora tenhamos indicadores um pouco melhores, ainda está longe de ser o ideal”, avalia.
O programa de D&I da companhia teve início, de forma mais organizada, em 2018 começando com programas internos para apoiar e conscientizar as lideranças. “Falamos muito de inclusão, de como preparar a liderança para receber essa diversidade. O segundo aspecto foi trabalhar em ações intencionais como a contratação de empresas especializadas para criar o nosso programa. Temos uma gerência de inclusão e diversidade e um plano de ação com um calendário anual. Atualmente, a empresa conta com seis grupos de afinidade com a participação de mais de 200 colaboradores, 75% mulheres. “Desde 2020, começamos a estabelecer indicadores para que nossas ações possam trazer resultados e um dos nossos principais objetivos é aumentar a diversidade nos cargos de liderança”, revela.
O executivo acredita que a comunicação nas organizações é primordial. “Eu acredito muito nos especialistas e ainda mais quando nosso time de especialistas em comunicação trouxe, no começo da pandemia, um arsenal de ferramentas, dicas e orientações para que eu melhorasse a minha comunicação com todos os públicos. Agradeço a essa equipe maravilhosa”.
Por ter atuado nos Estados Unidos, que cultua a valorização das liberdades individuais, Vieira conta que percebe diferenças nos desafios de comunicação da liderança “Ainda hoje, em nossas reuniões globais, percebo claramente a necessidade de adequar a comunicação quando falamos com nossos times aqui no Brasil e quando conversamos com eles, temos que ser muito mais pragmáticos focados no assunto, sem aquele nosso jeito latino, mais caloroso com as pessoas, principalmente com os especialistas que nos ajudam a entender como o outro vai receber a sua mensagem”.
No aspecto ambiental em que as empresas cada vez mais são cobradas quanto a sua contribuição para a sociedade. “Isso vai impactar de alguma forma, no mundo capitalista, os indicadores financeiros das empresas; aqui no Brasil as empresas estudando qual será o indicador desse capítulo, eu acho isso super importante, que tangibiliza essa cobrança da sociedade nas empresas em relação ao propósito e sua contribuição para a sociedade.
Sobre o Aberje Trends
Em sua 5ª edição, o Aberje Trends é um dos maiores eventos sobre as principais tendências em comunicação corporativa do Brasil, promovido pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial – Aberje. Este ano, a programação foi reformulada para se adaptar ao novo contexto da pandemia e acontecerá de forma totalmente online, em horários pensados para se adequar à rotina de trabalho dos participantes. A 5ª edição, Aberje Trends – Tendências de Comunicação, será realizada entre os dias 05 e 08 e de 27 a 29 de abril.
Esta edição conta com o patrocínio da Basf, CCR, Coca-Cola Brasil, CPFL Energia, General Motors, Itaú, LATAM Airlines, LexisNexis, McDonald’s, SAP; tem apoio da CNH Industrial e media partner do Estadão.
Aberje Trends 2021
Data: de 5 a 8 (das 18h às 19h) e 26 a 29 de abril (das 17h às 19h)
Valores: de R$600 (não associados) a R$300 (associados)
Programação: no site da associação
Inscrições: aqui
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